v ide
Todo homem quando nasce traz o destino marcado, um pra ser vitorioso, outro pra ser derrotado. Porém, aquele que luta sempre é mais apreciado". Colhendo "os lauréis da luta", o decano do Ministério Público do Estado da Bahia, procurador de Justiça José Gomes Brito, encerrou na noite de ontem, dia 13, a sua carreira institucional como na rima da literatura de cordel. Homenageado por procuradores e promotores de Justiça, magistrados, policiais militares, servidores do MP, alunos, estagiários, familiares, amigos e por diversas autoridades, Gomes Brito finalizou 35 anos de carreira no Ministério Público baiano ocupando o segundo mais alto cargo na Instituição: o de procurador-geral de Justiça Adjunto.
A trajetória do procurador foi cantada através de versos pelos cordelistas Antônio Queiroz e Paraíba da Viola, desde a vida humilde na cidade baiana de Santanópolis, onde "sentiu o peso de uma enxada", trabalhando desde muito jovem "debaixo do sol ardente"; passando pela fase de dedicação simultânea ao trabalho e aos estudos em Salvador, onde chegou em um caminhão "pau de arara" e foi atendente em bares do subúrbio e vendedor em loja de tecidos; até os momentos em que ele conseguiu ser aprovado em concurso da Polícia Militar, formou-se em Direito pela Universidade Católica de Salvador e foi aprovado no concurso para promotor de Justiça substituto. Gomes Brito ingressou no Ministério Público em 19 de julho de 1977, onde foi promotor de Justiça das comarcas de Terra Nova, Coração de Maria, Cipó e Itaberaba.
Promovido para Salvador em 1984, atuou na Vara do Júri e nas Promotorias de Justiça Militar, Criminal e de Assistência. Em 1994 foi promovido, por antiguidade, ao cargo de procurador de Justiça. Ocupou, ainda, os cargos de coordenador da Procuradoria Criminal, primeiro ouvidor do Ministério Público, membro do Órgão Especial do Colégio de Procuradores de Justiça e do Conselho Superior do MP e, desde 2010, ocupa o cargo de procurador-geral de Justiça Adjunto. Ele também foi presidente da Associação do Ministério Público (Ampeb) no período de 1987 a 1989 e durante a sua gestão foi adquirida a primeira sede administrativa da entidade de classe; é professor da faculdade de Direito da UCSal desde 1998 e da Academia da Polícia Civil da Bahia (Acadepol) desde 1999.
Trajetória exitosa que, segundo o procurador-geral de Justiça Wellington César Lima e Silva, o fez ser acolhido e admirado por muitos, o que se comprovava pelo salão repleto de pessoas querendo homenageá-lo. "O senhor conseguiu isso porque soube, sem perder a sua tenacidade e o compromisso com seu próprio temperamento, acolher e agradar a todos, sem temer o risco de ocasionalmente desagradar a quem quer que seja". O PGJ destacou, ainda, que José Gomes Brito soube usar as adversidades ao seu favor. "Nos últimos dois anos pude contar com a sua presença solidária e companheira em todos os momentos, que significavam uma postura de lealdade, correção e sinceridade", destacou Wellington César. "Este não é um momento de perda, mas de renovação", concluiu o procurador-geral falando sobre a capacidade de se renovar que Gomes Brito possui e sobre a habilidade que ele tem de conviver com os diferentes e de fazer amigos.
O procurador-geral de Justiça Adjunto também foi homenageado pelo corregedor-geral do Ministério Público, procurador Franklin Ourives, que falou em nome do Colégio de Procuradores de Justiça, agradecendo ao homenageado "por dignificar o Ministério Público da Bahia"; pelo coordenador do Programa Labor e Vida, Valdir Caires, que falou em nome dos membros do MP aposentados, lembrando a luta de Gomes Brito pela valorização da Instituição; pelo presidente do Instituto Baiano de Direito Processual Penal, César Faria, que frisou que, além de valoroso professor, o homenageado soube ser um "verdadeiro promotor da justiça"; e pela procuradora de Justiça recentemente aposentada, Leonor Salgado Atanásio, que concluiu que
José Gomes Brito "no momento em que encerra sua carreira, entrega ao MP e à sociedade a sua vitoriosa história". A solenidade, conduzida pelo assessor especial e promotor de Justiça José Vicente Lima, contou ainda com homenagens musicais dos servidores do Ministério Público Jaciara, Gláucio e Ana Caroline e do ‘Coral MP em Canto'.
Emocionado, José Gomes Brito agradeceu a todos e afirmou que não fez nada mais que cumprir o seu dever com base em princípios que aprendeu ao longo da vida. "Desde muito cedo aprendi que o homem tem que cultivar princípios, como o trabalho, a coragem, a lealdade e a honestidade. E não há como ter esses valores pela metade. Ou se é corajoso, ou não é; ou se é leal, ou é desleal; e não se pode ser mais ou menos honesto. Todos deveriam ter noções de serviço público e dar à sociedade o melhor, que é isso que ela espera", concluiu. Também prestigiaram a homenagem o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia, desembargador Mário Alberto Hirs, diversos desembargadores e juízes, procuradores e promotores de Justiça, procuradores federais e do Estado, advogados, deputados, professores, coronéis e integrantes da PM. José Gomes Brito completa 70 anos na próxima terça-feira, dia 17 de julho.