Os refugiados só chegam com a roupa do corpo e alguns jovens conseguem trazer uma pequena mochila
Tasso Franco , da redação em Salvador |
23/09/2015 às 13:43
Chegada de refugiados na estração central de trens em Munique
Foto: BJÁ
(Munique) Acompanhei nesta quarta-feira, no final da tarde, a chegada de dezenas de refugiados da Siria na Central Station (Hauptbahnof) desta cidadee estado industrial da Alemanha fugindo da guerra e em busca de sobrevivência. São homens - a maioria jovens -, mulheres, crianças e alguns casais de meia idade que passam por uma triagem da Policia na própria estação, recebem água e alimentos, e depois são levados para uma área de isolamento na Baviera.
A cena é chocante. As pessoas só têm a roupa do corpo e alguns conseguem ainda trazer alguma maleta de mão e mochila das costas e mais nada. Na estação há uma grade de isolamento e os refugiados saltam do trem e são escoltados pela Policia até essa área e dai seguem para a triagem. A estação tem uma movimentação de pessoas e continua funcionando normalmente.
Os alemães passam e não dão a mínima atenção ao problema. Não se comovem. Como se dissesse assim: "o problema não é nosso". E a viagem segue.
Em Munique a cidade também segue sua vida normal. Não há manifestações de rua nem ativistas defendendo os sirios e os líbios. Eventualmente pode-se encontrar um deles na rua, mas é raro. Hoje, presenciei dois deles dando uma entrevista a uma emissora de rádio local. A imprensa alemã - está sim - aborda o assunto diariamente na TV, na internet e na imprensa escrita. Os jornais destacam esse tema diariamente com ampla cobertura.
No desembarque que presenciei hoje na Hauptbahnhof não havia imprensa e não se pode falar com os sirios. Há um cordão de isolamento de policiais, os refugiados e a grade onde podemos ficar. Fiz as fotos a uma certa distância e aproximei-me para verificar o comportamento das pessoas, tanto dos que chegam como dos policiais e das instituições governamentais de amparo, que fornecem comida, água e brinquedos para as crianças.
A entrega de briquedos às crianças é um gesto comovente, mas, as crianças não se animam muito com o que recebem porque seus pais estão abatidos. É um drama enorme. Hoje, a chanceler alemã Angela Merkel, segundo a imprensa escrita, analisa com a comunidade europeia como tratar o assunto de forma mais abrangente, sem que, necessariamente, a Alemanha tenha que arcar com toda a responsabiliddae.
Os refugiados embora estejam numa situação dramática optam, quase sempre, pela Alemanha pois já têm a informação de que é o país mais desenvolvimento da Europa e onde existem empregos. A questão, no entanto, é que a Alemanha tem uma indústria de ponta, a agricultura e a pecuária idem, mecanizadas, uma parte dos serviços gerais está robotizada e/ou mecanizada e não tem como amparar os sirios com empregos, salvo algumas exceções.
A proposta é, também, de se criar núcleos de preparação e formação desse pessoal e uma ressocialização e aprendizado da lingua de cada país onde for recebido. É um trabalho imenso que o europeu tem um know-how aprendido na II Guerra Mundial, época que houve uma forte migração na Europa tanto antes da guerra, durante a guerra e depois da guerra. O que os europeus - em tese - não querem é que se repita essa experiência. (TF)