Walmir Rosário é jornalista, radialista e advogado
Tasso Franco , Salvador |
03/10/2024 às 18:17
Walmir Rosário, o cronista
Foto: DIV
Com a eleição na reta final, muita gente ainda não escolheu seu candidato, na maioria das vezes por falta de informações. É que eles ficam entocados durante quatro anos, aguardando apenas a largada para uma boa colocação numa câmara municipal qualquer, também chamada de câmara de vereadores. E aí falta tempo suficiente ao
eleitor conhecê-los de perto.
Confesso que pensei em analisar esses candidatos, mas com o passar do tempo esqueci completamente da minha promessa. Ainda bem que tenho amigos que sabem cuidar das questões dos amigos, reparando algumas falhas cometidas ao longo do tempo. E foi providencial o convite de Valdemar Broxinha para nos dedicarmos à análise dos candidatos durante um dia inteiro.
E o local escolhido foi o Bar Laranjeiras, de Bené, no centro da cidade, perto de todos os interessados. Imediatamente surgiu outro pretexto: reeditar uma das reuniões do Clube dos Rolas Cansadas, no local mais apropriado. Bastou uma ligação de Valdemar Broxinha, Bené cuidou de gelar cerveja, preparar uma boa quantidade de almôndegas caseiras para saciar a sede e fomes dos associados.
A proposta seria passar em pente fino a vida dos candidatos a prefeito e vereador, sem qualquer favorecimento aos amigos ou injustiça aos menos chegados. Telefonemas e mensagens via whatsapp disparados, pelo menos 10 associados confirmaram presença ao meio-dia em pino da quarta-feira passada, com sua relação de candidatos.
Apesar de aposentados, os associados do vetusto Clube dos Rolas Cansadas “deram um cano” no encontro, alegando os mais diversos compromissos surgidos de última hora, com explicações nada convincentes. Fora desse time ficou Zé do Gás, que se envolveu num acidente ao atropelar um cão em plena avenida. Depois de prestados os socorros, ele não mais reunia condições emocionais para a reunião.
Como Valdemar Broxinha não é homem de perder a viagem, ainda mais para um debate de elevada importância cívica, resolveu abrir o encontro com os presentes. É certo que eram poucos, eu, o italiano Alessandro, Bené, e mais uns dois gatos pingados que resolveram ir dar suas desculpas in loco, e aproveitaram para assinar a ata e dar dois ou três pitacos.
Bom mesmo e fez valer a pena a reunião foi o nível de conhecimento de Valdemar Broxinha, de Alessandro Italiano e Bené, que apenas utilizando a boa memória, fizeram relatos detalhados da vida pregressa dos políticos. De cara, a maioria foi reprovada por comportamento inadequado, sobrando umas três dúzias de concorrentes.
Entre os goles de cerveja e garfadas nas almôndegas, o relatório (ou ata) já contava com pelo menos umas cinco páginas, escritas em letras vermelhas para nominar os reprovados e quase duas páginas, em letras azuis com os considerados aptos ao voto. Juro que as análises foram feitas de forma honesta e democrática, justificando os
adjetivos.
Pelo menos de meia em meia hora éramos importunados por cabos eleitorais e até candidatos em busca dos incautos eleitores. Nunca vi tanta gente escolada na arte de pedir votos e fazer promessas, estas que serão devidamente cumpridas após a posse. A garantia oferecida eram seus vastos conhecimentos da política, praticada há mais de 20
anos. Ganhou, emprego garantido!
E a análise era iniciada com o comportamento dos candidatos ao longo dos anos, desde sua mocidade, passando pela vida profissional, amizades, e familiar, se casado fosse. Fiquei deveras surpreso com a quantidade de informações armazenadas por Valdemar Broxinha, o italiano Alessandro e Bené, que passaram em revista a política de
Canavieiras nos últimos 50 anos.
Ata aprovada e assinada, foi imediatamente fotografada e transmitida pelo whatsapp aos demais participantes do Clube dos Rolas Cansadas para o conhecimento e uso patriótico das informações. Agora, de posse de importantes informações, vamos aguardar a abertura das urnas e estudar o comportamento detalhado do eleitor canavieirense
sobre os escolhidos.
Espero que as informações contidas na ata não tenham refletido o alto teor dos debates, animados por cerveja bem gelada e de reduzido teor alcoólico, mantendo incólume o relatório com ares de ciência. Por tudo que foi posto, nos resta certificar que o lugar correto para discutir sociologia, filosofia e outros “ias” é mesmo numa mesa de bar.