O artista plástico Menelaw Sete, de 47 anos, cujo o nome de batismo é Jorge do Nascimento Ramos, retido no aeroporto de Madri, na Espanha, e deportado para o Brasil na manhã de sábado, foi internado na manhã desta quarta-feira (23), por conta de uma greve de fome iniciada na manhã desta terça-feira.
Segundo sua assessoria de imprensa, Menelaw foi levado para a Clínica Sames, em Salvador, na manhã desta quarta com mal estar e tonturas. A médica que atendeu o artista plástico constatou que Menelaw estava com pressão alta provocada pelo jejum e ansiedade.
O artista plástico iniciou a greve de fome na terça-feira de manhã em frente ao Consulado da Espanha, no bairro do Canela, em Salvador, onde montou uma barraca como protesto contra a forma como ele e outros brasileiros são barrados em território espanhol. Menelaw já foi liberado e segue em observação em casa.
Viagem - Sete viajou acompanhado de um amigo, Paulo Coelho da Silva, na quinta-feira à noite, de Salvador para Madri, mas não pôde desembarcar, na sexta de manhã, no Aeroporto de Barajas. O artista, que iria para a Itália participar da abertura de uma exposição de artes, ficou retido até ser deportado, no sábado.
Menelaw e Paulo, segundo informações da Embaixada da Espanha, em Brasília, não apresentaram a documentação necessária à imigração. Ao serem ouvidos pela polícia, na presença de um advogado e um intérprete, eles teriam relatado, segundo a Embaixada, que a viagem era de turismo e que duraria até o dia 19 de junho. Porém, para entrar na Espanha ou em qualquer um dos 26 países pertencente ao Acordo de Schengen - acordo de abertura das fronteiras entre países europeus - é preciso deixar claro o motivo e a duração da viagem, onde será a hospedagem e indicar os meios que serão usados para custear o passeio (quantia em dinheiro, uso de cartão de crédito, etc). Juntos, eles possuíam apenas 1.020 euros e 100 dólares.
Segundo autoridades espanholas, o artista plástico e o amigo só apresentaram um bilhete com destino à cidade de Malpensa, na Itália. No depoimento, eles alegaram que seriam custeados por um amigo durante toda a viagem. No entanto, não tinham em mãos uma carta-convite deste amigo. A Embaixada esclareceu que eles também não possuíam nenhum convite oficial de instituição cultural, e, em nenhum momento, citaram que participariam de uma exposição ou evento artístico.
Quando questionado sobre o motivo da viagem, segundo as autoridades, Menelaw teria dito que aproveitaria o tempo para viajar, tocar violão, e, talvez, ir até a Suíça pintar um quadro em homenagem à Bahia. Paulo, que trabalha fazendo molduras para quadros, contou que acompanharia o amigo. Após o relato, eles assinaram o depoimento dando autenticidade aos fatos. Ambos alegaram ser casados e possuir filhos no Brasil. (A Tarde)