Economia

CIDADES DO EXTREMO SUL DA BAHIA CERCADAS DE EUCALÍPTOS E SEM RENDA

A situação é crítica. A monocultura está levando as populações rurais, sem qualificações, para as áreas urbanas.
| 22/10/2007 às 16:32
Empresas querem expandir plantação de eucalíptos para 800 mil hectares (Foto:G)
Foto:
  O cultivo das florestas artificiais de eucalipto está avançando na região do extremo sul do Estado sem qualquer controle dos órgãos estatais, já havendo casos de cidades completamente sitiadas, com a população toda vivendo confinada na zona urbana, sem perspectiva de emprego e renda.  

  A questão teve origem com a atração, em meados da década de 1990, pelo Governo do Estado, de indústrias de celulose, as quais tiveram permissão para travar verdadeira guerra visando, cada uma, alcançar a maior área plantada.


  Oficialmente, o CRA concedeu licenças que totalizaram cerca de 230 mil hectares, mas as empresas nas suas exposições publicas de desenvolvimento de negocios afirmam que alcancaram um total de 580 mil hectares de áreas plantadas.
 
  Mas, não param por ai, pois já se movimentam para obter licenças visando o  plantio de mais 220 mil hectares, chegando ao numero impressionante de 800 mil hectares.

  CORRIDA

  Nessa corrida, só está sobrando os parques de preservação ambiental e o pouco que resta de Mata Atlântica, inclusive já começaram a entrar com seus tentáculos em outras regiões como a litoral sul e pastoril de Itapetinga, sem contar que pularam a divisa para chegar a Minas Gerais.


  Há de se perguntar: porque todas as outras atividades rurais estão sucumbindo ao avanço do eucalipto?


  Resposta: o eucalipto desenvolvido no Brasil alcança seu primeiro com seis anos de plantado, enquanto que em paises tradicionais em florestas renováveis, como a Finlândia, levam 15 anos. Com os preços do papel e celulose estão em alta, devido ao incremento de consumo provocado pela internet dada a volúpia coletiva pela impressão gráfica, ninguém concorre com a rentabilidade do setor.



 A industria da celulose é praticamente feita toda em terras próprias e é toda mecanizada, desde a colheita através das famosas " suecas" - cada uma substitue a mão de obra de 80 pessoas - ate o embarque marítimo, considerando que como produto de exportação não paga nem IPI, nem ICMS.


  COMENTÁRIO
  BAHIA JÁ

  Se não freiarem o avanço do eucalipto, a região do descobrimento do Brasil, será a nova Finlândia dos trópicos, constituindo num quadro devastador da biodiversidade, anos luz do que preconizou  Pero Vaz de Caminha, na imagem relatada em carta ao Rei Dom Manuel que ficou imortalizada,  em se plantando tudo dá".

  
Afinal, Caminha não poderia prever que os nórdicos chegassem até aqui e encontrasse tanta benevolência para até mudarem o meio ambiente, sem qualquer compromisso sócio-ambiental.