Veja abaixo quais são os produtos mais vendidos no Natal da Avenida Sete
Tasso Franco , Salvador |
26/12/2024 às 10:23
Um formigueiro humano na Avenida Sete durante a semana do Natal e Réveillon
Foto: BJÁ
A época mais esperada do ano pelos comerciantes e prestadores de serviços da Avenida Sete é o Natal período que se estende até a virada do ano. Pobre não participa de “réveillon” que é um termo afrancesado de se comemorar a chegada do ano novo com o espoucar de “champagne” n’algum hotel chique ou clube social. Os consumidores da Sete comemoram a festa natalina em casa e o final de ano na Boa Viagem, a decadente manifestação popular de largo na cidade baixa.
Salvador tem produzindo nos últimos anos o Festival da Virada e os “looks” para quem vai a essa festa pública, na Boca do Rio, a maioria sai da Avenida Sete, em tecidos vendidos a metro ou em confecções. As lojas ficam repletas de clientes e um vestido longo confeccionado por uma costureira pode sair pelo módico preço de R$120,00 sendo R$50,00 do tecido 1m e 1/2 a R$20,00 e mais R$70,00 da profissional em costura. Pode também comprar já pronto e há até mais baratos na base de R$90,00 – o longo.
Para vestir os homens o trecho com maior quantidade de tendas-lojas se situa entre o Relógio de São Bento e o Largo de São Bento e as camisas sociais em média custam entre R$70,00 e R$80,00 e as calças sociais R$80,00 a R$90,00. As bermudas e as camisas esportivas são mais baratadas na faixa de R$40,00 a R$80,00. No Reino das Yabás, área do Rosário, é possível comprar uma bata e calça (conjunto todo branco) por R$100,00 e tem conjuntos (todos brancos com detalhes em dourado ou verde) POR R$180,00 e os clientes podem dividir em até três vezes sem juros.
Neste Natal não apareceu nada de novo em moda de vestuário, porém, os produtos em crochê estão em alta e vendendo bastante. Há, ao menos, dois tipos bem identificáveis: as peças de crochês feitos à mão – camisetas, boinas, saias, biquinis, calças, saídas de praia, etc – que são de melhor qualidade e mais caras; e as peças industriais – normalmente, vestidos, saídas de praias e outros com cores chamativas – mais baratas. Uma boina estilo rastafari Jamaica feito à mão bordada com várias cores custa R$120,00 e um boné no mesmo estilo R$90,00 com crochê de qualidade.
Para identificar um dos outro é só pegar e olhar de perto. Esse mesmo olhar e pegar vale para os tecidos vendidos no metro. A variedade é enorme e os preços variam de R$9,00 (retalhos) a R$90,00 (linho branco). A média, no entanto, para os mais vendidos gira em torno de R$20,00 a R$40,00 cada metros. Tecido infestado 2 metros dá pra fazer um vestido e uma saia 1 metro.
A novidade maior neste Natal está nos calçados nas sandálias “platform” também chamadas de “plafon” - vendidas para homens e mulheres; e as “papetes” femininas com tiras. A quantidade de modelos impressiona. As “plafons” quanto mais altas melhores para as mulheres e as rasteiras clonadas com a marca YSL para homens as mais disputadas. Os preços variam entre R$70,00 e R$90,00, mas há também as R$50,00 e as rasteiras para mulheres de R$15,00 a R$20,00.
As “papetes” masculinas também estão em moda e os chineles tipo “vintage” com preços que variam entre R$90,00 e R$150,00. Sapatos em couro estão em baixa. Os tênis em alta. Calçados, de uma forma geral, vendem mais em lojas do que nos ambulantes. Nessa corrida os ambulantes não se deram bem ainda que haja algumas tendas de sandálias femininas nos corredores da Sete.
Os perfumes falsificados com nomes “franco-brasis” ou até sem nomes, porém, divulgados pelos vendedores como franceses estão em alta e há várias bancas de vendas. Variam os preços entre R$50,00 e R$90,00 os menores e maiores. Tem para todos os gostos. “Dion” que se assemelha a Dior; “Monte Branco” que é similar ao Mont-Blanche, “Animale”, YSL – só a marca sem citar o nome, o “Verde”, o “Blue” e os clientes testam alguns deles com amostras existentes nos locais.
A população não é boba. Sabe que são perfumes falsificados e fabricados no Brasil (a Policia frequentemente fecha fábricas no interior de SP) ou que veem do Paraguai através dos sacoleiros. Mas, ninguém se preocupa com isso e consome, compra e fim de papo. Pagou levou e não tem troca. Aliás, esse negócio de troca que é comum em lojas, nos ambulantes, esqueça.
Os produtos de natal em si também são muitos vendidos na Avenida Sete. Esses adereços – bolas, guirlandas, luminárias, árvores, etc, e que eram vendidos nos ambulantes sofreu um giro com a instalação das lojas dos chineses que dominam esse mercado. O que aconteceu é que os preços nas lojas dos Chinas são mais baratos do que os dos ambulantes.
Outra área que os chineses dominam (há também lojas de brasis) é o comércio de bijuterias popularmente chamadas de “bijus” que está praticamente localizado nas lojas e há várias delas com uma quantidade enorme de produtos os mais variados – pulseiras, anéis, colares, gargantilhas, argolas, etc – com preços que variam entre R$10,00 e R$50,00, média. Há alguns um pouco mais caros. Lembrando que na Avenida Sete nada que ultrapasse R$100,00 (salvo eletrodomésticos e óculos em lojas) tem boas vendas.
Óculos para o verão (chamados popularmente de óculos escuros) e óculos com lentes transparentes e até com lentes contendo graus são vendidos pelos ambulantes e pelas lojas. Esse é um mercado imenso na Avenida Sete e existem dezenas de óticas no Edifício Fundação Politécnica e nas galerias e outras lojas enormes na via que atuam só atendendo clientes com receitas de oculistas. Alguns dessas lojas oferecem os exames gratuitamente, óbvio, se o cliente comprar os óculos na loja.
Os preços das óticas da Avenida são mais baratos do que as óticas de shoppings daí esse intenso movimento que tem não só na época do Natal, como durante todo o ano.
Diria, até, que os óculos não são chamarizes para as vendas de Natal e os ambulantes mercam os “escuros” para a temporada de verão, que se confunde um pouco com o Natal/Réveillon uma vez que o verão começou no ultimo dia 21.
De onde vem tantas armações de óculos a preços tão baratos se comparados aos das óticas?
Da China, de fábricas clandestinas no Brasil, da Índia e da Itália. Mas é difícil saber se é ou não é. A população de baixa renda não se preocupa com isso. Experimenta na rua, o vendedor lhe oferece um espelho pequeno para olhar e pronto. Se gostou. Tá feito o negócio. Se você estiver experimentando e pedir a opinião dele (ou até não pedir) ele diz local: - Ficou muito bem em você.
Os vendedores – já falamos isso aqui quando abordamos o tema da propaganda no gogó – são craques em elogiar seus produtos à venda. E essa é uma técnica que dá bons resultados. Quem não grita, não merca e fica esperando os clientes não vende tanto quanto aquele que berra, exalta, oferece, faz promoções.
Outro produto em alta no Natal e que também tem uma variedade enorme de itens são os cosméticos com produtos para cabelos, unhas e maquiagens. Esse é um comércio que vende durante todo o ano, porém, na época do Natal e na virada do ano, as mulheres, em especial, ficam ouriçadas, querem se apresentar mais bonitas e esses produtos vendem como água com algumas lojas no corredor de São Pedro e Beco 11 de Julho voltadas somente para esses produtos, as lojas dos “Chinas” e outros. Os ambulantes também perderam espaços nesse mercado.
O Beco das Sobrancelhas fica lotadíssimos de clientes e os salões de rua também especialmente na Praça Rio Branco.
O mercado de bolsas e bags de costas (mochilas) é também muito disputado na época do Natal embora tenha vendas frequentes durante todo o ano. Há becos como o da Forca praticamente só com tendas de bolsas e o camelódromo do Relógio, 40 lojas, a maioria de bolsas. Há também lojas só de bolsas e malas de propriedade dos “Chinas” especialmente no trecho das Mercês. As esportivas, as de viagem e as de ombro são as mais vendidas. As bolsas básicas para senhoras são as mais procuradas. Preços variam de R$35,00 e R$90,00.
As joias em ouro tipos alianças para noivados e casamentos são as mais vendidas nesta época do Natal, pois, muitos casais ficam noivas e se casam nesse momento do ano. Existem dezenas de lojas nas galerias da Sete, as mais frequentadas na Ladeira do São Bento e extensão até a área do Relógio, na Mercês (Edifício Santo Amaro e outros). Claro que os preços são mais altos, porém, que compra uma joia em ouro sabe que é pra toda a vida. Depois das alianças o que mais vende são as correntes (masculinas e femininas) com relicários, pingentes, pencas, etc.
Preços variam muito e passam de R$1.000,00 e até R$2.000,00 divididos em até dez vezes. Há peças individuais (correntes, etc) de R$400,00 a R$700,00.
Dois mercados bem agitados nesta época são os brinquedos infantis e os produtos para festas. São inúmeras lojas, tendas de ambulantes e o corredor do Portão da Piedade na área do Relógio. A variedade é imensa e os eletrônicos estão em alta, brinquedos que se transformam de um carro para robô, os que se movimentam, os que produzem música. Há uma roda gigante que gira e vai tocando uma música. Acabou a música dá corda de novo e segue tocando. Papais Noéis ainda vendem, mas, não como antigamente.
O Papai Noel mais vendido é o que toca saxofone. Está em alta e tem vários modelos grandes vendidos nos “Chinas”.
Eletrodomésticos no momento do Natal a preferência é pelas caixas de sons estilo JBL (portáteis) e a estilo móveis (porradão) as amplificas e as grandes Bluetooth. Antes do Natal tem a “Black Friday” onde as preferências e ofertas maiores são TVs, geladeiras e fogões.
Os brechós da Sete também ficam lotados nessa época do ano e a Livraria Paulinas (a única da avenida) recebe um bom público e vende a mancheia a “Folhinha do Sagrado Coração de Jesus”. Os vendedores de livros da praça da Piedade também vendem bem.
Assim é a Avenida Sete comercial no Natal. Para alimentar essa quantidade de gente as lanchonetes, bares, restaurantes e tendas que vendem comidas e mais as baianas do acarajé trabalham sem parar.
Quanto à segurança dos clientes cada qual que cuide de si. A PM faz um ostensivo no Relógio de São Pedro e com motociclistas e as lojas têm seus seguranças particulares.