O terceiro trecho da Av. Sete situado entre as praças Rio Branco e Piedade é o mais movimentado do ponto de vista do comércio e serviços, creio, com mais de 3.000 pontos de negócios
Tasso Franco , Salvador |
19/09/2024 às 09:51
Trecho mais movimentado da Av. Sete, comercial
Foto: BJÁ
TERCEIRO TRECHO O CORAÇÃO COMERCIAL DA AVENIDA
O terceiro trecho da Av. Sete situado entre as praças Rio Branco e Piedade é o mais movimentado do ponto de vista do comércio e serviços, creio, com mais de 3.000 pontos de negócios entre lojões, lojinhas, tendas, quiosques, salas, isopores, carrinhos, tabuleiros, araras, oficinas e outros num espaço de aproximadamente 150 metros de comprimento e variáveis de 20 a 30 de largura. É o coração da avenida.
Do lado direito, esse trecho se inicia no Edifício Fundação Politécnica, um gigante com duas torres de 12 andares, shopping e centenas de lojas e salas de serviços desde médicos à odontológicos e se encerra no Beco da Farmácia - como o próprio nome diz - na Farmácia Permanente; e do outro lado, à esquerda, se inicia num edifício de dois andares onde se situa a lanchonete e restaurante Dileto, em seguida o Beco 11 de Julho e um corredor de cinco edifícios, dois deles com dois andares cada (um sem nome abandonado e o Edifício Campos) e três com 7 andares (edifícios São Pedro (número 80), Alta Bahia e Rio Branco.
Nos térreos desses edifícios estão instaladas o lojão da IAP Cosméticos, a Fábrica de Óculos Iris (Edf Campos), loja China e Nice – Técnica em Celular e Distribuidora (Edf Alta Bahia) e uma galeria com várias lojas (Edf Rio Branco).
Esses prédios ficam de testa com a Praça Rio Branco – conhecida, popularmente, como Praça do Relógio de São Pedro ou Relógio de São Pedro, ou até Relógio. Se a pessoa disser: - Me encontro com você no Relógio já se sabe, ou fica subentendido que é na Praça do Relógio de São Pedro.
É o ponto mais popular desse trecho onde a Prefeitura instalou, recentemente, o Camelódromo do Relógio de São Pedro com 40 lojinhas – bolsas, bermudas, relógios, confecções variadas, meias e conserto de celulares e relógios, etc - situado em frente aos cinco prédios já citados.
Os comerciantes instalados no térreo desses prédios não gostaram disso porque o camelódromo encobriu a fachada de suas lojas, mas, como nesse local circulam milhares de pessoas e é um dos caminhos para a Estação da Lapa – ônibus e metrô - menos mal. E os clientes já sabem. Quando querem cosméticos vão a IAP e quando querem peças e acessórios para celulares vão a Nice, e essas informações já têm de bastidores fornecidas por familiares ou amigos.
Daí segue instalada em térreo de casarão com dois andares (residencial) a Óticas Luna (loja nova) e a Petronius Júnior loja antiga que fica de testa com a praça, na direção ao Portão da Piedade a “Di Santinni” (calçados), a “Inova” (distribuidora oficial de capas e acessórios eletrônicos); uma segunda loja da IAP (em prédio moderno onde está a “Leokings”; e uma loja fecha no prédio seguinte com uma placa “Dailus!.
Nesta praça fazendo a curva em direção a Av Sete estão a “Mendes” (Calçados) ; o Edifício Andion ; uma boutique de roupas masculina; a “Brisa” (Você sempre na moda); a “Domest & CO”; ao lado em sobrado verde a “Glamour Bijouterias”, a “Kim Bailey” (chinês) atacado e varejo com bolsas eletrodomésticos e variedades; a “Só Hoje 35” (confecções femininas) e a “JR Indianos” – vestes típicas da Índia modelos femininos; e o prédio em modelo eclético italiano do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, construído em 1923, seguindo-se a Praça da Piedade com o gradil de Carybé.
Todo esse trecho incluindo parte da Praça Rio Branco é repleto de vendedores de comidas populares, propagandistas de igrejas evangélicas, baianas do acarajé, acesso ao beco do Portão da Piedade e várias tendas instaladas na lateral do IGHB (vide crônica sobre o IGHB), inclusive o gradil do instituto servindo de “arara” para exposição de peças de roupas e outros.
Há dois amoladores de alicates e quatro vendedores de comidas populares com bancos para os clientes. Eventualmente, vendedores de temperos verdes e os jogadores de dama e dominó também se concentram nesse espaço, assim como manicures e técnicos em bordar sobrancelhas.
O Edifício Fundação Politécnica será objeto de uma crônica à parte. Ainda assim, como esse trecho da avenida (lado direito) começa nele, cito, apenas, que há no térreo uma imensa loja “Primordial” – móveis, uma das mais tradicionais da cidade; a Drogaria Ultra – popular (imensa), um espaço vazio com a placa de aluga-se; uma loja “Solicitação de Empréstimos”, a “Ultra Max Service” - conserto de relógios e carimbos; e a “Casas Bahia” (eletrodomésticos); depois vem o lojão da “Nova Chic” – atacadão e varejo (confecções, malas, bolsas, etc) situado no térreo do Edifício Vila Moreira (cinco andares com 40 janelas nas fachadas para avenida com lojas prestadoras de serviços e compra de ouro); lojão da “15 & Vinte” – prédio de um pavimento (Mercadorias de 15 a 20 reais em dinheiro) de variedades – sombrinhas, brinquedos, bonecas, utilidades do lar; a “R Top” – moda feminina, em prédio de dois andares; a “Fênix” – atacadão e varejo no modelo chines – em prédio de um andar; a “Salvador Enxovais – cama, mesa e banho – prédio de dois andares; o Prédio da Previdência Social (5 andares) fechado; a “Orthopride”; o “Supermercado do Bebê”; o Restaurante Savoy; e o Beco do Mocambinho.
A partir deste beco há o prédio “Marquês de Abrantes” – outro gigante da avenida com 9 andares – no térreo abrigando a “Lojas Guaibim” – móveis e eletrodomésticos; e a “Belinha” – cuidando do nosso futuro (variedades para mamães); em seguida um casarão de dois andares que abrigava o Hotel Granada (fechado) e no térreo funciona a “Charme Bijuterias” e outra loja sem nome; adiante noutro prédio casarão amarelo de dois pisos (aparenta estado de abandono) a “GL Enxovais! – cama, mesa, banho e decoração - loja de fábrica com cortinas, tapetes, lençóis, toalhas, etc; adiante noutro casarão de um piso a loja “Tudo para o seu make” e no primeiro andar a “Dente.com”; adiante o “Beco da Sobrancelha” – especializado em maquiagem, manicures – (vide na crônica sobre os becos).
Seguindo, divisando com esse beco, se situa o Edifício Fátima número 545 com 7 andares (comercial e residencial) onde, no térreo, está instalada a loja “Arthur Baby” – onde se pode montar seu enxoval (há, na fachada, o dizer “o Senhor é meu pastor e nada me faltará”) com tudo para o bebê com roupas, acessórios, sapatinhos, saídas da maternidade, etc); em seguida um casarão azul belíssimo e bem conservado onde funciona no térreo a “Salgado Júnior Advogados “(previdência INSS, trabalhista, cível; a “Óticas Ernesto” (desde 1947) e uma loja de confecções; logo depois o Edifício Hermida (6 andares com 24 janelões na fachada – residência e comércio – e o térreo a “Casa Dalmo” – confecções em geral, moda infantil, moda íntima, produtos geriátricos; adiante noutro prédio azul com seis andares e 14 janelões – no térreo a loja “Baianão” – eletrodomésticos, que divisa com o Beco da Forca ou Rua da Forca.
Do outro lado deste beco se situa o edifício “Barão de Cotegipe” (loja de frente para a avenida, no térreo fechada) – a entrada deste prédio dá para o beco; adiante o edifício “Piedade” número 616 , onde, no térreo funciona a loja “Ari – O Paneleiro” – uma quantidade enorme de panelas e variações expostas inclusive na avenida – prédio antigo de “art-deco” – misto de residência serviços – compro ouro, “Netão Tattoo”, alugo para o Carnaval, etc; a seguir o Edifício “Totônia”, 624, cuja entrada fica no “Beco da Farmácia”, porém, a garagem o acesso é pela Av. Sete; e no térreo funcionam a “Miss Glamour” (China) onde há um aviso curioso: “Atenção, para sua segurança ao entrar na loja feche sua bolsa” (o que significa dizer que tem batedores de carteiras por perto) a drogaria “Pague Menos”; o beco e do outro lado o prédio da “Farmácia Permanente”.
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Em miúdos esse é o trecho da Av Sete mais movimentado por clientes, pacientes, trabalhadores, batedores de carteiras, bolsas e celulares, michês, garotos e garotas de programa, aposentados, comerciários, freiras, médicos, dentistas, massagistas, advogados, poetas, etc, etc, tem vida que se estende até tarde da noite embora o Hotel Granda tenha fechado, mas, há outros hotéis e salas que funcionam como motéis nas redondezas.
É uma correria imensa de um lado para o outro, sete becos camelódromos no entorno, duas praças, a Estação da Lapa (a principal da cidade para ônibus e metrô), dois shoppings center nas proximidades (O Center Lapa e o Piedade), dois templos católicos (Igreja de NS da Piedade e Igreja de São Pedro), e dois centros de cultura e bibliotecas – IGHB e Gabinete Português de Leitura.
Outrora, esse trecho era a Freguesia de São Pedro. Getúlio Tanajura Machado em “A História da Igreja de São Pedro”, narra que no “no início do século XIX era um bairro estritamente residencial com algum comércio de quitandeiras e sua população no censo de 1775 era de 6.680 habitantes e 1.215 casas”. Conta, ainda, que em 1855 foram calçadas de pedras a Rua de São Pedro e o largo do mesmo nome que era um alargamento da mesma rua. Na epidemia de “cólera morbus” (1855) morreram 212 pessoas nesta freguesia, sendo que, “a partir de melhoramentos urbanos e habitacionais na metade do século XIX já deixava de ser um bairro residencial para dar lugar ao comércio e importantes repartições: o Senado, os Correios e a Escola Politécnica”.
Veja, pois, como a cidade se movimenta. Quando da implantação da Av. Sete neste local já chamado de Distrito de São Pedro havia a Rua de São `Pedro, a Rua do Duarte, o Portão da Piedade, o Beco do Senado, a área do Cabeça – beco e rua adiante em direção ao Areal e a praça da Piedade que se chamava 13 de maio.
A Igreja de São Pedro Velho que ficava no meio do trajeto teve que ser derrubada e nessa área morava a aristocracia em belíssimos casarões, o que depois um deles foi demolido para a construção do Edifício Fundação Politécnica - o Solar Salvador que pertencia ao Barão do Rio de Contas.
Nessa proximidade também se situava o casarão onde morou Júlia Fetal, morta em 1847, pelo professor João Estanislau, no episódio conhecido como “O Crime da Bala de Ouro”, local onde morou Castro Alves e nasceu sua irmã Adelaide. É muita história que existe nessa área e deixo-a para os historiadores.
O importante salientar na nossa crônica são os movimentos da cidade. A última porta Sul ficava no São Bento e desapareceu em 1723. A Freguesia de São Pedro era área residencial na Colônia até a implantação da Av. Sete, 1915, quando passou a ser residencial e com comércio e repartições públicas. A partir dos anos 1960/1970 foi se tornando área de mais comércio e menos aristocracia, mas ainda tinha o com a característica europeia. Os usos e costumes, as vestes, etc, eram europeizados, em sua maioria, embora já existissem as quituteiras baianisadas. A partir dos anos 1990 se reciclou de vez como área de comércio popular com essa característica acentuada no mesmo viés em serviços.
Hoje, é assim. Uma área de comércio popular sustentada por empresas de porte, comerciantes ricos e comerciantes de pequenos negócios. A diáspora dos chineses dos anos 1960/1970 - famílias pobres e/ou remediadas com lavanderias e pastelarias; e 2010/2020 – famílias ricas com centros comerciais estilo lojões chinas – é também diferenciada, e não se assustem se, em mais 10 anos, a Sete no trecho São Bento-Mercês se torne uma “Chinatown” como as que existem em Londres, NY e Paris. Os chineses estão comprando os melhores pontos.
Todos juntos e entrelaçados estão os brasis pequenos comerciantes e prestadores de serviços com suas técnicas complexas de sobrevivência. Lázaro, vende livros usados na esquina da Piedade; Ana, comercializa vestes para cães; Almir, vende ervas; o pastor evangélico apela para que abracem Jesus; e eu, o andarilho vou contando essas histórias para vocês.
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Uma palavrinha sobre o SAVOY que fica neste trecho: - O Restaurante e Lanchonete Savoy vai completar 50 anos de atividades em 2025. É um dos mais antigos restaurantes da avenida talvez só perdendo em antiguidade ao restaurante do Yacht, clube fundado em 1935, inicialmente com a finalidade de produzir barcos. Há um restaurante por lá, o Veleiro, mas o site da instituição não informa quando foi fundado; e o restaurante do Hotel da Bahia, fundado em 1951, hoje, Wish Hotel e que passou por várias reformas e mudou de nome.
O Savoy que é um outro tipo de restaurante (comida a quilo) se contextualiza como o mais velho da Sete no coração da via, uma vez que outros existentes como "A Portuguesa" já fecharam e ele reina sozinho.
Foi fundado em 1975 pelo espanhol galego de Vigo, Joaquin Bouzas, o qual morreu recentemente com mais de 90 anos e dedicou sua vida ao Savoy, hoje, com três casas funcionando em Salvador e longe de qualquer crise - pelo menos o da Avenida Sete, no Relógio de São Pedro, ao lado do Beco do Cabeça - anda lotado de clientes desde quando abre as portas, 8hs (exceto domingos) até quando fecha, 18h (no sábado encerra às 16hs).
E yo sou um desses clientes, pois, sendo o Andarilho da Cidade da Bahia, sempre passo por lá e quando não saboreio um petisco, uma torta ou um calzone sertanejo com calabresa defumada e carne seca, almoço.
Há uma variação de preços: no café da manhã (R$59,88) o quilo; almoço (R$69,88) o quilo; se a pessoa almoçar depois das 15h30min só paga R$22,00, mas não pode ultrapassar de 800 gramas. Caso ultrapasse – o que, convenhamos, é um exagero, desembolsa mais R$3,00 por cada mais 100 gramas.
A comida do Savoy atesto e assino embaixo é de boa qualidade e com uma variação de diversos sabores - massas, peixes, tortas, feijões – normal e tropeiro - carnes, saladas, farofa, arrozes - branco e temperado - e serve os pratos que os baianos adoram como feijoada, dobradinha, rabada, etc, dependendo de cada dia. A rabada, que aprecio, é quarta.
Então, a pessoas fica à vontade para escolher o que bem quer, uma vez que no “self servisse” é o próprio cliente que arma seu prato à gosto.