Luiz Mário é cronista
Luiz Mário Nogueira , Salvador |
05/12/2024 às 11:28
Seguidoras de Iansã
Foto: BJÁ
O nome Iansã fora uma dádiva de Xangô após a liça acalorada com Ogum, senhorando-se do seu amor e a reio assumindo-a como consorte. Em boa hora vaidosa, solamente decifrou o seu rosto ao soslaio de Obaluaê, um dos reinos por ela palmilhados. Mãe dos nove "órun" (a esfera armilar), no primeiro abarca o órun-apadi, o céu dos maus e no nono o órun-rere, o céu dos bons, aliança dos seres olímpicos entre si, os homens e a natureza.
Na sua festa pavios incandescentes de algodão encantados em óleo de dendê são prometidos graciosamente e ufano ao toque sagrado do "agueré", evolução e meneio de braços parodiando o fogo do céu, borrasca violenta, repiquete ou samiel que correm todos os rumos, fulmina com extrema veemência a dispersão de raios luminosos.
*Pespegar forma duradoura à chucha calada está na fala do povo de santo. Um filho de Iansã é aliciante, alteroso, barbiteso, cativante, enérgico, heroizante e sirênico. Pós banho lustral à base de ervas, enfeita-se com o monjoló, um colar de contas carmesim e a coroa artesanal (adé), para, então, agasalhar face a face o colóquio entre o vivente e o portentoso, entre a carne e o sublime, entre o amovível e o perpétuo.