Natural de Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre, Gabriel morava na mesma rua do banqueiro, na Província de Pádua, na região de Milão, mas não mantinha relacionamento com o suspeito, diferente do que foi noticiado na Itália, afirmam o pais. O italiano teria ameaçado Gabriel, dizendo que iria entregá-lo para a polícia por estar no país sem visto, conforme relatos de amigos à família da vítima.

" Por tudo que estão nos passando, amigos, conhecidos, que justamente era por isso [falta de visto], que era a maior força que ele tinha para estar coagindo, para fazer com o que o Gabriel estivesse próximo dele. Justamente era porque o Gabriel não tiha o visto de permanência. (...) Ameaçou, denunciou para polícia", conta a madrasta.

"[ O suspeito] coagia ele. Dizia 'se você não vier aqui eu vou te denunciar para para polícia'. Ele não tinha crime nenhum [de imigração]. Ele estava esperando o advogado conseguir um visto de permanência dele lá ", disse o pai Luciano Luiz Silveira da Silva.

O italiano disse à polícia que passou a quarta-feira (11) dormindo no sofá e que somente na quinta-feira (12) teria encontrado o corpo do brasileiro na cama.

"É muito triste a Itália estar colocando em rede nacional somente a versão do suspeito. Infelizmente, nosso filho não tem como dar a versão dele sobre o caso e poder se defender", lamenta a madrasta.

De acordo com informações prestadas à família do brasileiro, Gianclaudio DB foi preso e é investigado por omissão de socorro, homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) e ocultação de cadáver.

O italiano ofereceria dinheiro e pressionava para que Gabriel ficasse em seu apartamento durante alguns dias, de acordo com o que vizinhos disseram aos pais do jovem.

"Ele [o suspeito] mantinha ele [Gabriel] lá, dois, três, quatro dias com ele lá, não deixava ele sair. Como agora foi. A proprietária do prédio onde ele morava, do apartamento que ele era inquilino, falou pra nós que ele estava há dois dias sem aparecer em casa", fala o pai.

O modelo e personal trainer foi para a Itália março de 2019. Gabriel havia se casado com um brasileiro que tinha cidadania italiana, mas eles já estavam separados, conforme a família. A vítima aguardava a finalização do processo de migração para o país europeu.

Gabriel era o mais velho de cinco irmãos. Ele não chegou a conhecer a mais nova, uma menina com menos de dois anos. Ele deixa o pai e a madrasta.

"A gente espera que seja feita justiça. Que esse homem pague. Se ele fez alguma coisa, que ele pague. Ou então que seja provado que mais outra pessoa fez, se foi pago, a mando de quem", diz o pai.

A família de Gabriel diz ter sido informada da morte do modelo por uma amiga do rapaz na quinta-feira. O reconhecimento do corpo foi feito por policiais com a foto do passaporte de Gabriel. No dia seguinte, Luciano e a esposa foram procurados por diplomatas do consulado brasileiro.