Economia

CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS CONQUISTAM RESPEITO DA SOCIEDADE

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| 03/06/2010 às 20:11

Em todo o Brasil o dia 7 de junho é lembrado pelo MNCR como Dia de Luta dos Catadores. Em atividade desde os anos 50, os catadores de materiais recicláveis viveram excluídos socialmente os anos 2000, além de serem continuamente explorados, de um lado, por empresas de ferros-velhos e de outro por grandes empresas de reciclagem. Hoje, contudo, os catadores começam a conquistar o respeito que merecem, isso em função da persistência e esforço de sua luta. O 7 de junho foi o março de união dos catadores em todo o Brasil sendo o dia em que aconteceu a fundação do MNCR, no ano de 2001, em Brasília.


O dia lembra também a realidade de muitos catadores não organizados que ainda estão em estado de exploração por ferros-velhos.  Os exploradores abusam da falta de informação e usam de artifícios para manter os catadores dependentes, seja pela cobrança de aluguel de carrinhos, troca de trabalho por cestas básicas ou até mesmo a distribuição de álcool nos locais de trabalho.


A luta do dia 7 de junho vem no sentido de conscientizar a população e os catadores não organizados que a organização em redes de cooperação e comercialização são armas contra a exploração dos ferros-velhos e empresas de reciclagem.


Em diversas cidades do Brasil o dia 7 é marcado por cobranças ao poder público sobre o serviço prestado pelos catadores para a sociedade e a sua valorização. O MNCR luta pelo devido pagamento aos catadores pelo serviço que prestam. Um trabalho comprovadamente importante, porque diminui o volume de resíduos que vão para os aterros sanitários, contribuindo assim para a proteção do meio ambiente.


Número de cooperativas


Quinhentas cooperativas de catadores de materiais recicláveis já estão incluídas no Cadastro Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis, que começou a funcionar na internet em 7 de agosto do ano passado. O sistema online, inédito no país, foi desenvolvido em parceria pelo centro de informática da Usina Itaipu Binacional e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).


O Brasil possui cerca de 600 cooperativas formais, que reuniriam cerca de 40 mil catadores. O número de profissionais, entretanto, pode ser bem maior. Estima-se que existam no Brasil cerca de 800 mil catadores em atividade. Um número razoável de catadores não está organizado em grupos e trabalha individualmente.


Na Bahia, são cerca de 20 cooperativas.


A expectativa, porém, é que o número de catadores filiados a cooperativas cresça, do mesmo modo que a formalização de novos postos de trabalho se amplie, principalmente a partir dos dados do cadastro e a efetivação de alguns programas de incentivo ao setor, destacou.


Além de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), as cooperativas de catadores contam com incentivo para aquisição de infraestrutura de trabalho. Um desses incentivos é dado pela Lei 11.445, que trata da Política Nacional de Saneamento. Essa lei possibilita as prefeituras a contratarem organizações de catadores, tornando o seu trabalho mais regularizado.


A Caixa Econômica Federal também possui uma política de incentivo à atividade dos catadores por meio de programas de desenvolvimento regional. O MNCR negocia com o Ministério do Trabalho e Emprego recursos para investimentos em infraestrutura para as organizações.


O cadastro online reúne dados que vão subsidiar a formulação de políticas públicas de inclusão dos catadores em todo o país. A partir do funcionamento integral do sistema informatizado, será possível saber o número exato de catadores e seus dependentes que sobrevivem da coleta de materiais, onde estão localizados e se são alfabetizados ou não.


O maior contingente de catadores formais está na Região Sudeste. Por estados, São Paulo e Minas Gerais lideram o ranking nacional de cooperativas de catadores.