O MPF divulgou que denunciou na última sexta-feira (4) Daniel Dantas e mais 13 pessoas pelos crimes de formação de quadrilha, gestão fraudulenta, gestão temerária, evasão de divisas e lavagem de dinheiros. Entre os acusados estão funcionários do Opportunity e pessoas que prestavam serviços ao grupo.
Segundo o MPF, são dois os contratos investigados, no valor de R$ 25 milhões cada, com as empresas DNA e SMP&B. A irregularidade foi detectada em auditoria realizada no banco, segundo a Procuradoria.
A nova denuncia do MPF foi obtida após investigações do inquérito principal da Operação Satiagraha, feito pelo delegado Protógenes Queiroz, agora afastado, e seu substituto no processo, Ricardo Saadi.
"Estamos convencidos que a Brasil Telecom enviou dinheiro a duas empresas de Marcos Valério no valor de R$ 50 milhões e isso constitui um ato de gestão fraudulenta", disse o procurador Rodrigo de Grandis, responsável pela denúncia.
O procurador informou que pediu ao STF dados sobre o processo do mensalão para analisar se há ligação entre Dantas e a tentativa de distribuir parlamentares da base aliada para votarem a favor do governo. "Estamos convictos de que houve uma tentativa de aproximação com o governo", afirmou.
Grandis disse ainda que o Opportunity é um "dos mais complexos casos de organização criminosa empresarial" que já investigou. Pela denúncia apresentada à Justiça Federal, Dantas pode ser condenado a até 31 anos de prisão.
Outro lado
O advogado de Marcos Valério, Marcelo Leonardo, disse ao G1 ainda não ter tomado conhecimento das novas denúncias dos procuradores. No entanto, segundo ele, contratos entre a Brasil Telecom e as empresas SMP&B e DNA Propaganda, das quais Valério era sócio, foram objeto de investigações desde a CPI dos Correios. Segundo ele, em todas, concluiu-se que não houve irregularidades nos contratos.
"As empresas de telefonia celular são grandes anunciantes do Brasil há muito tempo. Esta é uma atividade intensa do setor. Desde a época da CPI dos Correios, esses contratos foram questionados nos inquéritos que se desdobraram, tanto pela CPI, quanto pela Polícia Federal e Ministério Público. Pode ser que os procuradores de São Paulo não tenham conhecimento disso tudo", disse.
Novos inquéritos
Além da denúncia, o MPF pediu a abertura de três novos inquéritos. Um deles, para investigar pessoas que ainda não foram denunciadas.
Outro inquérito é para investigar a compra da Brasil Telecom pela Oi. O procurador afirmou que quer se certificar da lisura da operação "dado o histórico do grupo Opportunity". "Pode-se constatar que não houve irregularidade [na transação], daí arquiva-se o inquérito."
O terceiro inquérito é para investigar se investidores do Opportunity Fund cometeram crime de evasão de divisas ao ocultar recursos no exterior sem declarar ao sistema financeiro nacional.
Entre as testemunhas da nova denúncia, apresentada pelo MPF, o procurador citou o ex-ministro Roberto Mangabeira Unger, que não é investigado. Mangabeira, segundo o procurador, deverá explicar sua função como representante do Opportunity nos Estados Unidos.