Cultura

TERRA INDOMADA SÉRIE NETFLIX Q CONTA A HISTÓRIA MÓRMONS DE UTAH (SO)

A conquista de Utah EUA num western à moda antiga com muita bala e o avanço dos Mórmons (Igreja dos Santos dos Últimos Dias) em Salt Laky City a partir do Forte Bridge
Seap Ocnarf , Salvador | 17/01/2025 às 18:34
Terra Indomada um western à moda antiga no inverno de Utah
Foto: REP

Lançada recentemente pela Netflix, a série com seis episódios, revela lances do gênero western antigo (diferente de “Yellowstone” e da australiana “Territory” western contemporâneos) conta a história do conflito do ano de 1857 envolvendo nativos americanos, pioneiros, soldados mórmons e o governo dos Estados Unidos na região de Utah onde os mórmons se fixaram e têm sua sede universal da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, até os dias atuais em Salt Lake City.

Dirigida por Pete Berg e roteirizada por Mark L. Smith a série retrata o período de ocupação de regiões dos EUA por imigrantes de toda natureza em busca da riqueza e registra, do ponto de vista da história, o Massacre da Montanha Meadows

Assim, personagens como Jim Bridger (Shea Whigham), Brigham Young (Kim Coates), Wild Bill Hickman (Alex Breaux), Winter Bird (Irene Bedard) e James Wolsey (Joe Tippett) foram todos inspirados em figuras que realmente existiram. 

A série é baseada na história de pessoas que realmente existiram. Segundo Berg, um dos elementos reais que se destacam em Terra Indomável é o fato de que ela se trata de uma história na qual não há heróis ou vilões. Explica que, enquanto os mórmons estão preocupados em virar alvo do exército, tribos indígenas se preocupam em perder ainda mais de sua terra. Por outro lado, os mineradores de Fort Bridger temem pela chegada de grandes companhias que vão tirar seus meios de subsistência.

Para dar mais autenticidade à produção, a Netflix contou com a consultoria de mórmons, militares e especialistas na história do estado de Utah. Além disso, membros das tribos Shoshone e Paiute também foram consultados, fornecendo inclusive roupas e itens autênticos da época que ajudaram na criação dos figurinos. 

No final do século XIX, os Estados Unidos ainda eram um país movido pela escravidão e pela conquista de novos territórios. E essas conquistas foram na base da bala, ambições desmedidas, fé e muito sangue derramado. 

E na trajetória de uma mulher interpretada por Betty Gilpin (na história real Sara Rowel) em busca de um guia para ajudar ela e seu filho, Devin (Preston Mota), a atravessar a região de Utah, palco de uma disputa territorial pelo governo norte-americano, comunidades mórmons, saqueadores e tribos indígenas ela se une à caravana do mórmon Jacob Pratt (Dane DeHaan), mas se vê obrigada a fugir com Devin quando bandidos mascarados atacam e massacram seu grupo.

Betty e Devin são salvos por Isaac (Taylor Kitsch), um caubói (tipo super herói) decide ajudá-los a atravessar a região para chegar à Califórnia. Betty tem em seu encalço caçadores de recompensas que sabem que sua fuga é por ter assassinado o marido.

O estado de Utah tem um dos invernos mais severos do país e bom parte do filme é rodado nesse cenário. Não há espaço para o homem civilizado nesta região, onde até mesmo os mórmons, marcados pelo fanatismo religioso, se entregaram à luta armada para não ceder às forças inimigas.

Os mórmons, inclusive, são os protagonistas de uma segunda história contada na minissérie. Paralelo à jornada de Betty, narra-se a Guerra Mórmon liderada pelo então governador do Utah Brigham Young (Kim Coates), um pregador religioso cujo maior objetivo era dominar as terras para seus seguidores. Responsáveis pelo massacre que destruiu a caravana de Betty, eles buscam eliminar todos os sobreviventes do ataque para que o exército dos EUA não inicie uma retaliação, mas o devoto e apaixonado Jacob coloca estes planos em risco ao decidir encarar a tal terra indomável para encontrar sua esposa desaparecida, Abish (Saura Lightfoot-Leon).

A série, portanto, numa terra de ninguém, os métodos e as práticas usadas todos os grupos de pessoas, isoladamente, é a mesma: dinheiro, corrupção, ambição e bala. Muita bala (e algumas flechas dos nativos) onde a lei única imperante é a violência e a força bem típicos da ocupação do Oeste norte-americano. Creio que esse modelo de western, já batido, quase exaurido, agrada os telespectadores sobretudo quando se trata de uma narrativa que mescla realidade com ficção. (Seap Ocnarf)