Economia

ARRECADAÇÃO DE ICMS BAIANA FOI A QUE MENOS CRESCEU NOS ÚLTIMOS 3 ANOS

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| 25/02/2010 às 11:00
Sérgio Furquim é Auditor Fiscal da SEFAZ e diretor do IAF
Foto: DIV

Estudos realizados com base nos dados constantes no site do COTEPE apontam Bahia como o estado que teve o pior crescimento de arrecadação de ICMS dos últimos três anos (2007 a 2009), quem afirma é o Diretor de Assuntos Econômicos do IAF (Instituto dos Auditores Fiscais do Estado da Bahia), o auditor fiscal Sérgio Furquim.


Furquim, que também coordena o Núcleo de Estudos da Sefaz do Futuro, apresenta números em que a Bahia ocupa a 27ª posição no ranking nacional, com um crescimento nominal 17,88%, muito abaixo do obtido pelo estado de Roraima, com 58,53%, e abaixo de estados como Pernambuco e Maranhão, que obtiveram respectivamente 41,60% e 37,56%, no mesmo período.


O estudo, que tem por objetivo analisar as políticas públicas adotadas pelos governantes e o seu reflexo sobre a arrecadação dos diversos estados, apontam que a falta de investimentos em infraestrutura, aliado a baixa atração de investimentos privados foi o principal responsável pelo fraco desempenho da economia baiana.


A falta de planejamento fez com que a Bahia demorasse muito para engatar um sólido plano de desenvolvimento, fazendo com que perdesse espaço junto aos grandes projetos do PAC. É inadmissível que após ser considerado em 2008 o pior porto do Brasil pelo Centro de Estudos em Logística da UFRJ (http://www.bahiaja.com.br/noticia.php?idNoticia=7135), o Porto de Salvador voltasse a ser considerado novamente o pior, disse Sérgio Furquim.

Esse descaso com investimentos em infraestrutura portuária é um dos principais responsáveis pela baixa movimentação de contêineres que afunila o escoamento de cargas. É indiscutível que os investimentos de Pernambuco no Porto de Suape fizeram toda a diferença em favor do estado vizinho, afirmou do diretor do IAF.


Também estados que adotaram tratamento diferenciado aos seus contribuintes tiveram um crescimento muito maior do que a Bahia, citando como exemplo os estado de Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, tratados como vilões da guerra fiscal e que tiveram crescimento acima de 42% nos últimos quatro anos, avalia Furquim.


O estudo mostra, também, que estados com arrecadação historicamente superior a da Bahia, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná, com variação entre 35,85% e 27,71%, tiveram taxas de crescimentos bem maiores no mesmo período, afastando cada vez mais a possibilidade da Bahia vir a alcançar a 5ª posição em arrecadação de ICMS no ranking nacional. Segundo Furquim, em 2006 a arrecadação do Paraná era pouco mais de R$ 650 milhões superior à da Bahia, em 2009 essa diferença saltou para R$ 2.155 milhões, valor superior ao dobro de todos os investimentos realizados pelo governo baiano em 2009.


Segundo Furquim, através de um estudo detalhado do conjunto das medidas editadas pelas secretarias de Fazendas dos demais estados da Federação, poderá saber se com precisão a causa do baixo desempenho da arrecadação baiana, bastante afetada pelos problemas que ocorreram nos últimos anos na Sefaz e pela falta de experiência da equipe que geriu a pasta fazendária.


Contudo, para o coordenador do Núcleo de Estudos da Sefaz do Futuro, Sérgio Furquim, o grande responsável pelo baixo crescimento econômico baiano nos últimos quatro anos, foi, sem dúvida alguma, a falta de investimentos públicos. A crise econômica mundial não pode ser usada como desculpa para tudo, pois, enquanto a Bahia teve apenas R$ 902,70 milhões de investimentos do PAC em 2007 e 2008, o estado de Pernambuco teve mais de R$ 11 bilhões, conforme o balanço de dois anos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) divulgado pelo Governo Federal (http://www.estadao.com.br/especiais/o-balanco-do-pac,4294.htm). Sem dúvidas, os investimentos públicos impulsionam o desenvolvimento da economia local, pois geram emprego, injetam recursos e, quase sempre, estão relacionados com melhorias na infraestrutura e valorização da população, refletindo diretamente sobre a capacidade produtiva e, consequentemente, sobre o desempenho da arrecadação, afirmou o analista econômico do IAF.


Veja a íntegra do ranking elaborado pelo IAF:


Arrecadação de ICMS Estados Brasil 2006 e 2009

 

Comparativo do Desempenho dos Estados Nordeste - Valores Correntes em R$1.000

 

Crescimento nominal da arrecadação de ICMS entre 2006 e 2009.

  



  

Estado

2006

2009

%2006-2009

Posição




  

Roraima

221.393

350.981

58,53%

1

Piauí

1.068.984

1.587.307

48,49%

2

Amapá

287.867

417.907

45,17%

3

Mato Grosso

3.496.668

5.016.123

43,45%

4

Goiás

4.698.623

6.717.039

42,96%

5

Mato Grosso do Sul

3.009.798

4.278.743

42,16%

6

Pernambuco*

4.864.101

6.887.380

41,60%

7

Santa Catarina

6.168.784

8.528.361

38,25%

8

Maranhão

1.827.932

2.514.518

37,56%

9

Paraíba

1.532.786

2.100.909

37,06%

10

Pará

3.308.268

4.530.127

36,93%

11

Ceará

3.755.800

5.134.389

36,71%

12

São Paulo

57.788.447

78.506.539

35,85%

13

Rondônia

1.332.705

1.783.232

33,81%

14

Paraná**

9.263.658

12.298.814

32,76%

15

Alagoas

1.281.320

1.697.016

32,44%

16

Minas Gerais

17.018.048

22.348.797

31,32%

17

Espírito Santo

5.091.607

6.670.459

31,01%

18

Tocantins

722.275

938.135

29,89%

19

Rio de Janeiro

14.804.973

19.100.299

29,01%

20

Acre***

360.903

464.219

28,63%

21

Amazonas

3.359.633

4.316.387

28,48%

22

Rio Grande do Sul

11.813.298

15.086.671

27,71%

23

Rio Grande do Norte

1.913.540

2.417.496

26,34%

24

Sergipe

1.146.645

1.431.626

24,85%

25

Distrito Federal

3.316.431

3.995.036

20,46%

26

Bahia

8.604.177

10.142.841

17,88%

27

     

TOTAL

   172.058.664

   229.261.351

33,25%

 



  

* Dados retirados do site da COTEPE e complementados com dados

 

do site da SEFAZ-PE - www.sefaz.pe.gov.br paro os meses de outubro, 

 

novembro e dezembro de 2009


  



  

** Dados retirados do site da COTEPE e complementados com dados

 

da arrecadação de dezembro da SEFAZ-PR.

  



  

*** Dados retirados do site da COTEPE e complementados com dados

 

da arrecadação de agosto da SEFAZ-AC.


  



  

FONTE: COTEPE - Boletim do ICMS


  

http://www.fazenda.gov.br/confaz/boletim