Cultura

A ALMA DA SENHORA AVENIDA SETE, CAP 11: O MUSEU GEOLÓGICO DA BAHIA

O Museu Geológico da Bahia abriga também uma sala de cinema no circuito de arte
Tasso Franco ,  Salvador | 17/07/2024 às 18:16
O Mastodonte em exposição permanente no Corredor da Vitória
Foto: BJÁ
      
  Somente no trecho conhecido popularmente como Corredor da Vitória, área mais valorizada da Avenida Sete e da capital baiana, metro quadrado mais caro com edifícios que permitem uma belíssima vista para a Baía de Todos os Santos e muitos deles possuem ‘peares’ e atracadouros para lanchas e iates de pequeno e médio portes, existem três museus - o Geológico da Bahia, o Arte da Bahia (MAB) e o Carlos Costa Pinto cada um deles com suas especialidades. Há, ainda, um centro de cultura, o Instituto Goethe (Brasil-Alemanha) que também promove exposições de arte e possui biblioteca e cine-teatro.

   O Corredor da Vitória, portanto, além de ser uma área residencial de ricos desde os primórdios e na época colonial abrigou vários sobrados de ingleses e famílias portuguesas e seus descendentes endinheirados e foi sede do Clube Fantoches da Euterpe, do Colégio Sofia Costa Pinto e ainda abriga a residência universitária da UFBA e restaurante, respira em suas entranhas cultura. Depois falaremos do Corredor, especificamente, e vamos nos deter nesta crônica no Museu Geológico da Bahia, integrante da estrutura da Secretaria de Desenvolvimento do Estado.

   Já visitei este museu algumas vezes e sou frequentador da Sala de Cinema espaço que integra o casarão que abriga a museu e tem área onde são realizados shows musicais, bar e lanchonete, e espaços contemplativo arborizado com mesas e cadeiras para deleite das plateias que vão aos shows. É um lugar agradável, bem frequentado e a última vez que por lá estive assisti ao show de rock de Jany e sua banda, uma belíssima performance e vi o filme “The Runaway” – sobre a primeira banda de rock integrada por mulheres, EUA, 1975.

    O Museu Geológico da Bahia contém vários espaços e logo na entrada os visitantes são convidados a assistir um vídeo de apresentação da casa. Em recente visita guiada pelo estagiário em museologia Thierry Ferreira de Araújo vi a mostra do Universo e dos Meteoritos, programação que fez parte do Asteroid Day Salvador 2024, organizada pela Associação de Astrônomos Amadores da Bahia (AAAB).

     A diretora técnica da casa Elizandra Pinheiro e o estagiário em museologia Thierry Ferreira mostraram tudo ao escritor. O museu tem 49 anos de existência e possui um dos maiores acervos geocientíficos do Brasil e o maior da Bahia com várias salas contendo pedras preciosas, gemas, materiais produzidos em artesanato, informações sobre exploração de petróleo e alguns equipamentos e uma sala onde se vê como se processa a mineração na Bahia em séculos passados.

   Também em recente entrevista o secretário da pasta, Angelo Almeida, destaca que o MGB é um equipamento completo para os estudantes: "Além de oferecer conhecimento e desenvolver projetos na área científica, educacional e sociocultural, é um ótimo espaço para vivências científicas. Aproveito o Dia do Asteroide para convidar a todos e todas para conhecer as riquezas do acervo do MGB e todo conhecimento que ele proporciona”.

    De fato, uma visita ao museu permite conhecer ao leigo, ainda que superficialmente, as rochas e pedras preciosas existentes no estado da Bahia território que é do tamanho da França. Portanto, não é pouca coisa que se vê sobre o patrimônio mineral do Estado, desde pedras donde se extrai o ouro a outras que abrigam esmeraldas, diamantes, rubis, etc. 

   A Bahia, historicamente, tem uma região mineral fantástica – Chapada Diamantina – objeto de desejo de aventureiros na prospecção de diamantes, terra do lendário Horácio de Matos, de lutas políticas, riqueza, fausto, e que gerou fantásticos romances e ensaios da literatura nacional.

    O museu possui um dos maiores acervos de rochas, de minerais, de pedras preciosas e de fósseis da Bahia, com mais de 20 mil peças, proporcionando aos seus visitantes uma viagem no tempo geológico através das suas exposições temáticas: Meteoritos, Universo/Sistema Solar, Minerais, Rochas, Recursos Minerais, Minerais e Rochas Industriais, Artesanato Mineral, Garimpo, Minerais Radioativos, Energia dos Cristais, Gemas, Petróleo, Otto Billian, Rochas Ornamentais e Fósseis.

   A casa passo que se dá no piso térreo e depois no primeiro andar do casarão da Vitória há mostras de todos esses materiais e admitimos nós que somos leigos na matéria, uma curiosidade enorme no olhar cada peças – as brutas e as lapidadas. Para estudantes de geografia e sobretudo de geologia bem como para técnicos estudiosos desse tema o Geológico é uma mina preciosa e que tem sido objeto de encontros, estudos, análises, teses e assim por diante.

   Inaugurado em 4 de março de 1975, atualmente vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico – SDE do Estado da Bahia, o Museu é um centro de pesquisa, divulgação e preservação do patrimônio geológico da Bahia, que desenvolve projetos de cunho científico, educativo e cultural.

   Na parte 2 de Museu, espaço reservado aos Fósseis da Bahia numa outra ala no subsolo com pé-direito mais ato estão algumas peças que as crianças mais adoram, um Mastodonte empalhado enorme, o esqueleto de outro mastodonte, explicações sobre os tempos geológicos na fase da terra, imagens figurativas de tatus e preguiças gigantas, tigres de sabre, fragmentos da mandíbula de uma preguiça, répteis e outros.

JANY E THE RUNAWAYS – Presenciei no Dia Internacional da Mulher (2024) o show de Jany roqueira e sua banda interpretando sucessos nacionais e internacionais. Fez, também, um tributo a Rita Lee. Foi um espetáculo de 1 hora, das 21hs às 22hs.

   Antes do show de Jany, a sala de cinema exibiu o filme Lançado em 2010, o biográfico-musical que conta a história da banda The Runaways, a primeira banda de rock formada apenas por mulheres na década de 1970. O filme foi baseado na autobiografia escrita pela vocalista Cherie Currie, que esteve ao lado da guitarrista Joan Jett para acompanhar toda a filmagem.

A Sala de Arte do Museu tem uma programação permanente da exibição de filmes (auditório com 125 lugares, confortável) de arte e shows – espaço de área fora do cinema arborizado e intimista.

  Ainda sobre “The Runaways” quem assistiu ao filme e é idoso como eu e que acompanhei de perto esse movimento mundial do rock n'roll surgido nos EUA no final dos anos 1940 e início de 1950, com raízes no country e blues, porém, com pegada mais forte, e o Brasil não escapou dessa onda masculinizada da música com os pioneiros da Jovem Guarda, na Bahia com "Raulzito e Seus Panteras" e outros, o filme traz grandes recordações.

    Embora seja ambientado nos Estados Unidos na efervescente Los Angeles muito do que se vê em moda e costumes também foi utilizado no Brasil, os cabelos longos dos roqueiros, os sapatos plataformas e as calças justas nas mulheres, os cintos com fivelões e os carrões da época, as guitarras sensuais e os aparelhos e as mesas de som enormes que eram utilizados nos estúdios e nos palcos, todo esse caldo de cultura é um bálsamo para os olhos.

    Isso tudo acontece no Museu Geológico da Bahia, à primeira vista diante do nome – museu de pedras e rochas – a cultura se expõe em várias frentes e com relações sociais agradáveis, em circuito não comercial. Creio que falta a Casa uma loja e biblioteca para venda de souvenires, livros e outros objetos. Os visitantes gostam de levar lembranças dos lugares que visitam e aqueles mais endinheirados compram até joias.