Direito

TUCANO se rebela e quer fim da violência contra as mulheres

Município quer uma delegacia especializada no crime contra as mulheres
Josevaldo Campos , Tucano | 17/01/2016 às 13:12
As mulheres foram as ruas de Tucano pedindo fim da violência
Foto:
Tucano amanheceu diferente na última sexta-feira, 15 . Um tom laranja tomou
conta da histórica Praça da Caixa D’água e encheu de movimento as principais
avenidas do centro da cidade. Mulheres, homens, de todas as idades, caminharam
em reivindicação ao fim da violência contra a mulher, uma violência sorrateira
que não escolhe cor, não escolhe condição econômica nem orientação sexual.

Cada passo dado tinha como objetivo provocar a sociedade tucanense e o poder público
para a criação de espaços de denúncia, ajuda e proteção, até porque como bem
dizia uma das faixas ostentadas no percurso, “sociedade que se cala é sociedade
omissa”.

Puxado pelo Coletivo Por um Futuro Laranja, o movimento reuniu muita gente. O
laranja predominante, a propósito, que aguçou a curiosidade de muitos,
inclusive a minha, deve-se ao fato de ser a cor escolhida pelas Nações Unidas
para evocar a solidariedade às mulheres, sejam adultas, adolescentes ou
crianças, vítimas da violência no mundo inteiro, além de também ser uma cor que
retrata a energia necessária para que elas superem as situações violentas,
explicava um manifesto distribuído aos participantes e ao gestor do município
durante a passeata.

Recentes acontecimentos em Tucano contribuíram para suscitar este dia histórico na
cidade. Mas a luta é muito mais ampla, alerta a organização.  A professora
Valquíria Lima da Silva, membro do Coletivo, lembra que a violência contra a
mulher não é um privilégio dos tempos modernos.  “São cinco séculos de
educação machista. Uma sociedade que se funda, que tem na base do seu alicerce
a violência contra a mulher, não desenraíza nem desconstrói isso tão
rapidamente. É preciso que todos nós demos as mãos e os braços na luta
contra esse problema histórico da sociedade brasileira”, pontua.

Dona Orlene Pimentel, 52, compreendeu a importância do momento e atendeu ao chamado:
foi pra rua! O sentimento dela se multiplicava em centenas de corações que
pulsavam esperançosos dentro da passeata. “Eu sou totalmente a favor da luta
contra a violência contra a mulher, porque mulher merece respeito, merece
carinho e isso não pode acontecer. Violência nunca, nem psicológica, nunca,
jamais violência contra a mulher. Eu vim com todo o meu carinho, com todo o meu
amor”, relata, orgulhosa, e vestindo, como todos por ali, a camisa do
movimento.

O movimento defende a criação dealguns espaços públicos específicos nos municípios, 
como delegacias especializadas, centros de referência, casas de passagem e profissionais capacitados para
atendimento a mulheres em situação de violência, e os classificam como
essenciais para que se possa avançar na luta e garantir às mulheres o direito à
vida.

No entanto, defende Valquíria, a mudança estruturante só virá depois que o tema adentrar as salas de aula de
forma enérgica. “Como educadora, eu acredito que nós precisamos ocupar as
escolas. É preciso que os currículos escolares comecem a traduzir essa
insatisfação, essa agonia que é a violência contra a mulher, para que a gente
possa reeducar as nossas crianças e os nossos jovens, até porque desconstruir é
mais difícil que construir, principalmente quando essa construção já tem 500
anos”.