“Eu era uma pessoa muito tímida e tinha medo de me expressar corporalmente. Hoje durmo melhor, sou mais calma e tenho mais segurança para enfrentar os fatos que ocorrem em minha vida”. Esse depoimento de Maria Rita Silva dos Santos, 58 anos, que participa do grupo de teatro do Grupo de Atuação em Defesa da Mulher e da População LGBT (Gedem) do Ministério Público estadual, demonstra a importância das oficinas de teatro para mulheres vítimas de violência doméstica. Maria Rira Silva participou na manhã de hoje, dia 29, de uma oficina de teatro promovida pelo Gedem, junto com um grupo de mulheres vítimas de violências diversas assistidas pelo Centro de Acolhimento Casa das Pérolas, que atende mulheres em situação de vulnerabilidade.

A oficina foi ministrada pela professora de teatro Johsi Varjão e também contou com a participação de mulheres que recebem acompanhamento psicológico e orientação jurídica do Gedem. Johsi atua de forma voluntária, desde março deste ano, dando aulas para mulheres vítimas de violência doméstica no MP. “A arte liberta. Muitas mulheres que passaram por situação de violência têm dificuldade em se expressar e em lidar com o próprio corpo, e a gente vê a mudança delas a partir das aulas de teatro de maneira muito evidente”, afirmou a promotora de Justiça Lívia Vaz, coordenadora do Gedem. A psicóloga da Casa das Pérolas, Uila Sodré, agradeceu ao Gedem pela “oportunidade de ressignificar a história dessas mulheres”. O grupo foi criado a partir da ideia da estagiária de Serviço Social do Gedem, Gabriela de Gardênia, que está fazendo um trabalho de conclusão de curso que aborda o teatro como forma de aliviar os problemas enfrentados pelas mulheres, na Universidade Federal da Bahia. “Apresentei o projeto para a promotora de Justiça Lívia Vaz e, no mesmo período, a professora de teatro Joshi Varjão procurou o Gedem com o intuito de fazer uma parceria. Daí unimos nossos esforços e criamos o grupo de teatro”, afirmou Gabriela de Gardênia.

As aulas começaram em março deste ano e o grupo conta atualmente com a participação de 13 mulheres assistidas pelo Gedem. As aulas acontecem todas as terças-feiras. Segundo Johsi Varjão, estão sendo coletados depoimentos das integrantes do grupo de teatro que farão parte de um documentário. “O grupo de teatro já está despertando interesse de outras instituições. Pretendemos transformá-lo como um projeto permanente do Gedem”, afirmou a promotora de Justiça Lívia Vaz.