O que era para ser mais uma consagração com as medicinas da floresta, tornou-se um verdadeiro  avatar de conexão ancestral entre a artista plástica Marcele Bispo e os seus ancestrais. Ela conta que tinha sentido a intuição de levar telas e tintas para a cerimônia, mas precisou vencer o medo de propor isso para os condutores do trabalho. Passado isso, foi se entregando aos caminhos guiados pela medicina que Marcele foi encontrando os contornos que iriam expressar de forma genuína aquilo que reverberava dentro de si.

" Tudo começou através do silêncio de uma tela em branco que formou-se um raio forte, vívido, intenso! Com a sabedoria do Avô Fogo, o vermelho se revelou em múltiplas formas e texturas.. A água trouxe a fluidez e leveza ao lado do tempo que parou por um instante, quando fechei os olhos e senti a força de Gaia", contou a artista.

Marcele conta também que foi tomada pelos ventos da Orixá Yansã para que desse o contorno exato que queria na obra. 

"A energia vital da Madrecita  atravessou meus dedos energizando-me em conexão com o que há de mais sagrado e visceral; O vento sussurrou... Era o canto de Oyá! A sua energia invadiu cada célula do meu corpo, como um vento em espiral me convidando a dançar... De frente para o Fogo, a dança se refez com a leveza de uma borboleta. A Arte foi se revelando na minha tela mental mostrando-se por inteira e pouco a pouco, a dança me conduziu em cada pincelada! O amarelo surgiu como o fogo, acendendo a chama da minha ancestralidade", conta.

De acordo com Marcele, a obra " O sopro de Oyá" fará parte de sua exposição prevista ainda para o primeiro semestre deste ano, mas pretende até lá produzir outras telas na força da medicina. " Que força é essa, meu Deus! Estou tão feliz que já pedi a oportunidade de produzir outras telas durante a cerimônia, pois tudo que vivi, senti e pincelei, é a expressão daquilo que estava vindo de toda minha árvore ancestral", finalizou.

O 7 Raízes do Amanhã é um trabalho terapêutico xamânico que atua com as medicinas da floresta: ayahuasca, sananga e rapé. O grupo é conduzido pelo jornalista, gestor de pessoas e terapeuta xamânico em formação, Danúbio Trindade e pelo empresário e guardião da Madrecita, Sérgio Carvalho. A roda de cura acontece uma vez por mês no Espaço Ser Luz em Piatã.