As modificações da Avenida Sete nos domingos nas diferentes áreas, do comércio, serviço e praia
Tasso Franco , Salvador |
19/12/2024 às 08:58
A Avenida Sete na área comercial fica vazia
Foto: BJÁ
A “Senhora Avenida Sete” aos domingos tem três dimensões distintas bem diferenciadas dos dias normais de trabalho da semana e dos sábados. Transfigura-se. Muda de cor como um camaleão e por ser feminina torna-se camaleoa no bom sentido da palavra: o trecho comercial que vai da Ladeira de São Bento até a Mercês fica deserto com lojas, shopping Edifício Fundação Politécnica, galerias, restaurantes e lanchonetes fechadas e as tendas dos camelôs vazias.
O movimento de pessoas só não vai a zero porque aos domingos os três templos católicos desse trecho – igrejas de São Pedro e Nossa Senhora do Rosário; e a basílica de São Sebastião do Mosteiro de São Bento - e mais o convento de Nossa Senhora da Piedade que fica nas imediações têm missas concorridas. Na de São Bento das 3 missas que são celebradas na semana esta é a que maior público.
Outro detalhe interessante é que os fiéis em São Bento são todos de fora, isto é, de outros bairros e têm cara de classe média alta (ex-alunos do Colégio) até pelos carros que usam e estacionam na praça Ludwik Zamenhof, fundador do Esperanto. Já os fiéis das outras igrejas são de moradores da Sete e redondezas – Largo 2 de Julho, Direita da Piedade, Aflitos, Areal, etc – uma vez que dois outros templos católicos dessa área estão fechados: a Igreja de Nossa Senhora das Mercês e a de Bom Jesus dos Aflitos.
Destaco esse aspecto porque durante a semana os três templos da Sete citados abrigam muitas pessoas que vão às compras e aproveitam e oram nas igrejas. A mais movimentada durante toda a semana é a Paróquia de São Pedro com lateral para a Sete e frontispício para a Praça da Piedade.
Então, nesse trecho da Sete, aos domingos, não se compra nem se vende nada, não há prestadores de serviços e até as meninas e os boys de programa, á noite, desaparecem. A folga é geral. Salvo exceções as farmácias de plantão, os guardadores de veículos e vendedores de lanches avulsos.
Também aos domingos os mendigos pululam. São raros durante a semana na Avenida, ainda assim, na porta da igreja de São Pedro e no corredor à esquerda após a Praça do Rosário. No corredor à direita, onde existem as tendas dos ambulantes, mendigos não prosperam. Os vendedores (pequenos empreendedores) não os admitem por lá. Aos domingos, no entanto, nas portas das duas igrejas e na basílica de São Sebastião há muitos.
A circulação de veículos particulares e ônibus nessa área comercial aos domingos é pequena salvo dos daqueles fieis que vão as missas e quando chegam as partes da tarde e da noite, praticamente não existe, passa um ou outros veiculo em direção ao centro histórico tradicional e dos moradores que residem na avenida.
O trecho da Aclamação ao Campo Grande é “morto” aos domingos na área da via propriamente dita, o comércio é fechado e o movimento de concerta no embarque e desembarque de passageiros no Wish Hotel (antigo Hotel da Bahia), no Restaurante Comida de Buteco e na pista de “Cooper” do antigo Campo de São Pedro. Embora no Campo Grande (na praça) haja sempre eventos aos domingos essa área não pode ser considerada Avenida Sete com exclusividade porque integra outros bairros e áreas da cidade, o Canela, Fazenda Garcia e Rua Direita de São Pedro.
Por isso mesmo, nesse nosso trabalho, não colocamos o Campo Grande como exclusivo da Sete. No 7 de Setembro, o trecho da Sete no Campo Grande tem destaque porque é aí que acontece o desfile cívico. Aos domingos, esse trecho é usado apenas pelos atletas de finais de semana e do “Cooper”.
O Corredor da Vitória vive aos domingos um ambiente diferenciado da semana uma vez que os moradores dos prédios aproveitam o dia para a prática do “Cooper” – tem uma excelente pista no local com 1km sem depressões – e alguns esticam até o Porto da Barra e Farol de Santo Antônio – 3 km o que representa ida e volta 6 km e a Ladeira da Barra a enfrentar com algumas depressões e buracos na pista. É preciso ter cuidado para não torcer os pés.
Os restaurantes e lojas do Vitória Boulevard funcionam, o Museu Geológico é fechado, a Sala de Arte e Cinema funcionam, o MAB e o Costa Pinto também abrem as portas, a Casa das Frutas só abre até meio dia, o Grão (comidas naturais) é fechado, o HiperIdeal abre até 18h, o Coffeetown é aberto e o Abaixadinho também.
O movimento de pessoas no Corredor cai muito à tarde e à noite o local ficando praticamente deserto aos domingos.
Já a Ladeira da Barra, na parte da manhã, tem uma movimentação intensa de pessoas e veículos por ser um dos caminhos para se chegar ao Porto da Barra, área de praia, que, aos domingos é o dia mais movimentado. Além disso, na parte da manhã, ocorre a missa dominical que acontece na Igreja de Santo Antônio da Barra, no outeiro, cujo caminho é a Avenida Sete, onde também fica uma das entradas para o Iatch Club e um estacionamento. É intenso o movimento de pessoas mais pela manhã diminuindo na parte da tarde. Os restaurantes da Ladeira da Barra funcionam dia e noite.
A área mais movimentada da Avenida Sete aos domingos é o trecho do Porto da Barra sobretudo se o dia for de sol intenso. A praia tem superlotação e o agito se estende a Avenida Sete com seus restaurantes, bares, lanchonetes, vendedores de coco, baianas do acarajé e vendedores de produtos de toda natureza: de boqiomos a pasteis. É o dia em que os barraqueiros (chamados de isoposeiros) mais vendem cervejas e outros produtos.
Em Salvador, a venda de bebidas alcoólicas nas praias é permitida, sem limites. Já se tentou implantar uma lei (estilo tolerância zero) para que as vendas de bebidas alcoólicas e o seu consumo aos domingos só fossem permitidos até às 14h, como em Londres e Montreal, mas essa lei nunca avançou na Assembleia Legislativa e na Câmara de Vereadores. Então, a permissibilidade é geral e muita gente bebe e dirige veículos em seguida, não só na praia do Porto mas em outras praias e ruas da cidade.
Todo mundo quer conter a violência diminuir a incidência de crimes que é maior nos finais de semana, muitos deles provocados a partir do consumo de bebidas alcoólicas nas praias e nos bares da periferia, mas os políticos alegam que uma lei nessa direção só prejudicaria os mais pobres que deixariam de realizar negócios. O que nos parece, uma bobagem. Então, segue o vale tudo.
O Porto da Barra, admitem algumas pessoas e é real trata-se de uma área insegura a partir de determinada hora da noite e por lá acontecem muitas brigas e até crimes. Toda semana a imprensa local divulga. A PM tem até uma sub-base com uma viatura que fica estacionamento na pracinha Masques de Leão. À noite a turma que faz programa – boys e girls – dominam o espaço em “tratoir”. Aparece por lá quem quer e pronto.
O trecho final da Avenida Sete aos domingos é um local de passagem entre as praias do Farol (fora da Sete) e do Porto e há três prainhas pequenas que só recebem público com a maré baixa: uma delas na primeira escada a partir do Farol (também chamada de escada dos surfistas e onde se situa a tenda de venda de cocos verdes do Carreta); a segunda situada na área da segunda escada (próxima a estação da Embasa); e a terceira em frente ao Restaurante Pereira, a maior das três e que se estende até a beirada do Forte de Santa Maria.
O Pereira integra o Vila Goumert da Barra onde tem outros restaurantes que abrem aos domingos. O movimento de clientes é intenso em especial às tardes, embora o dia de maior quantidade de clientes é no sábado, às noites.
Nesta área também se situam o Hospital 2 de Julho (antigo Hospital Espanhol) o Hotel MarAzul (fechado há alguns anos e pertence a família Irujo)
A Avenida Sete, portanto, aos domingos tem esses três ambientes bem diferenciados daí ser camaleoa, moldando de tons e atendendo a todos. Nenhuma outra avenida de Salvador tem essas características.