Celebração aconteceu ontem
Da Redação , Salvador |
04/09/2016 às 08:10
Santa madre Tereza de Calcutá
Foto: Reuters
O Papa Francisco declarou santa neste domingo (4) a madre Teresa de Calcutá, em uma missa de canonização celebrada na praça de São Pedro, no Vaticano, frente a 100 mil fiéis. "Declaramos a beata Teresa de Calcutá santa e a inscrevemos entre os santos, decretando que seja venerada como tal por toda a Igreja", afirmou Francisco.
Conhecida em vida como "a santa das sarjetas", Madre Teresa de Calcutá foi transformada em santa pela Igreja Católica 19 anos após sua morte. Vencedora do Prêmio Nobel da Paz, ela foi uma das mulheres mais influentes dos 2 mil anos de história da religião, aclamada por seu trabalho com os mais pobres nas favelas da cidade indiana de Calcutá.
A missa para o canonização começou às 10h18 deste domingo (horário local, 5h18 em Brasília) com o canto do hino do Jubileu da Misericórdia. Em seguida, Francisco entrou na praça de São Pedro na habitual procissão. Participam da cerimônia 70 cardeais, 400 bispos e 1,7 mil sacerdotes. O Papa conheceu Teresa pessoalmente, por ocasião de um sínodo de bispos em 1994, em Roma.
Na homilia da cerimônia de canonização, Francisco elogiou seu trabalho "em defesa da vida humana", garantindo que ela fez "sentir sua voz aos poderosos da terra para que reconhecessem suas culpas diante dos crimes da pobreza criado por eles mesmos".
Disse que Madre Teresa ao longo de sua vida esteve "à disposição de todos por meio da recepção e a defesa da vida humana". Elogiou sua luta contra o aborto e recordou que sempre dizia que "quem ainda não nasceu é o mais frágil".
E lembrou como "se inclinou sobre as pessoas fracas, que morrem abandonadas à beira das ruas, reconhecendo a dignidade que Deus lhe deu".
"Sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece até hoje como testemunho eloquente da proximidade de Deus aos mais pobres entre os pobres", afirmou.
Francisco explicou que a figura de Madre Teresa será a santa de "todos os voluntariados" e pediu que ela fosse considerada o "modelo de santidade".
Fiel ergue estátua da Madre Teresa do lado de fora de uma filial das Missionárias da Caridade em Calcutá, na Índia, enquanto ela era canonizada neste domingo (4) em cerimônia no Vaticano (Foto: REUTERS/Rupak De Chowdhuri)
Fiel ergue estátua da Madre Teresa do lado de fora do prédio das Missionárias da Caridade em Calcutá, na Índia, enquanto ela era canonizada neste domingo (4) em cerimônia no Vaticano (Foto: REUTERS/Rupak De Chowdhuri)
O pontífice afirmou a chamará "com dificuldade de Santa Teresa" porque "Sua Santidade foi tão próxima a nós, tão suave e espontânea que vai continuar a ser chamada de mãe, Madre Teresa".
Missionárias da Caridade
Embora criticada durante a vida e após a morte, Madre Teresa é reverenciada pelos católicos como um modelo de compaixão que levou alívio aos doentes e moribundos, abrindo filiais de suas Missionárias da Caridade (M.C.) em todo o mundo.
As Missionárias da Caridade tiveram origem em uma pequena congregação, que se transformou em uma rede que hoje conta com 4.500 religiosas trabalhando em cerca de 700 casas dedicadas a ajudar os mais desfavorecidos em mais de 130 países.
Madre Teresa de Calcutá morreu em 1997, aos 97 anos. Ela havia sido beatificada pelo Papa João Paulo 2º em 2003, o último passo antes da canonização.
MILAGRE BRASILEIRO
A igreja abriu caminho no ano passado para a canonização de Madre Teresa após declarar como milagre a recuperação do brasileiro Marcilio Haddad Andrino, que tinha múltiplos pontos de inflamação no cérebro.
Quando Andrino sofreu em 2008 os abscessos cerebrais, dos quais médicos disseram que ele não iria se recuperar, sua família rezou para Madre Teresa.
Ele disse que seu estado de saúde piorou ao ponto de ter sofrido para conseguir andar ao altar durante seu casamento, em setembro de 2008. Em dezembro foi levado inconsciente para hospital.
Andrino estava com uma cirurgia cerebral marcada, mas acordou sem dores de cabeça pouco antes da operação e o médico afirmou que uma intervenção médica não seria mais necessária.
"Consegui passar o Natal com minha família e seis meses depois voltei ao trabalho sem problemas", disse Andrino, que posteriormente teve dois filhos.
Andrino, que tem 43 anos e mora no Rio de Janeiro, disse nesta sexta-feira (2), durante entrevista coletiva no Vaticano, que se sente muito grato, mas que pensa que qualquer pessoa poderia ter sido igualmente beneficiada pela intervenção.
"Se não tivesse acontecido comigo, talvez fosse com outra pessoa amanhã. Ela não diferenciava. Não me sinto especial", disse Andrino, que participa da cerimônia deste domingo com sua esposa, Fernanda (veja no vídeo abaixo a história do brasileiro em reportagem do Fantástico).