Cultura

CINEMA: YELLOWSTONE O FAROESTE DE MONTANA É APAIXONANTE, p SEAP OCNARF

A conquista de Montana (estado norte-americano) por famílias e empresas poderosas em terras de nativos indigenas
Seap Ocnarf ,  Salvador | 03/02/2024 às 11:02
Kevin Costner (John Dutton) é o ator principal com seus filhos insubmissos
Foto: REP
     As três primeiras temporadas de Yellowstone, a série faroeste estrelada por Kevin Costner, entrou no catálogo brasileiro Netflix neste meados de janeiro e já conseguimos assistir as duas primeiras num total de 18 capitulos, cada qual com média de 45 minutos. É dramática, chocante, com interpretações primorosas dos atores e atrizes, e já faz grande sucesso no Brasil como de resto aconteceu nos Estados Unidos desde sua estreia, em 2018.

   Criada por Taylor Sheridan e John Linson a trama narra a história dos Dutton que comanda uma familia de pecuaristas no estado de Montana, Oeste dos Estados Unidos, e embora o desenrolar não seja baseado em algum livro, portanto, se trata de uma ficção, mas, representa, ao mesmo tempo, uma narrativa aproximada das conquistas das terras do Oeste norte-americanno pelas familias brancas ocupando áreas que, originariamente, eram dos chamados "peles vermelhas", ou tribos de indigenas que habitavam Montana e ainda habitam, em parte.

   É uma ficção com contorno de realidade de um estado (e região das Montanhas Rochosas e planicies) ocupada com a criação de gado (raça Agnus) e cavalos, exploração de minérios e petróleo, jogos (cassinos) e turismo, ferrovias, todo um caldo de cultura que aconteceu no Oeste norte-americano onde a lei, em boa parte, era a da bala e do controle do poder político e administrativo das comunidades. 

  Os modernos em linguagem chamam isso de gentrificação - áreas consideradas degradas e que são renovadas com grandes investimentos. 

   E, no meio de tudo isso, as reservas indigenas e as novas leis protetora dos Estados Unidos, a nascente força do FBI e as intensas brigas e disputas entre as familias brancas nos tribunais e nos campos na base da bala e de assassinatos impunes.

   No geral, Yellowstone é isso, um faroeste que se inicia no século XIX com os pioneiros Dutton em Montana, mas cuja ambientação maior se dá no final do século XX quando a sociedade norte-americana já havia se transformado de rural (em Montana) para semi-urbana e os vaqueiros e proprietários das terras já utilizam os meios de comunicações atuais - celulares, fax, etc - helicópteros, caminhonetes poderosas, armas (pistolas sofisticadas), inseminação artificial no gado e conforto nos ranchos. 

  A série, portanto, diferencia-se do que estamos acostumados a assistir sobre o Oeste norte-americano aqueles filmes em que brancos enfrentam os "peles vermelhas" em troca de tiros, carroças e saloons, e se desloca para ambientes envidraçados, hospitais e clínicas de fisioterapias modernas, escritórios chiques, porém, o fulcro da questão continua o mesmo: a força, a bala, o dinheiro, o poder esmagando as comunidades indigenas.

  Com o diferencial de que, desta feita, elas também estão mais organizadas e se apresentam com defensores sobretudo em Montana onde haviam 12 tribos nativas indigenas, o que ainda representam 63% da população. 

   Papel desempenhado por Gil Birmingham o presidente tribal Thomas Rainwater, com excelente desempenho como chefe das Tribos Confederadas de Broken Rock - baseada na reserva indigena Crow, de Montana. 

   Por ai vocês tiram o trabalho intenso de Sheridan e Linson em escrever a série, uma vez que a ficção ao imitar a realidade, é preciso de dados, de conhecimentos da história, etc, senão os telespectadores podem detectar absurdos e não assistirem a série. 

   Creio que Costner dispensa comentários. Já conquistou duas estatuetas de Oscar e outros prêmios como ator. Maduro, experiente, domina a cena da série como principal personagem (o patriarca John dos Dutton no final do século XX) de maneira soberba, quase um professor, um mestre, as cenas com o neto são emocinantes e sua atuação no comando do rancho se estriba no sentimento de manter as tradições, o amor a terra e ao gado, a rancharia e os peões.

   Algo patriarcal muito forte diante de uma família com a ausência da esposa (morta) personagem sempre lembrada como um exemplo e filhos com personalidades distintas, desde um ex-combattente do Afeganistão - Kayce (Luke Grimes) - a um advogado rosinha - Jamie (Wes Bentley) formado em Harvard, e uma filha intempestiva e louca - Beth (Kelly Reilly) - porém, centrada nos negócios e no poder, é a base da série, o esteio, o pilar principal da história.

   Os atores - no geral - têm atuações bem encaixadas, em especial (e ficarei em apenas dois deles para encurtar meu comentário), a atriz inglesa Kelly Reilly no papel de Beth, a filha insubmissa do patriarca; e Cole Hauser no papel do capataz chefe dos peões, o violento Rip, ambos com atuações primorosas, em especial, Railly, que alterna sua perfomance com maestria quer no papel de CEO do grupo Button; quer como alcóolatra e ninfofamiaca. Dá um show. 

  E, Rip, o peão escudeiro de John Button, o patriarca, mostra toda a sua fidelidade ao patrão, capaz de resolver paradas complexas com assassinatos e sem remorso, e ainda mantém um dciscreto e caso de amor com a Beth.

   Não é a toa que a série foi (e ainda é) um grande sucesso nos Estados Unidos (a última temporada vai ao ar em novembro de 2024 com a saida de Costner do elenco) pois se trata da história - em síntese - de um dos estados mais queridos dos EUA quando o assunto é área nativa, onde ainda habitam cavalos selvagens e ursos nas florestas e montanhas, lobos e coiotes, e que sempre causa admiração e curiosidade, também para os estrangeiros. 

  Hoje, Montana, é objeto de desejo de milhões de turistas numa região vizinha ao Canadá onde se situa no lado canadense a comunidade de Alberta.

   Yellownsotne é uma série apaixonante com um grande diferencial para quem está acostumado (pelo menos no Brasil) a assistir filmes sobre o faroeste à moda antiga. Esta série nos coloca na atualidade e assim é nos dias atuais, a disputa de terras por aqueles que têm dinheiro e poder, e não mais apenas como no velho Oeste. Hoje, as grandes empresas estão no jogo. (SO)