Guarda Pelé, Mulher de Roxo e outros personagens populares vão integrar os painéis
Tasso Franco , Salvador |
08/09/2025 às 19:16
Retrato da Rua na década de 1950
Foto: Secult
Primeira rua do Brasil, a histórica Rua Direita do Palácio ganha nova decoração por meio de uma intervenção artística que celebra personagens marcantes do imaginário soteropolitano e reforça os laços entre passado, presente e futuro de Salvador. Idealizada pelo artista visual KMJ Graffiti, em parceria com outros artistas locais, a obra integra uma ação de valorização da memória cultural e visual da capital baiana. Localizada em um dos espaços mais emblemáticos do Centro Histórico, a intervenção retrata a rua nos anos 1950, época em que o local era referência de efervescência comercial, social e cultural da cidade.
Entre os elementos mais importantes da obra, estão as representações de figuras urbanas que atravessaram décadas no imaginário popular. A mais enigmática delas é a Mulher de Roxo, personagem misteriosa que circulava pelas ruas de Salvador vestida inteiramente de roxo, despertando curiosidade e respeito. Sua figura tornou-se símbolo da cidade, envolta em lendas e suposições, e agora é eternizada no mural como testemunha silenciosa de um tempo que ainda ecoa.
Outro homenageado é o Guarda Pelé, conhecido por sua presença constante nas ruas da cidade. Figura carismática e respeitada, o Guarda Pelé simboliza a vida cotidiana da Salvador de outrora, marcada por personagens que, mesmo sem cargos oficiais de poder, tornaram-se referências da paisagem urbana.
A vice-prefeita e titular da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), Ana Paula Matos, comentou sobre a importância da obra: “Mais do que uma homenagem, a iniciativa reafirma Salvador como uma cidade viva, que mantém diálogo constante com sua herança cultural. É um convite à memória, à identidade e à continuidade. Um lembrete de que a cidade é feita de pessoas, de histórias e de símbolos que resistem ao tempo”, afirmou.
Já o diretor de Qualificação e Promoção do Turismo da Secult, Gegê Magalhães, afirmou que a intervenção é um convite para que moradores e visitantes redescubram Salvador a partir da sua própria história: “Ao retratar personagens e espaços que marcaram nossa memória coletiva, reafirmamos a cidade como um destino que valoriza sua identidade cultural, ao mesmo tempo em que se projeta para o futuro. O turismo que queremos construir é esse: vivo, humano e em permanente diálogo com nossas raízes”, destacou.
Com forte apelo visual e simbólico, a obra traz ainda a imagem de uma criança no presente que observa o passado através de uma moldura, sugerindo um olhar contemplativo, mas também esperançoso. O gesto traduz a proposta do projeto: criar um elo entre gerações, convidando o público a reconhecer-se na própria história e a projetar-se nela.