A Justiça de São Paulo autorizou na noite desta quinta-feira (3) a reintegração de posse do prédio da reitoria da USP, ocupado desde quarta-feira (2) por estudantes contrários à presença da Polícia Militar no campus.
A decisão da 9ª Vara de Fazenda Pública afirma que os alunos têm 24 horas para deixar o prédio. A reintegração "deverá ser realizada sem violência, com toda a cautela necessária à situação, mediante a participação de um representante dos ocupantes e da autora para a melhor solução possível, observando a boa convivência acadêmica, em um clima de paz", afirma na decisão a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti.
Caso os alunos não se retirem, a juíza diz que autoriza, "como medida extrema", o uso de força policial. Ela ressalva, no entanto, que conta "com o bom senso das partes e o empenho na melhoria das condições de vida no campus".
saiba maisA comissão da comunicação da ocupação da reitoria diz que o assunto será discutido em assembleia prevista para a noite desta quinta.
O coronel Wellington Luiz Dorian Venezian, comandante do policiamento da Área Oeste, responsável pela região da Cidade Universitária, informou que, até as 19h desta quinta, não tinha sido informado oficialmente sobre a decisão da Justiça. Segundo ele, se a PM acompanhar a saída dos universitários, será de forma que a "ação seja a mais tranquila possível".
Mais cedo, o reitor João Grandino Rodas afirmou que espera ver a situação resolvida de forma amigável, por meio de diálogo com os estudantes. Ele disse ainda que fez o pedido porque é o dever de um administrador público zelar pelo prédio. No entanto, de acordo com o reitor, o convênio com a PM não será revisto.
Os estudantes invadiram o prédio após uma assembleia decidir pela desocupação de outro prédio, o da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), invadido no dia 27 de outubro. Na data, alunos da universidade entraram em confronto com a PM depois que três alunos foram detidos após serem flagrados com maconha. Estudantes protestaram contra a prisão em frente a um dos prédios da faculdade e houve confronto com a polícia. Após a confusão, um grupo invadiu o prédio administrativo da FFLCH.
Os estudantes pedem o fim de um convênio com a Polícia Militar para o patrulhamento do campus. O convênio foi firmado em setembro após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, ocorrida na noite de 18 de maio.
O jovem foi baleado quando se aproximava de seu carro em um estacionamento da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). Dois homens presos pelo crime foram indiciados por latrocínio.
Nota do sindicato
O Sindicato dos Trabalhadores da USP divulgou nota nesta quinta em que afirma apoiar a ação dos estudantes que invadiram dois prédios da universidade. De acordo com o sindicato, cabe aos alunos decidir sobre o fim ou não da "justa ocupação" da reitoria, o que deve ocorrer em uma assembleia na noite desta quinta.
Os representantes do sindicato disseram que a reação dos universitários foi "previsível" após a ação da Polícia Militar no episódio dos jovens detidos com a maconha. Afirmaram ainda que as reivindicações dos alunos "são exatamente as mesmas do nosso sindicato: Fora PM do campus e retirada de todos os processos contra estudantes e funcionários que visam à destruição da organização sindical e estudantil".