Economia

AINDA SEM EFEITOS DA CRISE, PIB CRESCE 6.8% NO TERCEIRO TRIMESTRE

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| 09/12/2008 às 10:40
   0 Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 6,8% no terceiro trimestre de 2008 na comparação com o mesmo trimestre de 2007, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o segundo trimestre de 2008, o crescimento registrado foi de 1,8%, na série com ajuste sazonal, apontou o órgão.

  "O terceiro trimestre deste ano ainda não teve os efeitos da crise refletindo no PIB, por isso esse crescimento. Mas, é provável que no quatro trimestre já teremos conseqüências", afirmou a gerente de contas nacionais do IBGE, Rebecca Palis.

Segundo o instituto, os destaques na comparação do terceiro com o segundo trimestre foram a indústria, com crescimento de 2,6%, a agropecuária, com elevação de 1,5%, e serviços com aumento de 1,4%.


  O consumo das famílias cresceu 2,8% no terceiro trimestre ante o segundo. A formação bruta de capital fixo - uma medida dos investimentos - avançou 6,7% na relação trimestral e 19,7% ano a ano. Esse aumento, segundo o IBGE, é "explicado principalmente pelo aumento da produção interna e da importação de máquinas e equipamentos".


  A taxa de investimento do país atingiu 20,4% do PIB no terceiro trimestre, a maior da série histórica.


  Em valores, a soma de todas as riquezas produzidas no País chegou a R$ 747,3 bilhões no último trimestre, informou o instituto.


  No resultado do acumulado do ano (1º ao 3º trimestre), na comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento do PIB brasileiro foi de 6,4%. Já na comparação do acumulado dos últimos quatro trimestres, em relação aos quatro imediatamente anteriores, a expansão foi de 6,3%, apontou a nota do IBGE.


Ainda sem
efeitos da crise


Apesar de destacados como positivos, os números do PIB brasileiro foram recebidos como "retrato do passado" por analistas.


"Infelizmente, esses números excelentes, muito melhores do que qualquer um podia imaginar, são um retrato do passado. O que está acontecendo agora não é tão agradável. O que está havendo é uma parada brusca, não uma coisa suave. Normalmente a curva do PIB é algo suave e agora parece ter havido um degrau, uma contração muito forte", disse Joel Bogdanski, consultor de análise econômica do Itaú.


"O resultado do PIB reflete uma situação bastante diferente da conjuntura macroeconômica mundial, cujo ponto de inflexão pode ser datado em meados de setembro, com o episódio da quebra do Lehman Brothers e todo o efeito 'bola de neve' que gerou desde então", explicou a LCA Consultoria em relatório divulgado após o anúncio dos resultados.


"O fato é que já neste quarto trimestre o desempenho da nossa economia se mostrará bem mais fraco, como já sinalizado pelos dados da indústria em outubro e por outros indicadores de novembro (como a sondagem conjuntural da FGV e os números da Anfavea, dentre outros)", completaram os analistas da LCA.


Revisões


Também nesta terça-feira, o IBGE revisou, para cima, o resultado do crescimento do PIB do País em 2007. Segundo os dados do órgão, a expansão no ano passado foi de 5,7%, acima dos 5,4% anunciados anteriormente.


O IBGE revisou também o desempenho econômico do Brasil no primeiro trimestre deste ano. O PIB, segundo os novos dados, cresceu 1,7% entre janeiro e março de 2008 na comparação com o último trimestre de 2007, bem acima do 0,8% informado inicialmente.


Já a expansão do segundo trimestre sobre o primeiro trimestre deste ano foi mantida em 1,6%.