Avianca diz em nota que "mantém a sua prioridade na segurança do voo"
GLOBO , RJ |
31/03/2016 às 17:52
Érico Brás
Foto: DIV
Após testemunhar a retirada de um casal negro de um voo da Avianca, a neta de Dona Zica e Cartola, Nilcemar Nogueira, publicou em seu Facebook um texto repudiando a situação que classificou como “abuso de poder” e “racismo”. Na manhã desta quinta-feira, conforme informou o Blog da Patricia Kogut, o ator Érico Brás foi expulso do avião junto com sua mulher, Kênia Maria, considerado uma “ameaça”. Nilcemar também saiu do voo em protesto.
Segundo Brás, o tumulto começou quando sua mulher tentou colocar a bagagem embaixo do banco. A partir daí começou a confusão. De acordo com a publicação de Nilcemar Nogueira no Facebook, o “comandante foi extremamente grosseiro com uma passageira, que com uma voz doce assustada reclamou dos maus tratos, tudo ocasionado pela solicitação que ela colocasse a bolsa de mão em um bagageiro cheio não aceitando que a mesma ficasse sob o banco da frente.”
Nilcemar complementou o relato, dizendo que o comandante teria sido questionado por Érico por sua atitude e devido a isso determinou que a Polícia Federal tirasse o casal do voo. Nilcemar encerra o relato protestando: “Abaixo abuso de poder, abaixo racismo já.”
Em entrevista ao Blog da Patricia Kogut, Brás contou o caso:
— Disse que não tinha motivo para sair do voo e eles me falaram que eu era uma ameaça. Não sou terrorista. Eu me senti extremamente impotente. Infelizmente esse é o tipo de tratamento. As pessoas te olham por causa da sua cor. Registrei uma denúncia na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e vou acionar meus advogados quando chegar no Rio.
Outros passageiros se retiraram do voo em solidariedade ao casal.
A Avianca declarou em nota que "mantém a sua prioridade na segurança de voo, em respeito a todos os seus passageiros. No caso referido, a Polícia Federal foi acionada, como é praxe no setor, porque um grupo de clientes recusou-se a seguir as orientações dos comissários sobre a acomodação das bagagens"
Na opinião do Frei David Santos, diretor-executivo do Educafro, o casal foi vítima de racismo. Segundo ele, esse tipo de tratamento é recorrente.
— Há uma doença social no Brasil gerada por uma classe economicamente razoável que tem difculdade em ver o negro em espaço não tradicionalmente frequentado por negro. Esse comandante dirige dezenas de voos, o índice de negros que vê é muito baixo e quando vê, observa com desconfiança, como a polícia. Queremos que a justiça puna exemplarmente, será um ato educacional para conjunto da sociedade brasileira que precisa respeitar os negros— disse.