Juíza aceitou argumento apresentado pela defesa de que a ré "padece de transtorno mental de natureza incurável". Decisão reconhece ainda que a ré é primária e não apresenta antecedentes criminais. Com Correio.
Da Redação , Salvador |
08/01/2018 às 16:17
Heloisa Onaga: defesa diz que ela é doente
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A dentista Heloisa Onaga Kawachiya, flagrada cometendo crime de racismo no sábado (6), numa delicatessen da Pituba, teve a liberdade provisória concedida neste domingo (7). A juíza Luciana Amorim Hora acatou o argumento de que a ré é primária e não apresenta antecedentes criminais. Luciana acrescenta que, segundo a defesa, "a flagranteada padece de transtorno mental de natureza incurável".
A liberdade provisória, porém, está vinculada a algumas exigências: Heloisa deverá comparecer perante a autoridade todas as vezes que for intimada para atos do inquérito; a ré não poderá mudar de residência sem permissão judicial nem ausentar-se por mais de 30 dias de sua residência sem comunicar a Justiça; Heloisa deverá apresentar em 60 dias um relatório psiquiátrico sobre sua sanidade mental.
Heloisa foi presa no sábado (6), ao se recusar a ser atendida por funcionários negros na Delicatessen Bonjour, na Rua São Paulo, na Pituba. A dentista havia passado a noite sob custódia.
Humilhação
Segundo Daniel Pereira da Silva, 23 anos, que trabalha no estabelecimento há três anos, o fato se repetiu algumas vezes ao longo dos últimos seis meses, mas, desta vez, após uma outra cliente se revoltar com a atitude de Heloísa, o gerente da delicatessen, Paulo Sérgio, chamou a polícia. “Nunca tratamos ela de forma diferente. Ela dizia que não queria ser atendida por ‘pretos’, não queria que tocássemos nos talheres dela. Me senti realmente humilhado, pois acho que nenhum ser humano deve ser tratado dessa maneira”, reclamou.
Já Ubiratan Santos Souza, 22, outro funcionário do local, relatou que a cliente só aceitava ser atendida por pessoas de pele clara. “Sempre que nos aproximávamos, ela virava as costas, fazia de conta que não tinha ninguém ali falando com ela. Se um colega de cor mais clara se aproximasse, ela aceitava o atendimento. Dessa vez foi necessário uma outra cliente se revoltar com a atitude dela para que a polícia fosse chamada”.