Cultura

CAIXA CULTURAL SALVADOR APRESENTA EXPOSIÇÃO CAROLINA MARIA DE JESUS

Mostra chega à capital baiana em 1º de março
Tasso Franco ,  Salvador | 26/02/2024 às 11:13
Carolina Maria de Jesus
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A CAIXA Cultural Salvador apresenta, a partir do dia 1º de março de 2024, a exposição Carolinas, em homenagem à Carolina Maria de Jesus, uma das mais relevantes artistas e escritoras do Brasil. A exposição destaca a sua importância para a literatura e as artes brasileiras e sua inspiração para novas gerações de artistas, de diversas linguagens, na Bahia. A mostra ficará em cartaz até o dia 28 de março.

Sob a curadoria da cineasta, editora de livros e gestora cultural Cintia Maria (diretora do Museu Nacional da Cultura afro-brasileira) foram convidadas 15 artistas negras baianas, de diversas expressões artísticas, para retratar a grandiosidade da influência de Carolina de Jesus na potente produção cultural do estado. As “Carolinas contemporâneas” são a Deusa, Aline Brune, Andressa Monique, Ani Ganzala, Annia Rízia, Ìyá Boaventura, Junaica Nunes, Kin Bissents, Luisa Magaly, Milena Ferreira, NegaFya, Sta Ananda, Tina Melo, Yasmin Nogueira e Yedamaria.

A mostra conta com obras de múltiplas técnicas e elementos, como instalações, pinturas, fotografias, esculturas, cerâmicas, bordados, slam e vídeo-performance. A exposição é inspirada nas obras "Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada" e "Casa de Alvenaria: Osasco e Santana". Segundo Cíntia, “estes livros são testemunhos sociológicos e uma poderosa reflexão sobre as injustiças sociais e raciais enfrentadas por Carolina e por tantos outros brasileiros marginalizados”.

Os visitantes vão se deparar com diversos temas presentes no trabalho de Carolina de Jesus, como racismo, desigualdade social, empoderamento feminino, vida comunitária e a busca por dignidade e justiça social. Os trabalhos convidam o público a refletir sobre essas questões e se inspirar na força e na coragem dessa mulher. “Queremos mostrar Carolina de Jesus, que foi uma das maiores artistas e escritoras do Brasil, com sua potente obra, sua força, seus múltiplos talentos, mas também viva, como semente que brota e inspira tantas mulheres desta nova geração”, diz Elaine Hazin, realizadora da exposição.

A expografia e cenografia, assinadas por Ana Kalil e Andressa Monique, propõem uma integração entre a vida e a obra de Carolina de Jesus e as Carolinas contemporâneas. A exposição traz fotos, manuscritos, provérbios e representações dos objetos do cotidiano de Carolina entrelaçados com as obras das novas artistas baianas.

"Nos traços do pincel, no retalho de materiais, nas palavras declamadas ou nas esculturas, Carolina Maria de Jesus aparece como uma referência pulsante por sua força, coragem e resiliência para essas incríveis artistas", disse Ana Kalil.

A mostra conta ainda com ações interativas, onde o público poderá levar para casa um pedacinho dos pensamentos de Carolina e deixar um pedacinho da sua história ou impressão sobre a exposição. Uma projeção mapeada encerra a visitação, fazendo uma referência à última casa onde Carolina de Jesus viveu. Será disponibilizado para o público audiodescrição dos ambientes e obras da exposição.

A identidade visual da exposição é assinada por Aju Paraguassu.

Sobre a escritora

Nascida em 14 de março de 1914, em Minas Gerais, Carolina Maria de Jesus foi uma mulher extraordinária cuja vida e obra reverberam até os dias de hoje. Apesar de ter tido apenas dois anos de estudo formal, encontrou na escrita uma ferramenta para dar voz às suas experiências como mulher negra e cartografar a realidade social do Brasil.

As obras de Carolina de Jesus já foram lançadas em 46 países e traduzidas para 16 idiomas. Ela deixou mais de 5 mil páginas escritas, entre romances, poemas e canções. O livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, lançado em 1960, é a obra mais famosa da escritora. Entre 1977 e 2018, após a sua morte, foram publicadas mais cinco obras: Diário de Bitita (1982), Meu Estranho Diário (1996), Antologia   Pessoal   (1996), Onde estaes Felicidade? (1977) e Meu sonho é escrever (2018).