No mais, CD mantém sua posição de mulher independente e contra as feministas raivosas
Da Redação , Salvador |
15/01/2018 às 11:29
Catherine Deneuve
Foto: Mathias Nereye
movimento das vítimas de assédios sexuais em Hollywood, cujos corajosos testemunhos vêm derrubando as carreiras de predadores da indústria como Harvey Weinstein e James Toback desde o último mês de outubro, não demorou a ganhar seus detratores. No entanto, a primeira reação feminina contrária em larga escala só surgiu neste início de 2018, quando a polêmica carta aberta a favor da "liberdade de importunar" como prerrogativa para a liberdade sexual foi veiculada pelo Le Monde .
Após inúmeras reações negativas ao conteúdo do artigo - que classificou a avalanche de depoimentos como uma "onda de puritanismo" - uma das cossignatárias mais célebres da tribuna, a atriz Catherine Deneuve (A Bela da Tarde), publicou uma carta no periódico Libération pedindo desculpas às vítimas de abusos sexuais:
"Várias vezes me acusaram de não ser feminista. Preciso lembrar a vocês que sou uma das 343 vadias, junto a Marguerite Duras e Françoise Sagan, que coassinaram o manifesto 'Eu fiz um aborto' escrito por Simone de Beauvoir? O aborto era um crime passível de processo penal e encarceramento à época. É por isso que digo aos conservadores, aos racistas e aos tradicionalistas de todos os tipos que acreditaram que seria estratégico me apoiar que eu não sou uma tola.
Eles não terão minha gratidão ou minha amizade, muito pelo contrário. Eu sou uma mulher live e continuarei sendo. Eu saúdo fraternalmente todas as vítimas de atos odiosos que podem ter se sentido agredidas pela tribuna publicada pelo Le Monde. Apresento minhas desculpas para elas, e somente para elas", justificou Deneuve.
'Onda de puritanismo'
Ainda, a musa da sétima arte francesa esclareceu que nenhuma linha da tribuna legitima ou pretendia legitimar nenhuma forma de assédio, mas também reforçou sua posição contrária aos julgamentos apressados e desqualificados, principalmente aqueles realizados através das redes sociais: "Sim, eu amo a liberdade. Não gosto desta característica dos nossos tempos onde todos se sentem no direito de julgar, de arbitrar, de condenar. Uma época onde simples denúncias nas redes sociais engendram punições, demissões e, constantemente, linchamentos midiáticos [...] Creio que a solução virá tanto da educação de nossos filhos quanto de nossas filhas. Mas também dos protocolos das empresas, que ao determinarem a ocorrência de um assédio, iniciem investigações imediatamente. Eu acredito na justiça"