Cultura

PAROANO SAI MILHÓ ENCERROU O FUZUÊ E COMPLETA 60 CARNAVAIS NA AVENIDA

Uma tradição que nasceu na familia Mascarenhas, habitante da Saúde, com amigos e vizinhos no ano de 1964
Tasso Franco , Salvador | 04/02/2024 às 11:20
O Paroano Sai Milhó 60 carnavais
Foto: BJÁ
  O Paroano Sai MIlhó fechou o desfile do Fuzuê, no último sábado, abrindo também seu Carnaval de número 60, uma vez que o bloco nasceu no bairro da Saúde, em 1964. 

  O grupo carnavalesco dos mais antigos de Salvador - no gênero, o mais antigo - segue seu caminho inabalável, agora, com a turma toda ostentando cabelos brancos, renovando também os músicos, e olhando para em frente.
  
   A estreia aconteceu quando Antonio Carlos Mascarenhas, o saudoso Janjão, um dos fundadores, reuniu amigos que tocavam instrumentos acústicos e saíram os nove pela Saúde e pela avenida. 

   A irmã de Janjão, Mali Mascarenhas Fernandes, foi quem costurou as fantasias da estreia: todos saíram vestidos com uma calça preta e um lenço tipo mexicano, que aparentava um triângulo na frente e nas costas com uma franja na ponta, nas cores mostarda, marrom e bege. 

   Chico Mascarenhas, lider do grupo e irmão de Janjão, revelou a A Tarde que seus pais -Aloísio e Conceição Mascarenhas - não eram carnavalescos, mas meu pai também era músico, tocava e a gente nasceu e cresceu ouvindo música. Ele incentivava muito, mas não participava indo para a rua. A casa deles ficou como se fosse a primeira sede, porque tudo ficava lá, roupa, instrumentos, chapéus”, lembra Mali, que nunca deixou de acompanhar o grupo.

   Em 1983, a roupa de palhaços passou a fazer parte da identidade do grupo: “Tem muito a ver com a figura do palhaço como uma representação de alegria exteriorizada. Quando a gente vai a um circo ver um palhaço, não vê o que está por trás desse personagem, que pode estar passando por problemas, mas está ali com a missão de transmitir alegria”.

   E também porque sempre ficavam indecisos se perguntando qual seria a fantasia da próxima vez. “No primeiro ano, quando foi apresentado o primeiro modelo de fantasia na casa dos meus pais, o nome veio daí. Alguém disse na época: ‘Ah, tá muito mixuruca’. Aí outro disse: ‘Para o ano sai melhor’. Aí alguém sacou e disse: ‘Olha aí o nosso nome!’. O palhaço resume essa coisa da alegria, da euforia, do prazer e da distração”, diz Chico, que promete um modelo de fantasia e de camisa especial para os 60 anos, mas isso ainda é um segredo.

   O Carnaval de Salvador mudou muito ao longo dos anos, porém, o Paroano Sai Milhó segue no mesmo modelo de 1964 e mantém uma tradição que é aplaudida por todos.

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