Os documentos, notas fiscais, computadores, máquinas emissoras de cupom fiscal e outros equipamentos apreendidos durante a Operação Tesouro, realizada no último dia 2 pelo Ministério Público em parceria com as secretarias estaduais da Fazenda (Sefaz) e de Segurança Pública (SSP), Tribunal de Justiça (TJ) e Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), foram encaminhados para perícia no Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto (Icap), órgão do Departamento de Polícia Técnica (DPT).
A operação desarticulou um esquema de sonegação fiscal montado por bares e restaurantes de Salvador, que utilizavam um programa de processamento de dados para burlar o fisco estadual, e resultou na prisão temporária de cinco empresários e dois funcionários de empresas de informática envolvidos na fraude.
A Operação Tesouro foi empreendida a partir de investigações promovidas pelo MP baiano, por intermédio do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal (Gaesf), e contou com a participação de 35 equipes, num total de 264 pessoas, entre promotores de Justiça, delegados, policiais civis, escrivães, auditores fiscais e agentes de tributo.
A fraude consistia na utilização de um software aplicativo, denominado "Colibri", capaz de desativar o Emissor de Cupom Fiscal (ECF) no ato do registro de uma venda, possibilitando ao fraudador reduzir ou até mesmo eliminar os tributos incidentes na operação. O programa era revendido em Salvador pela Netoworks Informática e Stella Sistem, e cerca de 300 empresas com atuação no ramo alimentício podem estar envolvidas no esquema, que resultou em prejuízos para o Estado da ordem de R$ 20 milhões, conforme explicou o coordenador do Gaesf, promotor de Justiça Solon Dias.
Entre as empresas alvejadas pela Operação Tesouro, que teve o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) e do Núcleo de Inteligência Criminal do MP (NIC), estavam a Netoworks e a Stella Sistem, além dos restaurantes Abdul (Aeroporto), Alfredo de Roma (Ondina), A Porteira (Boca do Rio e Dique do Tororó), Baby-beef (Iguatemi), Bardauê (Imbuí), Bella Nápoli (Iguatemi), Bella Brasa (Stella Maris), Companhia da Pizza (Imbuí e Rio Vermelho), Gibão de Couro (Pituba), Mama Bahia (Carmo), Mistura (Itapuã), Osaka (Iguatemi e Aeroporto), Pasta-fast (Pituba, Salvador Shopping e Rio Vermelho), Pereira (Barra), Sato (Barra), Tortarelli (Amaralina e Caminho das Árvores), Trapiche Adelaide (Avenida Contorno), Volare (Canela) e Yoko (Rio Vermelho). Foram presos o proprietário da Netoworks, Luis Barreto Neto, e dois ex-funcionários da empresa, Alexandre Cordeiro e Charles Henry Santana; o dono da Stella Sistem, Frederico Tomaz Júnior; e os sócios do Bardauê, Agton dos Reis; do Mistura, Paulo Alfonsi; e do Osaka, Aleci Prado Júnior. Os estabelecimentos comerciais não foram fechados, mas seus proprietários responderão criminalmente pela fraude.