Cultura

SALVEMOS O IGHB DESSA PENDENGA POLITICA RASTEIRA, por TASSO FRANCO

Independente da verba da SECUL, o IGHB precisa de um grande investimento
Tasso Franco ,  Salvador | 11/09/2024 às 19:38
Depoimento de Rui Costa, em 2016, prometendo toda apoio ao IGHB
Foto: REP
     Está havendo uma pendenga entre o IGHB e a SECULT do Estado. Ao que se diz, desde que o presidente do IGHB, Joaci Góis, convidou o ex-chanceler do governo Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo, para participar de um evento sobre a Proclamação da República, em novembro de 2023, a SECULT, através do secretário Bruno Monteiro, teria dito que não foi consultado. 

     Joaci informou que o IGHB é apartidário e convida personalidades de todas as matizes politicas.  Posteriormente, Aldo Rebelo, ex-PCdoB, hoje, critico ao governo Lula, foi convidado para lançar seu livro sobre a Amazônia, no IGHB, e as relações SECUL/IGHB azederam de vez.

    Dia 09 último a Diretoria do IGHB acompanhada de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Bahia, do Instituto dos Advogados da Bahia e da Associação Baiana de Imprensa (ABI), levou à Presidência do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a minuta do Mandado de Segurança, que foi impetrado contra ato do Governo estadual, que excluiu o IGHB do Programa de Ações Continuadas do Fundo de Cultura.

  Segundo o IGHB foi cortado totalmente o repasse financeiro, assegurado por lei, em fomento das atividades culturais da veneranda e centenária entidade cultural, uma das mais antigas do estado em atividade ininterrupta. Enquanto tramita a referida ação judicial, o IGHB recorrerá ao auxílio da população, para garantir a preservação do seu rico acervo e da manutenção das atividades culturais e dos postos de trabalho dos seus funcionários!

   No coração do Centro de Salvador está uma das instituições culturais mais importantes do Estado: o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. Com 130 anos de funcionamento ininterrupto, gratuito e aberto à comunidade, de segunda a sexta-feira, a entidade vem enfrentando dificuldades para a manutenção de seu acervo.
 
   Sem o apoio financeiro do Governo da Bahia desde maio deste ano, o IGHB tem reduzido suas atividades em razão da falta de recursos, essenciais para a preservação e salvaguarda do patrimônio e memória do Estado, como a maior coleção de jornais, de mapas e pinturas da Bahia.
 
  Pela primeira vez, em décadas, a Secretaria de Cultura do Estado excluiu o IGHB do Programa de Apoio às Ações Continuadas de Instituições Culturais, vinculado ao Fundo de Cultura da Bahia (FCBA). Na decisão, que rebaixou o Instituto à condição de suplente, a Secult alegou desarmonia com a política estadual de cultura.
 
   Recentemente, a diretoria do Instituto encaminhou correspondências ao Governador (ainda sem retorno) solicitando a revisão da inédita decisão da Secult. Os recursos cortados pela Secretaria de Cultura representam 85% do custeio de suas ações.

    A Casa da Bahia evoca a Lei Estadual nº. 6575, de 30/3/1994, que obriga o Estado da Bahia a financiar suas atividades. O Governo do Estado ainda não se pronunciou.
   
   COMENTÁRIO DO BAHIAJÁ
  
   O IGHB está acima dessas questões provincianas típicas da ex-Província da Bahia. Quando a institução foi fundada por Tranquilino Torres, em 13 de maio de 1894, o objeto foi cultuar a história e geografia e exaltar o passado com apreço ao civismo. O IGHB é uma espécie de patrono das comemorações ao 2 de julho, data da independência da Bahia, e sua sede em estilo eclético italiano foi inaugurada em 2 de julho de 1923, onde se encontra até hoje.
  
   Independente da verba de manutenção da SECUL o IGHB precisa de um grande investimento para modernizar a instalação e conservação do seu acervo, mas, não tem recursos. 

   A área que em tempos idos foi a sede do Senado da Bahia e que pertence ao IGHB (o anexo) esté em ruinas. O imenso acervo dos jornais encadernados precisa ser digitalizado. Veja, pois, quando problemas existem.

  Então, não se pode amesquinhar essa situação com uma querela política típica da Província, da época de Ruy Barbosa, Luis Vianna (o pai), Sátiro Dias e outros. Até nessa época, problemas dessa natureza foram superados com o diálogo, o bom sendo, a civilidade. 

   Quando Arlindo Fragoso fundou a Academia de Letras da Bahia não colocou seu nome entre os acadêmicos (os amigos que fizeram essa reparação) e pôs o de Severino dos Santos Vieira, que era seu adversário e o perseguia.

  O chefe da Casa Civil da Presidência da República, Rui Costa, quando governador da Bahia, em 2016, esteve no IGHB e escreveu uma mensagem no livro (vide acima) que registra as autoridades ilustres e assinou embaixo: "Impressionado com este patrimônio, determinei maior apoio a esta instituição, assim como toda a digitalização do seu acervo e posterior disponibilização na internet para os que desejam, conhecer e difundir a nossa história" (Salvador, 20 de junho de 2016, Rui Costa dos Santos, governdor da Bahia".

  Então, o atual governador, Jerônimo Rodrigues, que é um politico emanado da educação, não pode entrar para a história como aquele que poderá fechar o IGHB. Se isso acontecer será um desastre para sua biografia.

  Há interlocutores politicos como o presidente da Assembleia, Adolfo Menezes, amigo do IGHB e do governador, que poderia intermediar um dialogo que represente a paz, mais civilidade na politica e a volta dos recursos. 
  É o que se espera. (TF)