Cultura

MORRE JORNALISTA MINO CARTA QUE REVOLUCIONOU O JORNALISMO COM A VEJA

Na época em que Veja era um fenômeno editorial no Brasil e tinha força politica e econômica
Tasso Franco , da redação em Salvador | 02/09/2025 às 09:05
Mino Carta, 91 anos
Foto: Rep Carta Capital
O jornalista Mino Carta morreu nesta terça-feira (2), aos 91 anos. Fundador e diretor de redação da revista CartaCapital, ele enfrentava problemas de saúde e estava internado há duas semanas na UTI do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A causa da morte não foi divulgada. A informação foi confirmada pela CartaCapital.

Nascido em Gênova, na Itália, em 6 de setembro de 1933, Mino chegou a São Paulo em 1946 com a família. Filho e neto de jornalistas, deu continuidade à tradição profissional iniciada pelo avô, Luigi Becherucci, e pelo pai, Giannino.

No Brasil, abandonou o curso de Direito no Largo São Francisco e, ainda jovem, voltou à Itália para trabalhar na Gazetta del Popolo, em Turim. Também atuou como correspondente dos brasileiros Diário de Notícias e Mundo Ilustrado.

De volta a São Paulo, aos 27 anos, foi convidado por Victor Civita para dirigir a recém-criada Quatro Rodas, da Editora Abril. Sob sua gestão, surgiram nomes marcantes do jornalismo nacional, como o repórter José Hamilton Ribeiro.

A partir daí, consolidou sua marca como criador e editor de algumas das publicações mais influentes do país. Participou do lançamento da revista Veja, em 1968, da IstoÉ, em 1976, e da CartaCapital, em 1994. Também esteve à frente da equipe que lançou o Jornal da Tarde, em 1966, referência em reportagens e inspiração para gerações de jornalistas.

Em parceria com Cláudio Abramo, fundou ainda o Jornal da República, que acabou fechado por dificuldades financeiras. Fora das redações, dedicou-se às artes, publicando livros de ficção e exibindo pinturas.

Embora não tenha concluído curso superior, Mino recebeu o título de doutor honoris causa pela Faculdade Cásper Líbero. Em 2006, foi reconhecido pela Associação dos Correspondentes da Imprensa Estrangeira no Brasil com o prêmio de Jornalista Brasileiro de Maior Destaque no Ano.

Na vida pessoal, foi casado com Maria Angélica Pressoto, falecida em 1996. Também perdeu o filho, o jornalista Gianni Carta, em 2019, vítima de câncer. Deixa a filha, Manuela Carta.