Cultura

EXPO EM VITÓRIA (ES) CELEBRA HERANÇA AFRICANA NA LINGUAGEM DOS BRASIS

Mostra "Línguas africanas que fazem o Brasil" é a primeira itinerância do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo e fica em cartaz no Espaço Cultural Palácio Anchieta de 10 setembro a 14 de dezembro
Antonio Montano , Vitória | 08/09/2025 às 12:39
Obra de Castiel Vitorino O sotaque africado na linguagem do brasileiro se revela nas palavras
Foto: Felipe Amarelo

Mostra "Línguas africanas que fazem o Brasil" é a primeira itinerância do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo e fica em cartaz no Espaço Cultural Palácio Anchieta de 10 setembro a 14 de dezembro de 2025, com curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana e enriquecida com artistas locais

O sotaque africado na linguagem do brasileiro se revela nas palavras que usamos sem perceber, nos sons que atravessam as canções, nos gestos que estruturam nossa vida cotidiana. É exatamente essa presença que a exposição “Línguas africanas que fazem o Brasil”, com curadoria do músico e filósofo Tiganá Santana, coloca em evidência, dessa vez, na Espaço Cultural Palácio Anchieta, em Vitória (ES), depois do sucesso premiado e com mais de 330 mil visitantes em São Paulo. Mostra permanece aberta à visitação na capital capixaba de 10 setembro a 14 de dezembro de 2025.

Mais do que uma mostra, trata-se de uma viagem estética e poética pela influência das línguas africanas no português falado no Brasil. Iorubá, eve-fom e bantu se materializam em palavras, sons, símbolos e obras de arte, criando um espaço onde memória e criação se encontram.

Os visitantes já são recebidos por palavras de origem africana, como “bunda”, “dendê”, “marimbondo” e “caçula”. Elas surgem impressas em grandes estruturas de madeira ganhando status e a possibilidade de reflexão e contemplação da linguagem como uma verdadeira obra de arte.

Itinerância e enriquecimento com artistas locais

“Línguas africanas que fazem o Brasil” é a primeira exposição realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, a seguir para outro estado e ainda ser enriquecida com artistas locais. A itinerância no Espírito Santo amplia o alcance da mostra e incorpora a produção dos artistas capixabas Castiel Vitorino Brasileiro, Natan Dias e Jaíne Muniz, reforçando o diálogo entre herança africana e contemporaneidade.

Entre os destaques que já faziam parte da mostra composta por instalações interativas, esculturas, filmes e registros históricos, estão a monumental obra de J. Cunha, tecido que vestiu o bloco afro Ilê Aiyê no carnaval de 1996; as instalações audiovisuais de Aline Motta, que exploram grafias centro-africanas; e as esculturas metálicas de Rebeca Carapiá, inspiradas em frequências afrocentradas. Complementam a experiência obras de Goya Lopes, projeções sobre o conceito de “pretuguês” de Lélia Gonzalez, além de búzios, turbantes, tambores e adinkras (símbolos visuais do povo Ashanti que também atravessaram o Atlântico).

“A arte é um idioma que conecta o que foi silenciado ao que insiste em sobreviver. Essa exposição é, ao mesmo tempo, celebração e tradução de um Brasil profundamente negro, de um povo que têm participação decisiva na configuração do português que falamos, seja no vocabulário ou na maneira de pronunciar as palavras e de entoar as frases. Um legado de cerca de 4,8 milhões de pessoas africanas trazidas de forma violenta ao país entre os séculos 16 e 19, durante o período do regime escravocrata. Presença que pode ser sentida em outras manifestações culturais, como a música, a arquitetura, as festas populares e rituais religiosos”, afirma Tiganá Santana.

Em sua temporada paulista, a exposição foi reconhecida pela crítica com o Prêmio IABsp de Expografia, concedido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil em São Paulo. A nova temporada, é uma iniciativa do Instituto Cultural Vale e do Museu Vale, com concepção do Museu da Língua Portuguesa, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, apoio do Governo do Estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Cultura, com patrocínio da Vale, e realização do Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à Cultura.

 

Serviço

Línguas africanas que fazem o Brasil

Abertura: 9 de setembro de 2025, às 19h

Visitação: 10 de setembro a 14 de dezembro de 2025

Horários: Terça a sexta, das 8h às 18h; Sábados, domingos e feriados, das 9h às 16h

Local: Palácio Anchieta - Praça João Clímaco, s/n Centro, Vitória - ES

Curadoria: Tiganá Santana

Artistas Capixabas convidados: Castiel Vitorino Brasileiro, Natan Dias e Jaíne Muniz

Classificação: Livre

Mais informações: educativo.mv@institutoculturalvale.org ou museuvale.org

Iniciativa: Museu Vale + Instituto Cultural Vale via Lei de Incentivo à Cultura

Patrocínio: Vale

Parceria: Governo do Estado do ES – Secretaria de Cultura

Produção: Automática

Concepção: Museu da Língua Portuguesa + Governo do Estado de São Paulo

Realização: MinC Governo Federal