Direito

JUAZEIRO E PETROLINA EM CHOQUE COM CRIME DA PM BA QUE MATOU PM DE PE

Caso complexo envolvendo duas corporações militares e o delegado que investiga diz que há homicídio culposo
Da Redação ,  Salvador | 10/03/2025 às 19:07
Sepultamento do soldado Lucas Emanoel Marinho em Petrolina
Foto: REP
    O crime praticado por uma PM da Bahia contra PM de Pernambuco, em Petrolina, teve grande repercussão nas duas cidades, as maiores desta região do São Francisco, até pelo inusitado. As investigações apontam questões de relacionamento afeitivo entre ambos.

   Segundo o blog de Carlos Brito, o policial militar do 2º Batalhão Integrado Especializado (BIEsp), Lucas Emanoel Marinho, que foi morto a tiros pela ex-companheira, também policial militar lotada na 25ª Companhia Independente de Casa Nova (Norte da Bahia), recebeu uma despedida emocionante por parte de seus colegas de farda. 

   O sepultamento, ocorrido nesta segunda-feira (10) no Cemitério Campo das Flores, Centro da cidade, contou com a presença de diversos PMs, que prestaram homenagens e acompanharam o cortejo. A despedida foi marcada por um forte clima de luto, com honras militares, e a lembrança do trabalho exemplar do policial, que atuava com dedicação na segurança da cidade. 

  De acordo com o G1, "Os disparos foram feitos sem a mínima possibilidade de defesa da vítima". É o que afirma o delegado de Polícia Civil de Petrolina, Gabriel Sapucaia, responsável pela investigação do assassinato do Policial Militar de Pernambuco, Lucas Emanoel Marinho, de 33 anos. Ele foi morto no domingo (10) em Petrolina, pela ex-companheira que é Policial Militar da Bahia.

   A policial, identificada como Marleide, se apresentou ao Batalhão em Juazeiro, na Bahia, e depois na delegacia de Homicídios em Petrolina. Ela confessou o crime, e, durante o interrogatório, foi expedido um mandado de prisão. Ela encontra-se detida e dever passar por audiência de custódia nesta segunda-feira (10).

Foram analisadas imagens de câmeras de monitoramento e feita a observação do local do assassinato. A Polícia Civil não identificou indícios que qualifiquem o crime como legitima defesa, como alegou a autora nos depoimentos.

"A vítima estava com sua arma na cintura, em momento nenhum teria sacado essa arma, e ela, de acordo com as imagens, já sai da residência atirando e efetuando esses disparos", destacou Sapucaia.
A policial baiana deve responder por homicídio qualificado por motivo fútil e pela impossibilidade de defesa.

"Ela vai responder pelo homicídio em sua forma qualificada, tanto pelo motivo fútil, porque a princípio não foi caracterizado nenhuma desavença, nenhuma briga pretérita ou naquele momento, em que pese ela ter alegado que houve uma suposta discussão, uma suposta ameaça por parte dele. Mas essas informações não foram identificadas no momento em que foram realizadas a conduta delitiva. E ela também responderá na forma qualificada pela impossibilidade de defesa da vítima, já que ele foi alvejado dentro do veículo e na parte posterior do corpo, entre as costas e a cintura. Então, não teve qualquer tipo de possibilidade de defesa", esclareceu Sapucaia.

  COMO ACONTECEU

O crime ocorreu na manhã do domingo (9) no bairro Portal da Cidade em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. Uma pessoa que conhecia a vítima, que não quis se identificar, disse que Marleide não aceitava o fim do relacionamento com Lucas Emanoel, e isso teria motivado o assassinato. O homem, inclusive, já tinha relacionamento com outra mulher, que está grávida.

Por meio de nota, a Polícia Militar da Bahia disse que a agressora se apresentou no Comando de Policiamento da Região Norte e, "diante da gravidade da situação, as medidas cabíveis foram adotadas de imediato, incluindo o encaminhamento da policial à Delegacia de Polícia Civil de Petrolina para os devidos esclarecimentos".

 HOMICIDIO E FEMINICIDIO

  A lei estabele que, quando o homem mata uma mulher pratica feminicídio; e ao contrário, trata-se de homicidio.

  O crime de feminicídio é o assassinato de mulheres em contexto de violência doméstica ou de gênero. A lei partiu de um projeto (Pl 4.266/2023) da senadora Margareth Buzetti (PSD-MT), aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em novembro de 2023.