Cultura

BOM DIA VERÔNICA, A SUAVIDADE DO CRIME NA 2º TEMPORADA, p SEAP OCNARF

Série aborda a violência contra as mulheres estupradas no Brasil
Seap Ocnarf , Salvador | 27/02/2024 às 10:29
Klara Castanho (Angela), Matias (Reynaldo Gianecchini) e Gisele (Camila Mórdila)
Foto: Netflix
      Vamos por etapas. Já comentamos a primeira temporada de "Bom Dia, Verônica", série brasileira da Netiflix dirigida por José Henrique Fonseca com base no livro de Llana Casoy e Raphael Montes e que faz grande sucesso de público. No âmago, a trama aborda com vivaz perspectiva a violência contra as mulheres no Brasil. 

     Agora vamos falar da segunda temporada, que segue com a mesma pegada da primeira com violência, execuções, corrupção explicita nos sistemas policial e judicial, porém, com novo ingrediente aparentemente mais brando, até celestial, com a entrada em cena de um pastor missionário (bem assemelhados que temos no Brasil), Matias Carneiro, interpretado por Reynaldo Gianecchini.

     Na trama inicial em 9 capitulos a personagem principal, escreviã de Policia Verônica Torres (Tainá Muller) após investigar o suicídio de uma jovem no interior da Delegacia de Homicidios de SP acaba descobrindo a existência de outra mulher chamada Janete (Camila Morgado) esposa de um ten-coronel da PM, Brandão (Eduardo Moscovis), a qual vivia submissa as aberrações sexuais do esposo.

    Brandão pratica a morte das suas vitimas com sadismo, a mulher sendo forçada a participar da captura das vitimas na Estação Rodoviária, jovens provindas do Maranhão, e observadora dos crimes presa e olhando as cenas através do buraco de uma caixa posta em sua cabeça.

    Na inicial, Verônica descobre uma complexa rede de crimes que envolvia membros da própria polícia, seus superiores, os quais, também, atuavam como protetores de Brandão em troca de subronos em dinheiro.

   E, na medida em que Brandão e Janete saem de cena do audivisual, a mulher assassinada pelo coronel que a tortura e a envolve em chamas; e ele morto por Verônia a tiros e também queimado, o sistema corrupto segue em atuação, a essa altura Verônica sendo considerada uma fora da lei, justiceira acusada de ser a assassina do coronel e sendo procurada pela Policia.

   Daí, claro, vem a sequência da série: como chegar aos tubarões, aos engravatados da lei. Assim, na segunda temporada, Verônica surge ainda mais ávida por justiça na medida em que foi forçada a se afastar da família (marido e dois filhos) e vai tentar provar que as acusações contra ela a partir do sistema corrupto são mentiroas.

   E que o crime organizado não pode vencê-la, contando, ainda com a ajuda do médico legista e do ténico de iformática, ambos da Policia, e a presença de uma nova delegada amiga.

  Verônica tem surtos psicóticos na medida em que se vê desamparada, praticamente sozinha, lutando contra uma organização poderosa. E, sua maior dor é ter que se afastar da familia, marido e dois filhos, os menores ameaçados e na mira da máfia brasis.
 
  O vilão da segunda temporada é o líder religioso Matias Carneiro (Reynaldo Gianecchini) e a missão de Verônica é sequencial na medida em que ela descobre que Matias, assim como Cosme e Damião, era irmão do coronel Brandão (carne e unha), o que sugere uma organização criminosa de maior dimensão. 

   O missionário se utiliza de pregações com palavras e frases belas e hamoniosas, seu visual é imaculado em ternos de linho branco e camisas bem talhadas, o qual utiliza da fé das pessoas em “curas” de enfermidades para abusar sexualmente de mulheres. 

  A violência, portanto, é menos explitica do que na primeira temporada (violência fisica, a mental é a mesma na agressão às mulherez) com um Gianecchini primoroso, convicente, como ator pregador, quase um santo.

 Também entram em cena a filha de Matias, Angela (Klara Castanho) e sua esposa Gisele (Camila Márdila), ambas com interpretações suaves, assim como também é suave a atuação de Matias (Reynaldo Giannecchini), bem diferente do comportamento do coronel Brandão, violento, agressor que espetava suas vitimas em ganchos de um ficticio açougue.

  Ambos, Brandão e Matias (Cosme e Damião, carne unha) criminosos estupradores cada qual no seu estilo, porém, os dois utilizando as esposas como coadjuvantes dos crimes, no caso de Matias, Gisele acreditando na na cura milagrosa do marido, porém, torturada com um cinto.

   Até que sua filha Angela (Klara Castanho) descobre essa tortura do pai contra a mãe e também se apaixona por uma jovem negra, a ser uma das vitimas programadas de Matias, e começa a desconfiar do poder da cura do pai, o qual ela tinha como a figura de maior bondade da sua vida – enquanto enxergava a mãe como vilã. E é essa filha de Matias que vai destrui-lo.

     A segunda temporada termina com Matias preso, porém, com regalias dentro da carceragem, sua mulher e filha separados dele e prontas para dar depoimentos que deverão presumivelmente mantê-lo para sempre na cadeia.

   E revela, também, uma escrivã insaciável (Tainá Muller) por encontrar novos ingredientes da organização criminosa na medida em que descobre que, além de Cosme e Damião, há um terceiro personagem, Doum, na composição da máfia, o que compões a triade "carne, unha e sangue", do crime. 

   Está faltando, pois, o sangue, o terceiro personagem. E ele vai surgir na terceira e última temporada, com apenas 3 capítulos. (OS)