Economia

PROJETO DO SISTEMA VIÁRIO OESTE É DEBATIDO NA FACULDADE DE ARQUITETURA

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| 04/03/2010 às 19:25

O desenvolvimento do Estado a partir da implantação de um novo sistema viário que terá como elemento principal a Ponte Salvador - Ilha de Itaparica foi tema de debate entre governo e sociedade civil, nesta quinta-feira (4), na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia. O superintendente de Planejamento Estratégico da Secretaria estadual do Planejamento (Seplan), Paulo Henrique de Almeida, apresentou o projeto Vetor Oeste, que, para além da construção da ponte, pretende estabelecer uma conexão alternativa entre a capital, Recôncavo, Baixo Sul, Sul e Oeste baianos.


 "O Estado e a iniciativa privada, ao longo da história, fizeram uma opção pela expansão do eixo norte, com a construção da Avenida Paralela, da Estrada do Coco e da Linha Verde, como local de turismo e moradia. Dessa forma, a Cidade Baixa, o subúrbio ferroviário e as ilhas ficaram completamente abandonados", afirmou, destacando o estrangulamento turístico e a estagnação da economia nessas áreas.


O superintendente apresentou os números da renda per capita no Estado, comparando a Região Metropolitana de Salvador, com R$ 14.641, às ilhas de Vera Cruz e Itaparica, onde a renda é de, respectivamente, R$ 4.912 e R$ 4.027. "Nas nossas ilhas, 1/3 da população ainda vive de atividades extrativistas, com uma renda per capita inferior à média estadual, de R$ 7.787", informou.


Outra questão apontada por Almeida foi a dificuldade de operar o sistema ferryboat após a construção da ponte sobre o Rio de Contas, que tornou o trajeto entre Salvador e Itacaré cerca de 2h mais curto. “O aumento do fluxo agravou os problemas já existentes no sistema. O ferry, quando foi construído, em 1972, não foi pensado para funcionar como vetor de transporte de massa. E o aumento da frota não é uma saída porque o sistema opera com sazonalidade. Durante a baixa estação, as embarcações ficam ociosas”, apontou.


Questionado sobre os impactos ambientais, o superintendente destacou a migração da demanda para o Litoral Norte, que faz parte de uma Área de Proteção Ambiental que vem sendo destruída. “Quem poderia investir em turismo e moradia nas ilha, acaba investindo no Litoral Norte, que já está saturado de empreendimentos”.


Além de acadêmicos, moradores das ilhas, urbanistas, arquitetos e ambientalistas presentes no evento, participaram das discussões o historiador Ubiratã Castro, diretor geral da Fundação Pedro Calmon, o professor da Faculdade de Arquitetura Paulo Ormindo, e Carl von Hauenschild, membro do Grupo de Planejamento Urbanismo Arquitetura - Urplan.  Após intervenções favoráveis e contrárias a diversos aspectos do projeto do complexo rodoviário, o superintendente da Seplan sugeriu aos presentes a leitura do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), disponível no site da secretaria (seplan.ba.gov.br).


A publicação da PMI foi o primeiro passo para a realização de Estudos Preliminares de Viabilidade para a estruturação do projeto de construção e concessão do Sistema Viário Oeste. O Sistema engloba a ponte rodoviária ligando Salvador à Ilha de Itaparica, a duplicação da BA-001 na Ilha de Itaparica, a duplicação da Ponte do Funil e a duplicação das BA´s 001 e 046 entre Nazaré e Santo Antônio de Jesus (entroncamento com a BR-101).


Paulo Henrique de Almeida informou que as manifestações de interesse podem ser enviadas até o dia 14 deste mês. Após esta data, estudos preliminares serão feitos em 120 dias, seguidos de novos estudos, complementares, que serão realizados por uma consultoria, a partir deste ano. A consolidação das pesquisas será entregue em 2011 para, caso demonstrada a viabilidade, a realização de debates técnicos e audiências públicas que decidirão a conformação final do projeto.