Com informações do Cidade On Araraquara
Da Redação , Salvador |
24/07/2019 às 09:33
Gustavo e Walter são suspeitos de ligação com os ataques nos celulares
Foto: A Cidade On
A Polícia Federal (PF) confirmou no final da tarde desta terça-feira, dia 23, que quatro pessoas foram presas suspeitas dos ataques a telefones celulares de autoridades ligadas ao Governo Federal e à Operação Lava Jato, entre elas, o atual ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, vítima de acesso ilegal no aplicativo Telegram. O ACidadeON/Araraquara publicou o caso com exclusividade mostrando a ligação da cidade na busca e apreensão de hoje. Mas, quem seriam os suspeitos, dos quais um casal está preso temporariamente?
O ACidadeON/Araraquara apurou que os dois são amigos e já foram detidos pela polícia juntos. Trata-se de Walter Delgatti Neto, mais conhecido como Vermelho, de 30 anos, que há anos tem familiaridade com o ambiente online, e Gustavo Henrique Elias Santos, de 28, que já atuou como DJ [era chamado de Guto Dubra] e foi preso temporariamente em São Paulo na operação de hoje. Em Araraquara foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão em casas na Vila Xavier [da avó de Delgatti Neto] e na casa da mãe de Gustavo. As ações também foram realizadas em Ribeirão Preto.
Por aqui, foram apreendidos documentos e aparelhos eletrônicos com a finalidade de se obter "os elementos de provas relacionadas a invasão de contas do aplicativo Telegram utilizadas pelo atual ministro da justiça e segurança pública", diz o mandado de busca e apreensão. A PF chegou aos suspeitos por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones. Não está claro se o grupo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil.
A informação também que corre é que, ao contrário do que se imaginava, o grau de capacidade técnica dos hackers não era alto. E o histórico deles demonstraria isso. Estariam mais para golpistas do que hackers. Um dos suspeitos [que foi preso em apartamento em São Paulo, mas a família morava no Selmi Dei, bairro periférico de Araraquara] tem 28 anos e o pai está preso desde 2006, por envolvimento com roubo, furto e uma tentativa de homicídio. Ele, no entanto, tinha uma boa vida com carro importado e frequentando bons ambientes.
A prisão de Gustavo surpreendeu sua família, que diz acreditar em um erro da investigação. "Estou chocada, estou tremendo, tenho certeza que meu filho não está envolvido nisso, não. Eu acho que foi um erro tamanho", disse à Folha de S.Paulo na noite desta terça (23) a mãe do ex-DJ, Marta Elias Santos. "Eu desconheço [o suposto envolvimento], não passa na minha cabeça uma coisa dessa." O próprio advogado dele, Ariovaldo Moreira, não imagina que o cliente tenha se envolvido no caso. Ele estará em Brasília nesta quarta-feira para acompanhar o caso.
Na Justiça Gustavo tem contra si alguns processos. Em 14 de janeiro de 2013, ele foi preso por ter receptado uma caminhonete, uma Hillux, avaliada em R$ 91 mil, e para circular adulterou as placas e o documento. No seu celular havia fotos ostentando o uso de armas, por isso os policiais foram até a casa dele [essa mesma vistoriada hoje pela PF] e apreenderam munições calibre 38 e 735, além de simulacros de armas reais. Julgado em 2015, Gustavo foi condenado a cumprir seis anos e seis meses de reclusão, em regime semiaberto.
Mas, essa relação entre Gustavo e Delgatti fica comprovada em outro processo. Em maio de 2015, os dois foram detidos na companhia de mais duas pessoas dentro do Parque Beto Carrero World, em Santa Catarina. Gustavo foi ouvido e liberado, mas Delgatti, que está foragido e teve a casa vistoriada na Vila Xavier, acabou preso por falsidade ideológica. Na época, detido, apresentou uma carteira vermelha com as inscrições da Polícia Civil [comprada de um camelô, em São Paulo] e dentro do carro havia uma arma e munições.
Mas, este não é o único processo envolvendo Walter Delgatti que passa agora a ser investigado pela PF na Operação Spoofing com o objetivo de desarticular organização criminosa que praticava crimes cibernéticos. Além de Sérgio Moro, teriam sido vítimas do grupo o desembargador Federal Abel Gomes, da TRF 2ª região, do juiz federal Flávio Lucas, da 18ª Vara Federal do Rio de Janeiro, além do aparelho dos delegados federais Rafael Fernandes, de São Paulo, e Flávio Reis, de Campinas.