Com informações de A Tarde
Da Redação , Salvador |
10/03/2018 às 11:45
Mãe Stella
Foto: A Tarde
A psicóloga e escritora Graziela Domini, de 55 anos, companheira da ialorixá Maria Stella de Azevedo Santos, conhecida como Mãe Stella de Oxóssi, 92, ingressou na Justiça, esta semana, com uma queixa-crime contra o obá odofin (ministro de Xangô) e presidente da Sociedade Cruz Santa do Ilê Axé Opô Afonjá, Ribamar Daniel, pelos crimes de difamação e calúnia.
De acordo com a peça, Ribamar, que comanda a instituição responsável por manter oficialmente o terreiro, teria difamado e caluniado Graziela ao acusá-la publicamente de dopar Mãe Stella, dilapidar o patrimônio do templo e impedir o acesso de outras pessoas à ialorixá considerada a mais importante sacerdotisa de candomblé viva.
À época das declarações, quando a mãe de santo mudou-se para o município de Nazaré, no Recôncavo Baiano, um vídeo vazado na internet chegou a mostrar Graziela sendo expulsa de um cômodo do terreiro por filhos de santo da casa.
Uma representação contra ela, também, foi feita no Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio de um abaixo-assinado subscrito por 71 deles. Na ocasião, na carta entregue ao órgão, a companheira da ialorixá, também, foi acusada de retirar móveis tradicionais da Casa de Xangô, de fechar o Museu Ilê Ohun Lailai, criado em 1982, e de substituir a sacerdotisa em rituais litúrgicos, como o jogo de búzio. Ela nega tudo.
Argumentos
"Eu nem precisei arrolar testemunhas. Ela [Graziela] não precisa de testemunhas. Ele [Ribamar] falou na Rede Globo, falou no jornal A TARDE e falou em outros veículos para fazer afirmações reiteradas contra Graziela", afirmou o advogado criminalista Rogério Mattos, que, logo após o ocorrido, foi constituído pela psicóloga e por Mãe Stella.
Segundo o jurista, a intenção da queixa-crime é chegar uma retratação pública do líder religioso, nos autos do processo e nos veículos a que ele deu entrevista. Essa proposta, contou Mattos à reportagem, será feita na primeira audiência de conciliação que for marcada pelo Juizado Especial Criminal, instância do Poder Judiciário que trata de crimes de pouco potencial ofensivo, como os de difamação e calúnia.
Contatado para se posicionar, Ribamar Daniel mostrou-se surpreso com a informação relatada pela reportagem. Em viagem ao Maranhão até dia 25 de março, ele afirmou que precisaria consultar um advogado antes de falar. Entretanto, defendeu-se das acusações. "Não sei do que se trata para falar. Se houver justiça, eu vou ser absolvido. Eu não fiz nada".
Atividades religiosas
Enquanto isso, segundo o religioso, o Ilê Axé Opô Afonjá prepara-se para a abertura oficial do ano de atividades, que acontece no Domingo de Páscoa – este ano no dia 1º de abril. Na sequência, afirmou Ribamar, são retomados rituais cotidianos do terreiro, como o amalá (comida votiva para o orixá Xangô) e a limpeza dos quartos.
Obrigações litúrgicas que dependem da presença da ialorixá não ocorrerão. "Sempre respeitamos a hierarquia, então esses rituais continuam suspensos sem a presença da mãe de santo", afirmou ele.