Evento aconteceu na sede do MP/BA
MP , da redação em Salvador |
23/10/2015 às 17:24
Médico Roberto Badaró
Foto: MP
Com o objetivo de debater estratégias para garantir a aplicação das políticas públicas de combate à sífilis na Bahia, foi promovido hoje, dia 23, na sede do Ministério Público estadual, no CAB, um encontro para marcar a passagem do dia mundial de combate à doença. Promovido pela Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST) – Regional Bahia, com o apoio do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (Cesau), o encontro foi aberto pelo coordenador do Cesau, promotor de Justiça Rogério Queiroz e pela presidente da SBDST, médica ginecologista Ana Gabriela Travassos, e teve como palestrante o subsecretário de Saúde do Estado da Bahia, professor Roberto Badaró, que falou sobre os avanços e desafios no combate à doença.
Rogério Queiroz destacou o papel do MP na luta contra a sífilis. “Há cinco anos somos parceiros da sociedade brasileira nesse combate, que era praticamente inexistente na Bahia”, destacou o promotor, acrescentando que, depois da atuação ministerial, o Município de Salvador já implementou uma política de combate à doença. “Não havia enfrentamento sistemático.
Agora, medicamentos como a penicilina já chegam às unidades de saúde”, frisou. Para a médica Ana Gabriela Travassos, muita coisa mudou com o envolvimento do MP, mas ainda é preciso avançar. “Apesar do combate, a falta de cuidados com as doenças sexualmente transmissíveis fez com que o número de casos de sífilis aumentasse na Bahia, o que vem gerando um círculo vicioso de transmissão”, pontuou, salientando também que “muitos médicos resistem a utilizar o tratamento adequado, à base de penicilina e outros medicamentos, por medo de que eles provoquem reações alérgicas anafiláticas nos pacientes, o que é um mito”, frisou.
Na palestra do dia, o professor Roberto Badaró classificou como “um escândalo” a situação da sífilis no Brasil. “Enquanto na Suíça a doença não mata ninguém, no Brasil, de cada 100 mil nascidos vivos, 4,2 morrem de sífilis. Na Bahia, esse número mais do que dobra, chegando a 8,5”, destacou Badaró, salientando que, entre gestantes, a situação é ainda mais grave, com taxas que chegam a 9,9, enquanto a Organização Mundial de Saúde recomenda que esse número não passe de 0,5. O palestrante fez questão de desmistificar também a suposta relação entre o uso de penicilina e os casos de choque anafilático. “Os casos de reação alérgica anafilática à dipirona, uma droga de uso corriqueiro, ultrapassam em mais de 30 vezes os casos semelhantes provocados por penicilina”, pontuou o professor, que fez questão de lembrar que no Carnaval da Bahia, 8% de todas as pessoas que fizeram o exame gratuito disponível durante a festa tinham sífilis, “uma doença que se transmite até mesmo com um simples beijo”, frisou. Após as apresentações, os participantes do evento se reuniram em grupos de trabalho para debater estratégias para garantir o cumprimento das políticas de enfrentamento à doença.