Na análise do deputado, feita com base nos números do próprio governo, a perda de arrecadação do estado supera em mais de 100 milhões de reais anunciados pelo secretário Martins, totalizando valores que se corrigidos podem chegar a mais de meio bilhão de reais. "uma verdadeira lástima", assinalou o deputado.
- Enquanto as despesas de custeio subiram mais de 16% a arrecadação caiu em 2009, algo em torno de 6,95%, e só com a ajuda do Governo Federal a Bahia conseguirá pagar suas contas. Isso é sinal que alguma coisa tá errada, disse o deputado. O secretário da Fazenda do Estado do Ceará conseguiu através de um REFIS recuperar mais de 300 milhões em créditos tributários que pareciam perdidos, enquanto isso a Secretaria da Fazenda da Bahia não fez, nem faz nada, preferindo aumentar a carga tributária do material escolar em pleno período de retorno às aulas. Quero pensar que tudo isso é um mal-entendido, pois não acredito que agora o secretario da Fazenda Carlos Martins vá querer sobrecarregar ainda mais a população com mais este aumento de carga tributária para compensar a ineficiência de sua gestão, afirmou Gaban.
Segundo Gaban, se o governo tivesse aceitado a sugestão do IAF (Instituto dos Auditores Fiscais da Bahia) e implantado um programa de anistia dos tributos estaduais teria evitado colocar o Estado da Bahia na corda bamba do cumprimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, dando a entender que há um descontrole no custeio da máquina pública, afirmou.
Mas é no campo dos investimentos públicos que o governo Wagner mereceu maiores críticas do deputado de oposição. Para ele, enquanto estados como o Pernambuco e Ceará colhem os frutos de uma política desenvolvimentista, baseado em pesadas obras de infra-estrutura, a Bahia ainda tateia com o Porto Sul, que até agora sequer pode ser considerado uma realidade. Para ele a ponte Salvador-Itaparica às vésperas das eleições soa como um factóide, e possivelmente inaugura uma série de "obras virtuais" do governo Wagner. Ele lembrou que esta técnica não é nova, e que Salvador já teve um bonito metrô de superfície publicado nas páginas centrais do Jornal A Tarde na década de 80, a única diferença é que agora as ilustrações são divulgadas pela internet, disse.
Dando continuidade ao raciocínio, Gaban lembrou que em apenas dois grandes projetos industriais em construção em Suape - a Refinaria Abreu e Lima e o Estaleiro Atlântico Sul - o estado de Pernambuco obteve desembolsos do BNDES no Nordeste, ente o período de janeiro a outubro, investimentos públicos que ultrapassaram 18,2 bilhões de reais, valor equivalente a 17% dos desembolsos totais do banco no período. Para o ano de 2010 estão sendo esperados mais 25 bilhões de reais investidos para a conclusão e ampliação das obras, que agora deverá contar com um moderno Terminal Açucareiro, impulsionado pelo crescimento do agronegócio na região.
Lembrou ainda Gaban, que historicamente, a Bahia, Pernambuco e Ceará sempre concentraram em torno de 80% dos financiamentos do BNDES no Nordeste, com presença eventual mais ou menos forte, de um ou outro Estado, dependendo de algum projeto específico. Contudo o que vimos nos últimos anos, especialmente em 2009, é que Pernambuco, com 65,12% do total até outubro (R$ 11,85 bilhões) trocou de lugar com a Bahia, estado que sempre recebeu historicamente metade das aplicações do banco na região e que este ano conseguiu apenas 13,6%.
O novo programa de investimentos anunciados recentemente pelo governador Jaques Wagner, no último ano de seu governo, soa cínico e tardio, já que tem plena consciência de que nada ficará pronto até o fim de 2010 e a Bahia amargará um atraso de quase quatro anos em relação aos demais estados que se planejaram de maneira competente.