Economia

AUDITOR COMENTA NÚMEROS APRESENTADOS PELA SEFAZ SOBRE ARRECADAÇÃO

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| 14/01/2010 às 20:28
 

Em relação ao texto publicado com o título: "MELHORA ARRECADAÇÃO ICMS EM DEZEMBRO AJUDA DIMINUIR PERDAS COM CRISE" (http://www.bahiaja.com.br/editoria.php?idEditoria=1)  venho prestar as seguintes informações:


1º) Em 11/02/2009, V. Sª. publicou matéria de minha autoria denominada: "AUDITOR FISCAL DIZ QUE QUEDA DO ICMS REPERCUTE DIRETAMENTE NA RCL" (http://www.bahiaja.com.br/noticia.php?idNoticia=13529), nesse artigo menciono que quando muito a arrecadação do Estado iria ter crescimento zero e mencionei que a tendência seria o Estado terminar o ano com gasto com o Executivo na ordem de 47,4% da RCL pela irresponsabilidade fiscal do Governo concedendo aumentos acima do normal ao funcionalismo público em ano de crise internacional.


A previsão para crescimento zero da arrecadação estava baseada justamente em decréscimo no início do ano e acréscimo no final do ano. Portanto, a pequena melhora da arrecadação é algo totalmente previsível, no entanto, mesmo assim a perda de arrecadação tributária em valores nominais foi de quase 94 mi. em relação ao ano anterior.


O gasto com folha de pagamento do Executivo conforme site oficial até o mês de novembro ficou em 46,46%, acima do limite prudencial de 46,17%. No mês de dezembro esse gasto é acrescido com pagamento do 13º. Ressalto que o Governo da Bahia concedeu aumento da GF para o Grupo Fisco através da Lei 11.470 de 08/04/09 e até o momento não cumpriu com o pagamento desse aumento salarial, o que acredito não foi computado pelo Governo, caso essa informação for correta, o estouro do limite é maior do que o publicado.


2º) O texto publicado traz a seguinte informação: "Mesmo com os problemas enfrentados no decorrer do ano, a Bahia continua sendo o Estado que mais arrecada no Nordeste, superando em uma vez e meia o segundo na Região, além de ter a sexta arrecadação do país, aproximando-se cada vez mais do quinto colocado".


2.1) Caro redator, essa informação baseado nos relatórios publicados oficialmente não correspondem a verdade no que diz respeito aos trechos grifados. A Bahia não tem arrecadação de ICMS uma vez e meia o segundo na Região:


  • a) O segundo Estado da região nordeste que mais arrecada ICMS é Pernambuco e conforme quadro abaixo verificamos que em 2003 para cada real que a Bahia arrecadava, Pernambuco arrecadava R$ 0,5487, em 2006 essa relação subiu em R$ 0,5953 e agora (novembro/08 a outubro/10) a relação subiu e passou a ser R$ 0,7080.
  • b) O Ceará que é o terceiro Estado em arrecadação na região nordeste e em 2003 tinha uma relação de R$ 0,4526, em 2006 continuou praticamente estável em R$ 0,4530 e agora (novembro/08 a outubro/10) a relação subiu para R$ 0,5279.

Conforme verificamos esses Estados estão aproximando vertiginosamente da Bahia nesses três últimos anos e a relação é muito menor do que a publicada.


2.2) Também não é verdade que arrecadação de ICMS tem se aproximado cada vez mais do quinto colocado, conforme demonstro:


  • a) O Estado do Paraná é o quinto Estado em arrecadação e tinha uma relação de arrecadar R$ 1,1693 em 2003 para cada real arrecadado pela Bahia, em 2006 essa relação caiu para R$ 1,1361 e agora (novembro/08 a outubro/10) a relação subiu e distanciou bastante para R$ 1,2908.
  • b) O Estado de Santa Catarina é o sétimo colocado os dados são à partir de 2.004, cuja relação era de R$ 0,7812 para cada real arrecadado aqui, em 2006 caiu para R$ 0,7446 e agora (novembro/08 a outubro/10) subiu vertiginosamente para R$ 0,8815.
  • c) O oitavo Estado em arrecadação do ICMS é atualmente o Espírito Santo, cuja proporção em relação a Bahia era de R$ 0,5073 em 2003, em 2006 subiu para R$ 0,6199 e agora (novembro/08 a outubro/10) subiu para R$ 0,7216.
  • d) O nono Estado em arrecadação é Goiás e a relação com a Bahia em 2003 era de R$ 0,6317, em 2006 caiu para R$ 0,5576 e agora (novembro/08 a outubro/10) subiu para R$ 0,7020.

Os números são oficiais em relatórios publicados obedecendo a Lei de Responsabilidade Fiscal, portanto, são verdadeiros e demonstram que a Bahia está distanciando do quinto colocado e os demais estão se aproximando para tomar o posto que a Bahia ocupa (6º), principalmente, nesses últimos três anos.




Dados coletados nos sites oficiais - DEMONSTRATIVO DA RECEITA CORRENTE LÍQUIDA - LRF

ANO

PERNAMBUCO

BAHIA

%

VARIAÇÃO**



2003

3.134.601.000,00

5.712.367.000,00

0,5487




2004

3.628.096.000,00

6.625.528.000,00

0,5476




2005

4.277.778.000,00

6.877.127.000,00

0,6220




2006

4.828.508.000,00

8.111.106.000,00

0,5953

0,0466



2007

5.367.201.000,00

8.361.537.000,00

0,6419




2008

6.114.065.000,00

9.558.038.503,21

0,6397




2009*

6.551.549.000,00

9.254.168.365,29

0,7080

0,1127



 







ANO

CEARÁ

BAHIA

%

VARIAÇÃO**



2003

2.585.224.347,00

5.712.367.000,00

0,4526




2004

2.930.037.953,00

6.625.528.000,00

0,4422




2005

3.097.416.553,00

6.877.127.000,00

0,4504




2006

3.674.126.010,00

8.111.106.000,00

0,4530

0,0004



2007

3.867.112.252,00

8.361.537.000,00

0,4625




2008

4.536.557.445,00

9.558.038.503,21

0,4746




2009*

4.884.827.359,00

9.254.168.365,29

0,5279

0,0749



 







ANO

ESPÍRITO SANTO

BAHIA

%

VARIAÇÃO**



2003

2.897.949.000,00

5.712.367.000,00

0,5073




2004

3.670.195.000,00

6.625.528.000,00

0,5539




2005

4.535.689.000,00

6.877.127.000,00

0,6595




2006

5.027.829.933,40

8.111.106.000,00

0,6199

0,1126



2007

5.803.855.147,79

8.361.537.000,00

0,6941




2008

6.916.205.131,57

9.558.038.503,21

0,7236




2009*

6.678.160.943,19

9.254.168.365,29

0,7216

0,1018



 

 







ANO

SANTA CATARINA

BAHIA

%

VARIAÇÃO**



2003

não disponível***

5.712.367.000,00

#VALOR!




2004

5.175.747.000,00

6.625.528.000,00

0,7812




2005

5.777.082.000,00

6.877.127.000,00

0,8400




2006

6.039.789.000,00

8.111.106.000,00

0,7446

-0,0366



2007

6.755.137.000,00

8.361.537.000,00

0,8079




2008

7.759.849.000,00

9.558.038.503,21

0,8119




2009*

8.157.326.000,00

9.254.168.365,29

0,8815

0,1368



 







ANO

GOIÁS

BAHIA

%

VARIAÇÃO**



2003

3.608.729.000,00

5.712.367.000,00

0,6317




2004

3.831.706.000,00

6.625.528.000,00

0,5783




2005

4.078.903.000,00

6.877.127.000,00

0,5931




2006

4.522.539.000,00

8.111.106.000,00

0,5576

-0,0742



2007

5.311.182.000,00

8.361.537.000,00

0,6352




2008

6.342.450.000,00

9.558.038.503,21

0,6636




2009*

6.496.527.392,79

9.254.168.365,29

0,7020

0,1444



 







ANO

PARANÁ

BAHIA

%

VARIAÇÃO**



2003

6.679.675.000,00

5.712.367.000,00

1,1693




2004

7.763.904.000,00

6.625.528.000,00

1,1718




2005

8.707.026.434,83

6.877.127.000,00

1,2661




2006

9.215.119.423,12

8.111.106.000,00

1,1361

-0,0332



2007

10.057.293.916,18

8.361.537.000,00

1,2028




2008

11.696.064.893,79

9.558.038.503,21

1,2237




2009*

11.945.332.962,63

9.254.168.365,29

1,2908

0,1547










* Dados constantes de 11/2008 a 10/2009 - Período da crise mundial.



        

** Variação de 2006 menos 2003 (Governo anterior) e 2009 menos 2006 (Governo atual).

*** No site oficial da Secretaria da Fazenda de Santa Catarina não encontrei dados de 2003. (Helder Rodrigues)