Direito

Moro pediu para Lava Jato rebater defesa de Lula, diz site Intercept

Moro diz que se trata de uma organização criminosa agindo no Brasil sobre as escutas divulgadas pelo Intercept
Da Redação , Salvador | 15/06/2019 às 09:38
Sérgio Moro
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  O site The Intercept Brasil divulgou nesta sexta-feira, 14, novos trechos de diálogos atribuídos ao atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, e procuradores da Lava Jato. De acordo com as supostas mensagens, o ex-juiz federal pediu aos integrantes da força-tarefa em Curitiba (PR) que divulgassem uma nota à imprensa para rebater os ataques feitos pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o depoimento prestado pelo petista no caso do triplex do Guarujá (SP).

O pedido, segundo o site, foi feito por Moro ao então procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima na noite do dia 10 de maio de 2017, mesmo dia do depoimento de Lula. Segundo as mensagens divulgadas, Moro queria que os investigadores apontassem contradições nas respostas do ex-presidente durante a audiência, cujo vídeo foi divulgado por decisão do então magistrado da 13.ª Vara da Justiça Federal no Paraná.

Os supostos diálogos, que envolvem também mensagens do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF), mostram que os procuradores acataram a sugestão do atual ministro da Justiça e Segurança Pública de Jair Bolsonaro para tirar o foco de Moro e protegê-lo. Segundo o Intercept, as conversas ocorreram por meio do aplicativo Telegram e foram enviadas por uma fonte anônima.

Tanto Moro quanto alguns procuradores do MPF, entre eles Dallagnol, relataram à Polícia Federal que seus aparelhos celulares foram invadidos por hackers. O caso está sob investigação da PF. Para os advogados de defesa de Lula, as primeiras mensagens divulgadas pelo site sobre as conversas entre Moro e Dallagnol, no último domingo, 9, mostram "completo rompimento da imparcialidade objetiva e subjetiva" no julgamento do ex-presidente pelo então juiz federal.

Em entrevista exclusiva publicada nesta sexta-feira pelo Estado, Moro afirmou que o País está diante de "um crime em andamento" promovido por uma organização criminosa profissional e que não vai se afastar do cargo. Segundo o ministro, não há riscos de anulação do processo do triplex do Guarujá, que levou à condenação e prisão do ex-presidente Lula.

Nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que é "zero" a possibilidade de demitir Moro diante do vazamento de conversas atribuídas ao então juiz sobre sua relação com procuradores da Lava Jato e que mantém a promessa de indicar o auxiliar para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). "É uma possibilidade muito grande."