No ritmo frenético do mercado editorial, há um fato incontestável: livros são publicados o tempo todo. Os editores estão continuamente de olho no próximo best-seller, analisando tendências, estudando manuscritos e avaliando cada página com cuidado. O setor de produção calcula custos, gerencia prazos e busca a excelência gráfica. Mas, em meio a todas essas operações internas, quem está falando diretamente com os leitores? Quem está construindo pontes entre o conteúdo e o público? Quem está preparando o terreno para o sucesso comercial do próximo lançamento?
O que vejo, ao longo dos meus 15 anos trabalhando com editoras no Brasil, é uma tendência preocupante: há uma ênfase desproporcional na produção do livro, mas muito pouco foco e investimento real em marketing e comercialização. Enquanto o livro está impecável nas prateleiras, a conexão com o leitor, essencial para o sucesso de qualquer obra, fica frequentemente em segundo plano (isso quando há o segundo plano!). E não me leve a mal. Entendo que a produção de um livro é complexa e cara. Gráficas, revisores, designers, ghost writers, tradutores... todos têm seu papel crucial. Mas será que os esforços terminam aí? Será que é suficiente colocar o livro à venda e esperar que magicamente ele chegue às mãos dos leitores certos?
Se basearmos nossas estratégias apenas na produção, continuaremos enfrentando os mesmos desafios: livrarias vazias, leitores dispersos, reclamações de que "não há leitores no Brasil". Será mesmo que não há leitores? Ou será que estamos deixando de investir na formação deles? Napoleon Hill, em seu icônico método de vendas, sempre deixou claro: a comercialização de qualquer produto, seja um livro ou um carro, depende de uma comunicação estratégica com o público. Não basta produzir algo excelente, é preciso saber como fazer com que as pessoas o queiram. Isso envolve marketing real, planejamento contínuo e um olhar constante para as tendências de comportamento. As editoras precisam enxergar o marketing não como luxo, mas como necessidade.
Outras indústrias entenderam isso há muito tempo. Vejamos o mercado de tecnologia, por exemplo. Gigantes do setor gastam tanto em marketing quanto em desenvolvimento de produtos. Por quê? Porque sabem que o sucesso está não apenas no que eles criam, mas em como se conectam com o público. E no mercado editorial não é diferente. Sem um esforço consistente para criar demanda, engajar leitores e formar novos públicos, ficaremos estagnados, com prateleiras cheias, mas leitores ausentes.
É frustrante ver editoras brasileiras queixando-se de que os leitores são escassos, quando, na verdade, deveriam investir em formá-los. O marketing não é apenas sobre vender um livro. É sobre construir uma base de fãs, engajar comunidades, entender profundamente os desejos e necessidades do público. Isso requer pesquisa, estratégias bem pensadas e a criação de conteúdo que atraia e retenha leitores ao longo do tempo. A falta de investimento em marketing sólido acaba transformando muitas campanhas editoriais em tentativas desesperadas de "pedir" leitores, ao invés de atraí-los com valor. Formar leitores é um trabalho diário, que envolve não apenas o lançamento de um título, mas um planejamento constante que comece muito antes do livro chegar às prateleiras.
Como diretora da maior agência de divulgação de livros no Brasil e alguém que tem trabalhado lado a lado com editoras ao longo dos últimos 15 anos, posso afirmar: é possível fazer milagres com orçamentos de marketing, mas esses milagres se tornam mais eficazes quando há uma visão estratégica por trás. Faltou dizer o segredo: constância e trabalho árduo. O marketing deve ser visto como uma peça fundamental para o sucesso editorial, assim como a produção gráfica ou o conteúdo editorial. Enquanto o mercado continuar investindo exclusivamente na produção do livro, sem alocar verbas adequadas para o marketing e o setor comercial, será difícil gerar demanda e alcançar novos leitores. E quem não investir nessa área vital continuará vendo o sucesso do livro como uma exceção, um jogo de sorte, quando poderia ser a regra.
Quero deixar uma mensagem especial aos donos de editoras e gestores do setor: não há futuro para o mercado editorial sem marketing. Quem não estiver disposto a mudar, a se adaptar e a enxergar o marketing como um investimento essencial, estará sempre reclamando e num ciclo vicioso na busca pelo tão necessário lucro para manter o negócio saudável.
Enquanto isso, quem entendeu o jogo, lucra e ganha, cada vez mais, uma fatia do mercado.
Se quer ter leitores, comece hoje a investir no marketing da sua editora.
Com respeito e o desejo de um mercado lucrativo,