Cultura

NOVA AGRESSÃO AO MURAL DE CARLOS BASTOS ENCOBERTO POR PRATILEIRAS

Primeiro foi a Insinuante que destruiu o painel e foi obrigada a restaurar, agora prateleiras de uma farmácia cobrem o painel
Tasso Franco , da redação em Salvador | 15/09/2025 às 12:09
Fica no Edificio Argentina, no Comércio, Salvador
Foto: BJÁ
  O mural de Carlos Bastos “Comércio no Porto de Salvador no Princípio do Século XIX” datado de 1961 é considerado uma das peças mais representativas do seu trabalho e um dos marcos na pintura mural brasileira. 

   E, também, polemizada, ao que tudo indica eternamente. Em 2002, o painel com 21m de comprimento por 4,1m de altura, afixado no andar térreo do Edifício Argentina, na Rua Miguel Calmon, Comércio, Cidade do Salvador, foi destruido por uma loja de eletrodomésticos.

   A Tribuna da Bahia, em manchete datada de 20 de fevereiro de 2003, noticiou: “Apagaram Carlos Bastos”. Não havia título mais pertinente. Todos os jornais do Estado da Bahia noticiaram o grave ilícito. O artista, em 2003, moveu uma ação contra as Lojas Insinuante Ltda. e o Banco Econômico S/A – em liquidação extrajudicial.

  Na época, o Ministério Público do Estado da Bahia determinou que as Lojas Insinuante e o Banco Econômico S/A em Liquidação Extrajudicial restaurem um importante mural.

   O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que acordou a restauração foi obtido pela 3ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Salvador. O ato contou com a presença de representantes das empresas envolvidas no processo, Marcelo Sales (Insinuante), Antonio Silveira (Banco Econômico) e o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. O ato foi presidido pelo promotor de Justiça, Antônio Sérgio Mendes, que destacou a importância do acordo para a recuperação de um bem cultural de grande valor para a sociedade baiana.

   Os representantes da massa falida do Banco Econômico e Insinuante optaram pela empresa Genart, do restaurador Jomário Sinatri, para fazer a obra estimada em R$ 100 mil. Nas primeiras prospecções, apenas 25% do mural poderia ser recuperado, mas técnicos do IPAC, que fiscalizarão o restauro, acreditam que o percentual pode aumentar. “Esta ação do Ministério Público foi exemplar, mostrando que os bens culturais tombados devem ser respeitados e protegidos”, finaliza o diretor do IPAC.

  Agora, o local foi ocupado por uma farmácia e estantes com shampoos, fraldas e outros produtos cobrem o painel em mais uma agressão. O problema volta a tona. Carlos Bastos já faleceu em 2004, mas, o MP ainda existe. (TF)