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Secretário Roberto Muniz, em Itaberaba, no Seminário sobre Cultura do Abacaxi
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Principal referência da Bahia na cultura do abacaxi, o município de
Itaberaba e região serão destacados no plano estratégico da Secretaria da
Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária, Seagri, como aptos para receber
recursos para investimentos do Banco do Nordeste do Brasil e do Banco do
Brasil.
A informação foi prestada pelo secretário Roberto Muniz durante
seminário promovido em Itaberaba pela Seagri através da Agência de Defesa
Agropecuária do Estado da Bahia, Adab, no Auditório do Colégio Modelo Luiz
Eduardo Magalhães. Lembrando a frase " brasileiro, essa terra tem futuro
com o abacaxi", que era dita com entusiasmo, há anos, pelo ex-prefeito da
cidade, Miguel Brito, já falecido, Muniz desafiou os produtores a dobrar a
área plantada e o faturamento.
"O abacaxi é o caminho para essa região, mas precisamos diversificar as culturas", avaliou o secretário. "Nosso objetivo é dar sustentabilidade à agricultura familiar. O pequeno produtor é importante. Pretendemos dobrar a produção do abacaxi na região,
expandir para municípios vizinhos e buscar o selo de qualidade", declarou
o secretário da Agricultura.
A cultura do abacaxi em Itaberaba ocupa hoje quatro mil hectares de área
cultivada, com aproximadamente dois mil produtores. A atividade gera cerca
de seis mil empregos diretos e indiretos, com receita anual de R$ 60
milhões. "A cultura do abacaxi é uma alternativa para geração de emprego
e renda na região, queremos ampliar a área plantada, garantindo
capacitação e assistência técnica aos produtores, mas sem deixar de
diversificar, abrindo espaços para outras culturas", disse o secretário
Roberto Muniz.
FÁBRICAS
Ele defende ainda a verticalização da cadeia produtiva, apontando o
caminho da industrialização com a implantação de fábricas na região.
"Temos que estrutura a produção, pensar numa fábrica na região para
verticalizar o processo e agregar valor à cadeia produtiva, e focar no mercado
internacional", disse ele.
A Bahia é o maior produtor de frutas frescas do país e ocupa o 4° lugar na
produção nacional do abacaxi. O Pará lidera o ranking, seguido da Paraíba
e Minas Gerais. O município de Itaberaba, localizado a 266 km de Salvador,
no semi-árido baiano e na região do Rio Paraguaçu, e a cidade de Coração
de Maria, a 114 km da capital, respondem por mais de 65% da produção de
abacaxi em toda a Bahia, sendo essa cultura o principal sustento econômico
da região.
Em visita à Fazenda Itagiba, que tem 30 hectares plantados, o secretário
Roberto Muniz conheceu de perto as fazes de produção do abacaxi,
acompanhado por lideranças locais e pelo presidente da Cooperativa dos
Produtores de Abacaxi de Itaberaba, Valdomiro Vicente Victor.
"Esse é um momento muito importante para Itaberaba, pois o secretário tem visão
ampliada do trabalho que está sendo feito na região", disse ele.
Para o técnico Nelson Matias, que representou o prefeito de Itaberaba,
João Almeida Mascarenhas Filho, na abertura no seminário, "a presença do
secretário estadual da Agricultura em nosso município sinaliza a
sensibilidade e compromissos ainda maiores do governo para enfrentar os
novos desafios para desenvolver a atividade de forma sustentável".
Ele destacou a necessidade de que haja mais integração com a Biofábrica de
Cacau, onde estão sendo produzidas mudas de qualidade do abacaxi Imperial,
resistente à fusariose, principal ameaça à lavoura de abacaxi no Brasil. A
Biofábrica está desenvolvendo um jardim clonal para produzir mudas da
variedade Vitória, criada pela Embrapa, também resistente à fusariose.
Esta variedade dispensa o uso de fungicidas para o controle da doença,
possibilitando a redução do impacto ambiental e dos custos de produção por
hectare.
Controle da fusariose
O seminário, que teve a participação de Armando Sá Nascimento Filho,
diretor de Defesa Sanitária Vegetal da Adab, de técnicos da EBDA, do
presidente da Biofábrica de Cacau, Moacir Smith, representantes da
Embrapa, Sebrae, produtores rurais e agricultores familiares dentre
outros, debateu sobre os desafios e perspectivas da cultura do abacaxi,
produção de mudas sadias, manejo do abacaxizeiro, controle da fusariose,
defesa fitossanitária, indução floral e a agroindustrialização.
O evento contou com a parceria da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola, EBDA,
das prefeituras municipais da região, cooperativas, instituições
financeiras e associações.
Segundo Armando Sá Nascimento Filho, a Adab realiza várias ações,
garantindo a sanidade vegetal para aprimorar a produtividade da cultura do
abacaxi. "A agência promove o controle da fusariose em todo plantio de
abacaxi no estado e a fiscalização de trânsito, impedindo a entrada dessa
praga, auditorias em propriedades produtoras de abacaxi e realização de
encontros técnicos com produtores", explica.
A fusariose é a doença mais grave do abacaxizeiro, provocando danos no
ciclo produtivo da inflorescência até a produção dos frutos, podendo
infectar 40% das mudas. Dessas, a metade morre antes de atingir a fase de
floração.
Trabalhar para garantir a sanidade e qualidade dos frutos é
responsabilidade de todos, conforme disse o secretário Roberto Muniz.
Sanidade, se não for trabalho de todos, pode afetar a todos. Não há
espaço para amadorismo. Os mercados são exigentes. Temos que atender a
esse grande desafio, fortalecer a instituição e buscar novos mercados,
disse.