Direito

LIBERDADE DE EXPRESSÃO VENCE E PROPAGANDA DA HOOE FICA NO AR

VIDE
| 13/10/2011 às 19:00

A Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM) informou em nota divulgada nesta quinta-feira (13) que não vai recorrer da decisão do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) de recomendar o arquivamento da representação que pedia a suspensão de comerciais da Hope com a modelo Gisele Bündchen.

Com a decisão, a propaganda pode continuar sendo veiculada normalmente.

O vídeo pode ser visto no You Tube.

A representação foi enviada pela SPM ao Conar após recebimento de reclamações de mulheres que se sentiram ofendidas com a propaganda.


A decisão do conselho do Conar teve unanimidade. Participaram da reunião cerca de 20 conselheiros. Segundo a assessoria do Conar, caso não ocorra nenhum recurso, no prazo de 5 dias, o processo será arquivado em definitivo.

Secretaria avaliou hoje que o fato do Conar ter levado a representação a julgamento em seu Conselho de Ética já representou um importante avanço" Secretaria de Políticas para Mulheres (SPM)


Nos vídeos, Gisele aparece contando ao marido que bateu seu carro e estourou o limite do cartão de crédito. Primeiro, a modelo revela os problemas vestida com roupas e, na sequência, apenas de lingerie. A propaganda diz que a primeira maneira é errada, e a segunda, a correta. E incentiva as brasileiras a usar seu "charme".

"A Secretaria avaliou hoje (quinta-feira) que o fato do Conar ter levado a representação a julgamento em seu Conselho de Ética já representou um importante avanço", diz a nota da SPM. "A Secretaria informa também que acata a decisão do Conar e que não vai recorrer."


Campanha no ar


O Conselho de Ética do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) recomendou nesta quinta, em primeira instância, o arquivamento do pedido de suspensão da campanha da fabricante de roupas íntimas Hope, estrelada pela modelo Gisele Bündchen.

Os membros do conselho acompanharam o voto do relator, que considerou que "os estereótipos presentes na campanha são comuns à sociedade e facilmente identificados por ela, não desmerecendo a condição feminina", informou o Conar, em nota.

A representação foi aberta a partir de denúncias encaminhadas ao Conar por cerca de 40 consumidores e também pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM).

Para Carlos Eduardo Padula, diretor comercial da Hope, que participou da reunião, prevaleceu a garantia do uso do bom humor. "A decisão do Conar representa uma ratificação de que fizemos uma campanha politicamente correta. Ficou claro [para os conselheiros do Conar] que estávamos enaltecendo a sensualidade da mulher brasileira com uma pitada de humor", afirmou o executivo ao G1.

Segundo o diretor da Hope, a propaganda continuará sendo veiculada pelo menos até o dia 18 de outubro e a empresa agora avalia, inclusive, a possibilidade de realizar um novo filme para dar sequência a campanha.

Entenda a polêmica
Os vídeos da campanha, chamada "Hope Ensina", mostram a modelo contando ao marido que bateu seu carro e estourou o limite do cartão de crédito. Primeiro, Gisele revela os problemas vestida com roupas e, na sequência, apenas de lingerie. A propaganda diz que a primeira maneira é errada, e a segunda, a correta. E incentiva as brasileiras a usar seu "charme".

A Secretaria de Políticas para as Mulheres afirmou que sua ouvidoria recebeu seis reclamações de pessoas "indignadas" com a propaganda desde o dia 20, quando ela foi ao ar. Além do ofício ao Conar, a SPM também enviou documento ao diretor da Hope Lingerie, Sylvio Korytowski, "manifestando repúdio à campanha."

"‘Hope Ensina' é a campanha da empresa que ‘ensina' como a sensualidade pode deixar qualquer homem ‘derretido'. Nela, a modelo Gisele Bundchen estimula as mulheres brasileiras a fazerem uso de seu 'charme' (exposição do corpo e insinuações) para amenizar possíveis reações de seus companheiros frente a incidentes do cotidiano", diz nota divulgada pela SPM.

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"A propaganda promove o reforço do estereótipo equivocado da mulher como objeto sexual de seu marido e ignora os grandes avanços que temos alcançado para desconstruir práticas e pensamentos sexistas. Também apresenta conteúdo discriminatório contra a mulher, infringindo os artigos 1° e 5° da Constituição Federal", completa a nota da SPM.


Por meio de nota, a Hope informou que a propaganda teve o objetivo de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira pode ser uma arma eficaz no momento de dar uma má notícia e que, utilizando uma lingerie Hope, seu poder de convencimento seria ainda maior.


"Os exemplos nunca tiveram a intenção de parecer sexistas, mas sim, cotidianos de um casal. Bater o carro, extrapolar nas compras ou ter que receber uma nova pessoa em sua casa por tempo indeterminado são fatos desagradáveis que podem acontecer na vida de qualquer casal, seja o agente da ação homem ou mulher", disse a nota.