A greve dos professores da Uneb continua e serão intensificadas as estratégias de mobilização e protesto. Esses foram os principais encaminhamentos aprovados na assembleia da categoria, realizada na tarde desta quarta-feira (10), no campus de Salvador. Os docentes demonstraram indignação com as posturas tomadas pelo governo do estado nesse início de greve, que vem tentando confundir informações e colocar a opinião pública contra os professores.
Durante a assembleia, a coordenadora da Associação dos Docentes da Uneb (Aduneb), Ronalda Barreto, fez o repasse de uma reunião ocorrida, nesta manhã, entre as representações docentes, deputados da Assembleia Legislativa e representante da Secretaria de Relações Institucionais. Embora não tenham apresentado nenhuma proposta concreta, os políticos acenaram com a possibilidade de serem os mediadores entre o movimento grevista e o governo. Já os docentes demonstraram disposição ao diálogo, porém, defenderam a manutenção da paralisação até que as negociações sejam realizadas e a pauta de reivindicações atendida.
Liberação de recursos já previstos
Entre os fatos que aumentaram a indignação dos professores está a informação, divulgada na terça-feira (09), de que o governador faria a “liberação imediata” de R$ 36 milhões para ser repartido entre as quatro instituições de ensino. De acordo com a Aduneb, o orçamento em questão não significa um acréscimo, mas apenas a antecipação de um recurso que já pertencia à Uneb e está previsto no atual orçamento. Portanto, a ação não dialoga com a pauta da categoria docente.
Folha de pagamento
O governo também divulgou que, nos últimos quatro anos, houve um crescimento da folha de pagamento dos servidores em 19,35%. Os professores reafirmam que o último aumento real, ou seja, acima da inflação, ocorreu apenas em 2013. Já o pagamento da recomposição da inflação é negado aos servidores públicos desde 2016, que, acumulado, causa uma corrosão dos salários dos docentes, superando os 25%. O percentual informado pelo governo é decorrente apenas dos incentivos de pós-graduação (um direito da categoria) e, resultantes de vagas por falecimentos, aposentadorias ou exonerações que foram usadas para as poucas promoções.
Direitos trabalhistas
Um dos principais problemas enfrentados pelos docentes das universidades estaduais da Bahia é o desrespeito aos direitos trabalhistas. Apenas na Uneb cerca de 400 professores aguardam há pelo menos dois anos em uma fila de espera. Possuem todos os requisitos necessários, tem a garantia da lei, mas a Secretaria de Administração nega a implantação.