Cultura

A ALMA DA SENHORA AVENIDA SETE: EDVALDO, O ÚLTIMO ENGRAXATE FIXO DA AV

Jornalista Tasso Franco publica vídeo no seu canal do YouTube sobre Edvaldo Engraxante
Tasso Franco ,  Salvador | 18/06/2024 às 10:57
Edvaldo Engraxante, cantinho na Piedade com Av Sete
Foto: Livreiro da Piedade
      O jornalista Tasso Franco publicou em seu canal do YouTube nesta terça-feira, 18, mais um video sobre sua jornada flâneur na Avenida Sete, seu novo livro de crônica sobre a cidade do Salvador intitulado "A Alma da Senhora Avenida Sete" e que vem sendo publicado por capitulos no www.wattpad.com mostrando o último engraxate com cadeira fixa na Sete, Edvaldo Engraxante, 62 anos, morador da Brasilgás, e que tem seu cantinho localizado num oitizeiro na praça da Piedade com Av Sete, há mais de 30 anos.

   - É minha vida, meu ganha pão, com muito esforço, muito trabalho, chova ou faça sol lustrando e até consertando sapatos dando o melhor de mim", confessa Edvaldo.

    Explica que os tempos têm se modificando e na atualidade as pessoas usam mais tênis e sapatos produzidos com sintéticos e isso diminuiu os serviços que presta, porém, "ainda existe muita gente que usa sapatos sociais, sapatos de couro e a prova é que  vivo disso e cobro R$10,00 por um lustre".
 
    Pergunto se não é barato o preço do seu serviço e responde que é, os produtos que usa - pastas, escovas, flanelas, etc - estão sempre subindo, mas é o que as pessoas que andam pela avenida podem pagar e uns até acham caro e vou levando como posso.

   Revelam que já existiram vários engraxates ficos no centro da cidade, na Piedade, no Relógio, no Terreiro de Jesus, e também fotógrafos com máquinas do tipo lambe-lambe, e isso tudo acabou com o tempo, "o último fotógrafo aqui da Piedade foi Tonho, que sumiu e pronto, as pessoas vão mudando de profissão".

   Edvaldo é casado tem dois filhos e um netinho e destaca que ambos filhos já estão casados e que "fiz a minnha parte dando a educação que podia dar e eles moram perto de nossa casa, um deles, a mulher, católica como ele e o homem evangélico e trabalhador num supermercado do bairro onde mora".

   Edvaldo diz que todos na praça da Piedade se conhecem, dona Vicentina que vende buchas, uma guerreira; Lázaro livreiro; o frei do Convento da Piedade; o padre Aderbal; a senhora que mede pressão "uns protegem os outros e todo mundo se dá, a gente passa o dia todo aqui, almoça nos bancos da praça e só vai embora no final dos dias, isso de sábado a sábado, menos no domingo".

   Segundo Edvaldo quem regula os horários são os sinos da Paróquia de São Pedro que tocam músicas ao meio dia - "e ai é a hora de almoçar porque a turma acorda cedo" - e  às 6 de tarde, na hora da Ave Maria, "que é a hora da gente começar a arrumar as coisas e ir para casa".

  No outro dia, volta todo mundo e a vida segue.