Cultura

MORRE J. BORGES O MAIS FAMOSO XILOGRAVURISTA DO BRASIL AOS 88 ANOS

Com G1 informações
Tasso Franco , Salvador | 26/07/2024 às 13:39
J. Borges em seu estúdio em Bezerros com o jornalista Tasso Franco, 2007
Foto: REP
  J. Borges, xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano, morreu na manhã desta sexta-feira (26), aos 88 anos, em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, onde ele nasceu e viveu toda sua vida. A informação foi confirmada pelo filho do artista, Pablo, ao g1.

Segundo familiares, o pernambucano foi internado há duas semanas por problemas no pulmão e coração, mas recebeu alta e morreu em casa, por volta das 6h.

O artista é velado no Centro de Artesanato, que fica localizado no município de Bezerros. O enterro será às 15h deste sábado (27), no Cemitério Parques dos Eucaliptos, no bairro Santo Amaro, também na cidade.

Conhecido como mestre da arte popular brasileira, ele só frequentou a escola por um ano. Aprendeu a ler, escrever e fazer contas. Na juventude, foi carpinteiro e pedreiro, até descobrir a literatura de cordel. Há 60 anos, virou escritor.

A imagem da igrejinha foi a primeira xilogravura produzida por J. Borges - um dos grandes mestres dessa arte -, primeiro esculpida em madeira e depois impressa no papel.

"Eu, quando inicio um cordel para escrever ou uma gravura para fazer, eu penso logo se vai tocar no sentimento do povo”, contou o artista em entrevista ao Jornal Nacional.


Sua arte está reunida em uma exposição gratuita no Museu do Pontal, no Rio de Janeiro, até 25 de março de 2025. "É uma das pessoas que ajudou a moldar uma ideia visual sobre o Nordeste e sobre a xilogravura brasileira”, afirma Lucas Vandebeuque, curador da exposição.

Além disso, tem obras expostas no Museu do Louvre, na França, e já expôs em países como Estados Unidos, Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba.

Ao longo de sua trajetória, J. Borges ganhou vários prêmios, como a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na categoria Ação Educativa/Cultural e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco.

O encontro com o escritor Ariano Suassuna, no início da década de 1970, foi um marco na história de J. Borges. Encantado pela criatividade das gravuras, Ariano ajudou a levar a obra do amigo para o mundo. José Saramago era outro fã. O livro "O Lagarto", do escritor português, ganhou ilustrações do artista pernambucano.

COMENTÁRIO DO BAHIAJA

J.Borges produziu gravuras exclusivas para dois dos livros do jornalista Tasso Franco, o primeiro em 2007, "A Guerra Santa entre Deus e o Diabo na disputa politica de São Mariano e o crente Ramalho Ramos", e "O Lobisomem de Serrinha - Conselheiro da República", em 2017. Em 2007, o jornalista esteve pessoalmente no ateliê do Pernambucano, em Bezerros".