Valdir Barbosa (Delegado de Polícia do Estado da Bahia, ex-Delegado Geral)
Valdir Barbosa , Salvador |
13/07/2015 às 18:58
A hidra filha de Tifão e Equidina e a hipocrisia no Brasil
Foto: ILS
Tenho observado a estratégia dos brilhantes advogados, patrocinadores das causas de empresários envolvidos na badalada operação Lava Jato, e me permito considerar alguns equívocos, pois, ao invés de bater de frente com a
Justiça, imagino seria certo buscar uma composição fundada na legalidade.
Assim afirmo, posto, no meu sentir, os acusados foram sempre, de certa maneira, vitimas de um sistema podre que corrompeu a tudo e a todos de forma perversa, tornando o ilícito, algo aparentemente correto sabendo que tal
situação, não é privilégio do agora.
Entretanto, apesar destas praticas serem antigas, elas se maximizaram nos últimos tempos, no argumento de propósito aparente, um projeto de poder.
Isto justificaria assaltos repetidos aos cofres públicos, através dos achaques às empresas, vitimas de coação moral quase irresistível, posto obrigadas a aceitar o pagamento das comissões indevidas, sob pena de ficar fora do jogo, todavia, se testemunha vários mandatários do agora engordando os bolsos e dos seus mais próximos, ilimitadamente. São riquezas acumuladas em pouco tempo, por políticos e parentes que não se envergonham de ostentar riquezas ganhas na desonestidade.
No acordo, a sugestão de punir com rigor os corruptores, ao passo que para os corrompidos, o perdão judicial, ou aplicação de mínimas penas, diante da revelação total dos despautérios.
Neste viés, uma moratória capaz de fazer retomadas pelas empresas, cujos executivos estão acusados de crimes diversos, suas atividades plenas, estas, sobretudo, geradoras de emprego, com certeza, catapultas do progresso de qualquer nação, sem prejuízo do confisco de todo dinheiro desviado e dos bens adquiridos, através das propinas, em mão de quem fossem encontrados.
Estribada na austeridade viria nova cultura, como condição indispensável para que a verdadeira justiça social prepondere.
Hoje, a riqueza flagrantemente concentrada nas mãos de poucos privilegiados, muitos desonestos, conduz ao caos
que no fim, a ninguém interessa. A desordem serve tão somente aos que querem, na esteira do desmantelo, representar um grupo imaginariamente capaz de trazer soluções, impossíveis de vir a lume neste cenário.
Portanto, com toda vênia aos donos destas causas aqui enfocadas, reafirmo estejam indo na contramão. Ao invés de definir estratégia de defesa prudente e lógica, capaz de realmente equacionar em definitivo o problema
buscam a rota da polemica destrutiva e tentam macular o trabalho brilhante da Policia Federal, do Ministério Público e da Justiça Criminal.
Cabível o instituto da prisão preventiva, sempre que houver suspeitas de poder interferir o indiciado, na instrução criminal, seja mediante ameaça física, seja através do poder econômico, ou político. As correspondências, os escritos dos presos devem sim, ser objeto de censura por parte das autoridades responsáveis pela custodia e apuração de crimes, porventura praticados por qualquer encerrado.
Os fatos devem sim, ser revelados pela imprensa que, amordaçada, apenas interessa aos déspotas e a todos que não desejam aflore a verdade, posto precisam viver debaixo do manto da impunidade vergonhosa.
Aliás, o grande julgador das causas que afligem a sociedade é o povo, numa coletividade democrática ele, o povo, figura como grande reinante, maior mandatário e sábio juiz, submisso apenas aos desígnios do Soberano, o Insuperável Magistrado.
Posso estar equivocado, mas é desta maneira que penso, mesmo porque a grandeza do Brasil não deve admitir estejam seus filhos, dos mais simples, aos grandes homens, hoje humilhados e reprimidos por força de combinações espúrias feitas para atender interesses dos dominantes, em detrimento, consoante vivem
na pele, de si mesmos.
O Brasil não pode continuar refém da hidra de sete mil cabeças chamada hipocrisia.