Direito

PRESIDENTE DA COLÔMBIA ganha o Prêmio Nobel da Paz edição 2016

O conflito na Colômbia provocou a morte de 260 mil pessoas e deixou quase 7 milhões de deslocados internos e 45 mil desaparecidos.
Da Redação , Salvador | 07/10/2016 às 08:00
Juan Manuel Santos
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O presidente colombiano Juan Manuel Santos ganhou o Prêmio Nobel da Paz pelo esforço de pacificação do país, que vive uma guerra civil que já dura mais de 50 anos. Ele foi um dos líderes da negociação que chegou ao acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). O acordo, entretanto, foi rejeitado em referendo. O anúncio da premiação foi feito nesta sexta-feira (7), em Oslo, na Noruega.
 
"O fato de a maioria dos eleitores ter dito não ao acordo de paz não significa necessariamente que o processo de paz está morto", disse a presidente da Comitê Nobel norueguês, Kaci Kullmann Five, segundo a France Presse.

"Ele estava extasiado. Ele estava muito agradecido. Ele disse que foi de uma importância inestimável para impulsionar o processo de paz na Colômbia", disse Olav Njoelstad à rede norueguesa NRK após conversar com o líder colombiano por telefone. O presidente Santos dedica seu prêmio ao povo colombiano "que tanto tem sofrido", ainda de acordo com o comitê.

Esforço pela paz

O acordo de 297 páginas, que foi elaborado durante 4 anos em Havana, aconteceu após três tentativas fracassadas durante os governos de Belisario Betancur, César Gaviria e de Andrés Pastrana. A vitória do “Não” no plebiscito de domingo (2) tinha sido considerado um duro golpe ao governo de Santos e teria colocado em dúvida o sucesso do processo para superar o conflito.

O resultado apertado das urnas - 50,21% para o "Não" e 49,78% para o "Sim" - evidencia um país dividido sobre como alcançar a paz que todos dizem almejar. Grupos contrários ao acordo, liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe, acusam o governo de ceder demasiadamente à pressão das Farc e de deixar abertura para que os guerrilheiros não sejam punidos. Apesar da rejeição, o cessar-fogo continua.

Santos tem 65 anos e se formou em Harvard. Ele vem de uma das famílias mais ricas da Colômbia, segundo a agência Associated Press. Como ministro da Defesa há uma década, ele foi responsável por alguns dos maiores reveses militares dos rebeldes das Farc, incluindo uma incursão em 2008 na região da fronteira com o Equador, que resgatou três norte-americanos que eram mantidos em cativeiro havia mais de cinco anos.

Indicações

O comitê do Nobel afirmou que houve um número recorde de indicações ao Prêmio da Paz: 376. Até o candidato do Partido Republicano à presidência dos EUA, Donald Trump, teria sido incluído, segundo a BBC. Vale lembrar que as indicações são abertas ao público. No entanto, a praxe do comitê é não comentar sobre candidatos.

Medicina, Física, Química

Na segunda-feira, japonês Yoshinori Ohsumi ganhou o Nobel de Medicina por pesquisa sobre reciclagem da célula. Na terça, o  trio britânico David J. Thouless, F. Duncan M. Haldane e J. Michael Kosterlitz receberam a premiação na área de Física por estudo que pode ter aplicação futura na eletrônica. Na quarta, os cientistas Jean-Pierre Sauvage, Sir J. Fraser Stoddart e Bernard L. Feringa receberam o Nobel de Química pelo desenvolvimento de máquinas moleculares.

Últimos ganhadores do Nobel da Paz

2015: Quarteto de Diálogo Nacional da Tunísia ganhou o prêmio por sua decisiva contribuição para a construção de uma democracia pluralista no país durante a revolução de 2011.

2014: os vencedores foram o indiano Kailash Satyarthi e a paquistanesa Malala Yousafzay, "pela sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação". A estudante do Paquistão se tornou a mais jovem ganhadora do prêmio.
2013: Organização para a Proibição das Armas Químicas, entidade que supervisiona destruição do arsenal químico na Síria em guerra.
2012: União Europeia (UE), por ter contribuído para pacificar um continente devastado por duas guerras mundiais.
2011: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee (Libéria) e Tawakkol Karman (Iêmen), por sua luta não violenta em favor da segurança das mulheres e seus direitos a participar dos processos de paz.
2010: Liu Xiaobo (China), dissidente detido, "por seus esforços duradouros e não violentos em favor dos Direitos Humanos na China".
2009: Barack Obama (Estados Unidos) "por seus esforços extraordinários com o objetivo de reforçar a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos".
2008: Martti Ahtisaari (Finlândia) por suas numerosas mediações de paz em todo o mundo.
2007: Al Gore (Estados Unidos) e o Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU por seus esforços para aumentar o conhecimento sobre as mudanças climáticas.
2006: Muhammad Yunus (Bangladesh) e seu banco especializado no microcrédito, o Grameen Bank, porque "uma paz duradoura não pode ser obtida sem que uma parte importante da população encontre a maneira de sair da pobreza".